O rapper Fedez, segundo classificado no Festival di Sanremo, acusa a emissora italiana RAI de censura a um discurso com várias críticas aos partidos de extrema-direita.
Fedez acusou, no passado sábado, a emissora pública italiana RAI de tentativa de censura a um discurso onde tecera duras críticas aos políticos do partido de extrema-direita Liga, pelo bloqueio a uma lei contra a homofobia. O discurso acabou por ser transmitido no tradicional concerto do 1 de maio, no Auditorium dela Musica, em Roma, antes da atuação de Fedez, com o artista a revelar que o canal televisivo pediu para ver o guião e, quando deu conta das críticas e citações homofóbicas por parte do partido nacionalista, considerou o mesmo "impróprio pela vice-diretora da RAI3".
"A gestão da RAI3 pediu-me que omitisse os nomes e os partidos. Tive de lutar um pouco, muito, mas no final deram-me autorização para me expressar livremente" revelou o artista que, no discurso, incluiu várias citações do partido político como "Se eu tivesse um filho gay, queimava-o no forno", proferida por Giovanni de Paoli, conselheiro regional da Ligúria.
O discurso já provocou várias reações dos partidos políticos, com destaque para Matteo Salvini, líder do Liga, que manifestou interesse em ir beber café e "conversar sobre liberdade e direitos" com o artista: "Para mim, também o direito de um filho ter mãe e pai é sagrado (...) Amo música, arte, sorrisos. Amo e defendo a liberdade de pensar, escrever, falar, amar. Todos podem amar quem quiserem, como quiserem, quanto ele quiser. E quem discrimina ou ataca deve ser punido, nos termos da lei" escreveu nas redes sociais.
Por sua vez, Giuseppe Conte, que abandonou o cargo de primeiro-ministro em janeiro por falta de apoio parlamentar, publicou uma fotografia de Fedez nas redes sociais com a descrição "Nenhuma Censura", enquanto Luigi di Maio, ministro dos Negócios Estrangeiros, frisou que "um país democrático não pode aceitar qualquer forma de censura".
A emissora estatal italiana RAI também reagiu ao acontecimento e desmentiu que tenha pedido para ver o discurso antes da emissão: "Isto deve ficar claro, sem qualquer mal-entendido, não aceitamos exploração que possa prejudicar a dignidade da empresa e dos seus colaboradores" lê-se numa nota. Contudo, o artista publicou nas redes sociais um telefonema de Illaria Capitani, vice-diretora da RAI3, a avisar que o discurso foi "editoralmente inadequado": "A RAI nega a censura. Aqui está o apelo em que a vice-diretora da RAI3, Ilaria Capitani, e seus colaboradores me pedem para ‘me conformar a um sistema’ dizendo que no palco não posso dar nomes e sobrenomes" sublinhou o artista.
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