A Polónia engalanou-se e esmerou-se para receber o Festival Eurovisão Júnior 2019, edição histórica do concurso infanto-juvenil. Recorde connosco a gala que teve lugar em Gliwice.
Depois de anos a lutar por alcançar o número mínimo de participantes (e com rumores de possíveis cancelamentos), o Festival Eurovisão Júnior está a viver um dos melhores momentos da sua vida: 19 participantes e o regresso de um dos seus filhos pródigos, Espanha. Mas os grandes momentos desta Eurovisão não se ficaram por aqui: além de uma produção e de um palco que deram 10-0 a Telavive (desculpem amigos), tivemos uma arena recheada, algo há muito não visto no concurso infanto-juvenil. Mas analisemos o mais importante: as 19 canções a concurso, de forma ascendente a nível de classificação:
É o lugar mais ingrato de todos, especialmente quando se trata de um concurso de crianças. Apesar de nunca ter sido um grande apreciador de "We Are More", admito que nos últimos dias passou a ser uma das canções da edição que mais ouvi... Contudo, aconteceu o que já previa: apesar da qualidade enorme do tema de Malta, passava totalmente despercebido no alinhamento. A atuação foi uma das mais vazias da edição e mesmo a jovem Eliana Gomez Blanco não esteve no seu melhor. Não a colocaria na última posição... mas alguém teria de ficar.
O País de Gales repetiu a fórmula do ano passado e voltou a apostar numa canção fofinha. Contudo, se "Perta" resultou em palco (e injustamente ficou no último lugar), "Calon yn Curo (Heart Beating)" foi aquilo que vimos... mas não ficou em último. Nada ali resultou: nem a atuação à la Zana, nem os corações palpitantes nos ecrãs... nada. No meio de toda a atuação, apenas consigo destacar o bom desempenho vocal da Erin Mai. Por mim, teria sido a última classificada da edição.
Da Albânia vinha uma das canções mais interessantes da edição. Com um potencial extraordinário e uma mensagem bastante forte, "Mika ime fëmijëri" não resultou em palco: o drama e as expressões pesadas de Isea Çili durante a interpretação não combinaram (de todo) com as cores alegres do palco, o que tornou a atuação um tanto confusa. No entanto, continuo a achar que merecia um pouco melhor do que teve, especialmente da parte dos jurados.
Falar da canção do meu país é sempre MUITO complicado. E vou começar por falar do que melhor Portugal levou a Gliwice: a nossa Joana. Que voz e que presença aos 10 anos de idade! Se o Festival da Eurovisão fosse o Festival da Fofura, estávamos na luta pela vitória. Mas infelizmente não é... Juro que adorava dizer que tivemos a melhor atuação do ano e que o nosso lugar foi o mais injusto de todos... mas não foi. Além de um palco pobre, que apenas se limitou a mudar de frase e cor ao longo de toda a atuação, o figurino e os planos de câmara estiveram também longe das melhores escolhas. No que diz respeito à votação, não me chocou nem os zero pontos do júri, nem o décimo segundo lugar no público (Gracias, nuestros hermanos). Espero que não tenha sido a última participação de Portugal na Eurovisão dos pequenos e que para o ano possamos estar na luta por um lugar cimeiro... Em resumo: 12 pontos para a Joana Almeida, mas pontuação bem mais baixa para a preparação da atuação.
Da Ucrânia vinha uma das canções mais interessantes do ano. A roçar o limiar jovem/adulto, a canção transbordava qualidade mas tal não conseguiu destacar-se com a atuação. Não sinto que tenha sido uma má atuação, mas ficou aquém do potencial da proposta: chata, confusa e (muito) saturante. Até a interpretação da Sophia Ivanko ficou muito aquém do que vimos anteriormente. No que diz respeito à atuação em palco, a Ucrânia foi a maior desilusão da edição.
Sempre senti mixed feelings com a proposta da Geórgia. Nunca me cativou, mas a entrada do refrão deixou-me a pulga atrás da orelha com uma boa atuação. E foi isto que vimos. Uma atuação simples mas bastante capaz (que podia ter tido um pouco mais de interação do cantor...) conseguiu tirar (justamente) o país do último lugar que muitos lhe apontaram. Nota positiva para a utilização dos balões e pela boa onda da canção. Por mim teria fica bem mais acima na tabela classificativa.
Longe vão os tempos em que a Rússia trazia as canções mais fortes do Festival Eurovisão. Este ano apostou no típico dueto fofinho e numa das canções mais desinspiradas da edição. Sinceramente, a única coisa que me chamou à atenção durante a atuação foi o facto do Denberel Oorzhak ter cantado SEMPRE fora de tom. Não gostei... Espero que, em 2020, a Rússia volte a ser a Rússia de outros tempos. Colocaria "A Time For Us" num dos últimos lugares da tabela.
A Irlanda chegava a Gliwice com uma das canções mais interessantes do ano e com um duplo potencial: com tudo para singrar em palco... e com tudo para passar despercebida. Acho que tivemos um pouco dos dois... Para mim foi uma das melhores surpresas em palco, com nota máxima para a interpretação e presença da jovem Anna Kearney. Um dos melhores momentos do ano que merecia ficar, pelo menos, no top10.
A descontraída Bielorrússia levou uma mistura da sua participação em Minsk com "Like It", tema que Zena defendeu em Telavive, mas "Pepelny" não conseguiu cativar... Aliás, sinto que a Bielorrússia pecou por excesso e não por defeito, com muita coisa a acontecer em palco ao mesmo tempo. Para mim, foi uma das atuações menos conseguidas da edição e não sinto injusto o resultado obtido.
"Raise Your Voice" é o meu guily pleasure do Festival Eurovisão Júnior deste ano. A canção com maior carga dramática do ano teve uma potente interpretação da jovem Darija Vracevic em palco, juntando-se a uma capaz e forte atuação. Para mim foi uma das melhores interpretações do ano e a Sérvia merecia uma melhor classificação do que aquela que teve.
Com uma proposta bem dentro do esperado para um concurso infanto-juvenil, coloquei bem altas as expectativas para a prestação da Arménia em Gliwice. Contudo... saíram desfraudadas. Não que tenha sido uma má atuação ou uma fraca interpretação, mas o resultado final ficou um tanto aquém do esperado. Ao final das 19 canções, era difícil recordar qual era a da Arménia. Pessoalmente, estava à espera de muito melhor e o país acabou por tornar-se numa das minhas desilusões do ano.
Sem qualquer encanto, a Austrália fez, na minha opinião, a sua pior participação no concurso infanto-juvenil. Nada contra o cantor, muito belo contrário: o Jordan foi um dos melhores intérpretes da edição. Mas a canção... Sem qualquer pico de interesse, "We Will Rise" foi um dos momentos chatinhos da competição e logo a abrir. O júri salvou (novamente) o país de um grande desaire. Para mim teria ficado no botton 5.
Marta Viola era uma das mais jovens participantes na edição deste ano do Festival Eurovisão Júnior... mas isto pouco ou nada se notou durante a prestação. Uma das canções mais cativantes da edição que teve uma das atuações mais marcantes do concurso. Gostei imenso (não fosse eu também um fã acérrimo de canções italianas) e, na minha opinião, teria sido uma justa vencedora do concurso! Bravo Itália! (Itália, querida Itália, e que tal começares a dar o destaque merecido ao JESC na RAI?)
A mudança do nome da Antiga República Jugoslava da Macedónia para Macedónia do Norte parece ter surtido uma série de bons resultados em lides eurovisivas para o país. "Fire" é uma das canções mais interessantes e poderosas da edição, mas tinha tudo para falhar em palco... Mas não falhou. Com uma atuação bastante contida e segura por parte de Mila Moskov, a Macedónia do Norte foi o país que mais ganhou com o palco tecnológico apresentado em Gliwice e conquistou um dos melhores resultados do país. Resultado esperado e merecido!
Depois do sucesso de Angelina em Minsk, a França voltou a apostar na mesma receita para Gliwice: uma canção cativante e ritmada, uma atuação bastante animada e descontraída e um sucesso comercial garantido. Mas a tarefa de Carla não era fácil: o que vimos no videoclip de "Bim Bam Toi" era praticamente impossível de repetir em palco, o que fez com que a proposta perdesse algum do seu potencial. Contudo, para mim, foi uma das melhores do ano e podia ter figurado no pódio da edição.
A Holanda apostou na 10201.ª vez na mesma canção para o Festival Eurovisão Júnior. "Dans Met Jou" era, na minha opinião, uma das canções mais fracas do concurso deste ano, mas há que realçar a marcante atuação de Matheu em palco. Contudo, apesar de toda a animação e potencial demonstrado durante a exemplar interpretação, acho (muito) exagerado o quarto lugar alcançado. Teria colocado a Holanda a meio da tabela.
Nuestros hermanos regressaram (em força) ao Festival Eurovisão Júnior 2019. "Marte", a canção de Espanha, era a minha favorita e foi uma das canções que mais gostei de ver em Gliwice. Uma cantora fora de série, uma canção com potencial e uma atuação bastante marcada levaram novamente Espanha aos lugares cimeiros. Mas, apesar de gostar imenso da candidatura, admito que entendi a maioria das críticas que haviam sido dirigidas a "Marte": a canção parece que foi construída para 2 minutos, com 1 minuto adicional de... pura gritaria. Achei a parte final um tanto exagerada, mas colocaria Espanha no segundo lugar da classificação final.
Depois do fracasso da estreia, o Cazaquistão pôs as fichas todas em jogo para a participação de Yerzhan Maxim em Gliwice. Uma voz poderosa, uma canção à Disney e uma atuação bastante teatral mas pensada ao pormenor levaram o país às portas da glória eurovisiva. Não me chocaria que tivesse ganho e nem discordo do resultado alcançado, visto que esteve nas minhas atuações favoritas após o desfile. O ponto negativo da competição esteve, contudo, relacionado com o Cazaquistão: seria mesmo necessário mostrar imagens de uma criança (!!!!!) a sofrer com o suspense da revelação dos resultados? Talvez seja um ponto a alterar para edições futuras do concurso INFANTO-JUVENIL!
Nunca fui grande apreciador de "Superhero"... mas tiro o chapéu à Polónia. Que atuação! Que potencial! Que qualidade! Tudo em bom. Eis a prova que a Polónia começou a olhar para o Festival Eurovisão Júnior como rampa de lançamento para novos talentos e os resultados estão à vista! A Viki Gabor teve uma das melhores prestações em palco e não me chocou a vitória avassaladora alcançada! E admito: "Superhero" tem sido uma das canções que mais tem passado nas minhas playlists!
Terminadas as atuações, eis a minha classificação final:
- Itália
- Espanha
- França
- Polónia
- Cazaquistão
- Macedónia do Norte
- Sérvia
- Irlanda
- Geórgia
- Holanda
- Arménia
- Portugal
- Albânia
- Ucrânia
- Malta
- Austrália
- Bielorrússia
- Rússia
- País de Gales
Além do resultado de Viki Gabor em Gliwice, a grande vencedora do Festival Eurovisão Júnior 2019 foi mesmo a organização polaca. É preciso recuar muitos (muitos muitos) anos na história do concurso infanto-juvenil para vermos uma sala lotada como vimos a Arena Gliwice. E a nível do palco não há dúvidas: foi o melhor que já vimos na Eurovisão dos pequeninos!
A emissora polaca TVP já manifestou interesse em voltar a organizar o Festival Eurovisão Júnior em 2020 mas, segundo alguns zumzuns, a EBU/UER não estará interessada em atribuir novamente a organização ao país. Contudo, a fasquia de organização está a níveis nunca antes vistos... Para onde rumará o concurso em 2020? Independentemente da cidade ou país anfitrião, o concurso está numa das melhores (se não mesmo a melhor) fase da sua existência e de certo que teremos um grande espetáculo em 2020. Haverá mais regressos ao concurso? Algum país sairá? E Portugal: estará ou não a concurso? Esperamos que sim, mas apenas saberemos dentro de alguns meses! Mas uma coisa é certa: a Eurovisão Júnior está mais viva que nunca!
A organização, produção e o excelente palco deram mais que 10... Sem dúvida que várias atuações com aquela produção e palco estavam muito mas muito superiores que a própria Eurovisão.
ResponderEliminarAdorei mesmo, bons planos ao perto e ao longe, luzes laterais e no palco... O chão do palco... Leds sem exagero.
Melhor que muito Eurovisão dos crescidos. Tel Aviv é 10000-0, Lisboa 10-0...
E sem dúvida a Macedónia do Norte foi aquela que mais aproveitou tudo, produção, tecnologia e palco. Com uma interpretação segura e bom tema, merecia ganhar. Esta a par de outras interpretações e show, são dignas e bem melhores que muito lixo apresentado e bem retido na Eurovisão.
Boa apreciação do Nuno Carrilho como sempre, um bocado viciada sempre em Itália, e dando benesses a Portugal.
ResponderEliminarMesmo somente se safa a pequena grande Joana na interpretação de Portugal. Digamos que o nosso país poupou se tanto que uma indumentária melhor, coreografia e uns bailarinos, mas principalmente umas boas imagens nos leds e un aproveitar aquele palco e planos e iamos para o outro lado da tabela.
ResponderEliminarPor isso, sim foi justissimo zero pontos dos jurados e no publico safou se por ser um dos paises de "tenho que escolher 3, o meu favorito a ganhar, um outro e... para nao ganhar aquele que pode tirar a vitória ao meu favorito, vamos votar... Olha em Portugal, fica em último, por isso um pontinho para nao ser zero redondo"
O melhor do que já vimos nos pequeninos? Um dos melhoree, se não o melhor dos pequeninos e graúdos. Esplendido.
ResponderEliminarE ver as primeiras maquetes para Roterdão 2020... E penso... Que tal se deixassem de contratar sempre o mesmo designer para o ESC e olhassem para quem fez este do JESC 2019.
Acho que de facto, o triunfo da Polonia no ano passado foi o grande triunfo do JESC. Os polacos ja estao todos familiarizados com o concurso e a vitoria deste ano so veio dar maais força a isso. A EBU UER so seria esperta em manter mais um ano o concurso na Polonia: uma excelente produçao, a sala cheia que nao se via a muito,... E nao esquecer que a Alemanha anda ali no vou nao vou, e o facto dde ser ali ao lado na Polonia pode ajudar a sua entrada, o que seria mais um triunfo para o concurso depois das entradas de Espanha e França. Nao ha duvida nenhuma que o concurso esta a ganhar destaque e esta melhor nunca. Na minha opinião os 3 ultimos vencedores (Polina, Roksana e Viki Gabor) tem as melhores musicas de sempre do Junior e que se comparam muito bem aa musicas do festival adulto...
ResponderEliminarEstou completamente pasmado com tanto elogio. Devo ter visto outro espetáculo que não este. Não me recordo de tanta gritaria num só concurso de mini vedetas. As canções que eu tive oportunidade de ouvir eram pirosas demais algumas e outras a quererem arrancar uma gracinha à força. Nota-se também algumas crianças a tentarem copiar interpretações de adultos o que logo à partida reduz a categoria do evento para valores muito baixos. Louvo quem teve um espírito tão elevado que chegou para gostar tanto do que viu. Por mim gostei de menos a ponto de não querer cair para o ano no mesmo engodo.
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