Na sequência da iniciativa Ciclo de Música ao Vivo, a associação Gatilho Porta 43, em Amarante, acolheu na sua cidade, pela primeira vez, mema., artista que trouxe “Claro como Água” ao Festival da Canção 2021.
Na presença de um staging montado no intimismo da área exterior da associação, à luz dos focos e dos leds que viriam a circular a intérprete, o público foi-se acumulando na expectativa de experienciar a sonoridade das canções de mema. De copo na mão, alguns locais e também alguns turistas, esperavam, ansiosa e despretensiosamente o início do concerto. Passavam trinta minutos das 21h30 previstas quando o concerto viria a iniciar-se.
Mema caminha por entre o seu público até chegar ao palco onde iniciaria o alinhamento com “Fôle(go)”, canção onde os foles nos fazem respirar a modernização das raízes mirandesas. Não faltaria o ar à intérprete no final da canção quando finalmente se apresenta ao público e agradece à associação pelo convite daquele que foi o seu primeiro concerto em Amarante.
“Cidade de Sal” é o nome do EP que mema tem vindo a apresentar nos seus últimos concertos. Em Amarante para além das canções presentes em “Cidade de Sal” também as canções disponibilizadas no “Unreleased” mereceram destaque. Em “Sem Nome” o público foi contaminado pela energia da marcada batida eletrónica e por uma intérprete que aproveitava cada recurso do palco para o hipnotizar. Tempo ainda para escutar “Terra Molhada”, canção muito pessoal, interpretada com genuína magia e comoção.
Surgem alguns problemas técnicos, o público pede improviso, mema. não hesita. “Não me canso de fazer improvisos” – graceja.
Acompanhada pela sua guitarra e pela expectativa do público, iniciam os acordes para uma canção que intitula como sendo especial para si e ainda como, nas suas palavras, “fofinha”. Uma canção inédita sobre amor puro e intenso à primeira vista e onde se atiram para as costas as implicações do olhar alheio. Palavras cruas marcam esta letra. Ficava garantida, no final desta canção, a alma da intérprete, escutada com ouvidos atentos e silêncio absoluto. Um dos momentos mais especiais da noite.
Condições repostas regressamos ao “Cidade de Sal”, desta vez com bilhete de viagem no tempo, onde fomos convidados a seguir até ao início. “O Devedor”, primeira canção que surgiu a público viria a ser cantada. “Os devedores são os políticos” – gracejava um membro do público, para uma mema a cada minuto mais fluída e divertida. Tempo ainda para escutarmos “Outro Lado” e “Apaga Logo”.
A experiência imersiva avançava e, com ela, o tempo. Em “Sal”, mema. deixa a guitarra elétrica por alguns momentos para nos mostrar que domina a flauta de bisel – a curiosidade volta a dominar o público e as atenções desdobram-se em aplausos efusivos no final da canção.
É com “Perdi o Norte” que o alinhamento do concerto fecha. Canção apreciada pelos presentes e acompanhada com aplausos. Mema.não disfarça o carinho que sente pela canção, tamanha a energia investida nesta performance em que os arrepios chegaram até ao público.
Momento de despedida, mema sai de palco mas os presentes pedem mais. Vê-se um regresso ao palco! Atenta, perspicaz e dotada de enorme carinho por quem a acompanha, refere: “Sei que alguns dos presentes gostariam de ouvir esta canção”, olhando para os fãs do seu projeto e, em simultâneo do Festival Eurovisão da Canção. É com uma versão acústica de “Claro como Água” que termina um concerto onde se viajou no tempo, nos sons e nos desejos por mais canções.
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