Ainda que o concurso não tenha sido transmitido na Rússia, várias personalidades do país criticaram o Festival Eurovisão 2022, acusando-o de ser um "concurso político" e uma "passadeira gay".
Pela primeira vez em quase trinta anos, o Festival Eurovisão não foi transmitido na Rússia, depois do país ter sido expulso da competição e da EBU/UER dias depois da invasão militar ao território ucraniano. Contudo, ainda que não tenha sido transmitido no país e da maioria dos críticos garantirem "não seguir o certame", o Festival Eurovisão 2022 e, especialmente, a vitória dos Kalush Orchestra foram bastante criticados por algumas personalidades russas.
Maria Zajávora, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, denunciou a politização do certame no Telegram: "Sem a vitória da Ucrânia, o quadro do que aconteceu com aquele país não estaria completo. Trajes tradicionais, dois Baba Yagá nas cordas, break dance e canções sobre Azovstal. A Europa aplaude de pé, mas a cortina cai" frisou. Por outro lado, Leonid Slutsji, presidente do Comité de Assuntos Internacionais do Duma e líder do PLDR, terceiro partido no parlamento, acusou o evento de ser usado pelos países ocidentais: "Finalmente vemos que a Eurovisão não é uma ferramenta para promover valores culturais, mas sim os padrões ocidentais e as suas abordagens unilaterais" lamentou, criticando as votações da Polónia, Letónia, Roménia e Lituânia, países da NATO, cuja pontuação máxima foi entregue à Ucrânia, bem como a da Moldávia.
Ainda que Yana Rudkovskaya, produtora de Dima Bilan, tenha elogiado o grupo vencedor, "A Ucrânia ganhou a Eurovisão pela terceira vezes graças ao público, mas os rapazes eram óptimo... Contudo, a minha favorita era Espanha", a mesma visão não foi compartilhada por outras personalidades, que não pouparam nas críticas ao evento. "Nunca duvidei que a Ucrânia venceria... para mim a Eurovisão acabou" escreveu Yosif Prigozhin, produtor russo, frisando que "não sou homofóbico e sou mega-tolerante, mas não quero ver uma parada gay na Eurovisão. Não sou contra estas pessoas, mas sou contra de ser impedido de pensar à nossa maneira".
Dmitri Koldun, que representou a Bielorrússia em 2007, defendeu que a Rússia e a Bielorrússia deveriam criar um evento similar apenas para países da extinta URSS: "Podemos viver bem sem a Eurovisão e as suas cópias". Por sua vez, Tina Kandelaki, diretora do canal TNT, ironizou que "agora podem dar todos os prémios à Ucrânia: o Oscar ao Zelensky e a vitória nos Jogos Olímpicos aos ucranianos".
No que diz respeito à imprensa russa, o Festival Eurovisão 2022 contou com uma fraca e reduzida cobertura, com a maioria dos jornais a destacarem a componente política do certame. "No próximo ano será em Azovstal" escreveu o jornal Ura, enquanto o Izvestia meteu como título "Sem sensações, em vez de ser desclassificada, a Ucrânia foi premiada com o prémio". Outros jornais enaltecem "felizmente a Rússia não voltará a participar" e criticam que "o evento se tenha tornado muito gay nos últimos anos".
Estes russos tem é dor de cotovelo. Antes da guerra da Ucrânia, a Rússia já demonstrava na Eurovisão que era egoísta e ficava descontente com um 7º, 8º, ou 9º lugar na grande final do certame. Em vez de estar satisfeita de ter conseguido passar á final do certame e não ficar nos 10 últimos lugares da classificação, refilava e achava que devia ganhar quase sempre. Muitas das canções russas ficaram bem classificadas sem o merecerem, exemplo disso temos: Rússia 2000, 2003, 2007,2008, 2010, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2021. Agora após a invasão russa na Ucrânia, estou curioso em saber se aqueles fãs da Eurovisão que votavam na Rússia ano após ano, se ainda pretendem fazer o mesmo, a votar num país que quer que o mundo se ajo é-lhe perante seus pés. Mesmo que a Rússia volte a participar na Eurovisão em anos futuros, duvido que tenha tanta votação como teve antes desta guerra. Nada voltará como era antes.
ResponderEliminar"não sou homofóbico, mas..." é daquelas frases que já dizem muita coisa
ResponderEliminarRIP Eurovision, será dificil despolitizar o concurso depois deste atropelo
ResponderEliminarTens noção que a Eurovisão sempre foi um evento com "sensibilidades políticas" desde que começou em 1956? O motivo de existir? Juntar os paises do pós-guerra em paz e harmonia pela música. Queres algo mais político que isto? Grécia 1976? Israel 1978? Portugal anos 70? Espanha 1968? 1990? Etc... O século XXI con as redes sociais falam por si...
EliminarNão sou consumidor de hip hop/ rap, mas gostei muito da canção Ucraniana, muito bem conseguida e impactante.
ResponderEliminarEu também achei que já era altura de rap ganhar a eurovisão.
Eliminarcomentários assustadores.
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