Simone de Oliveira, José Cid, Adelaide Ferreira, Rui Bandeira e Cláudia Pascoal comentaram a participação de Conan Osíris no Festival Eurovisão de 2019: "Como artista, não faz o meu estilo, mas ficaria muito contente se ganhasse, claro, porque sou português".
O Observador recolheu opiniões sobre a participação de Conan Osíris no Festival Eurovisão de 2019 junto de antigos representantes de Portugal no concurso. Simone de Oliveira (ESC1965/ESC1969), José Cid (ESC1980/ESC1998), Adelaide Ferreira (ESC1985), Rui Bandeira (ESC1999) e Cláudia Pascoal (ESC2018) falaram sobre a participação do cantor português em Telavive.
Simone de Oliveira:
"Não entendo o Conan Osíris, por isso, é difícil ter opinião. Precisaria de o conhecer melhor, de perceber porque é que ele canta assim, como é que viveu, de que forma sente a música, se vai continuar naquele estilo. Não gosto particularmente da canção, prefiro cantigas melódicas, mas vivemos em mundos diferentes, certamente, por isso é que digo que teria de o conhecer melhor. Sei que não tenho empatia por aquele estilo musical, o que é normal, basta ter a idade que tenho. O que também não quer dizer nada, porque há gente muito nova que gosto muito de ouvir cantar. Mas o Conan Osíris ultrapassa-me, porque a música dele não me chega à alma, de maneira nenhuma. Quando as coisas não me chegam à alma, é difícil gostar. Aquela forma de cantar terá o seu público, claro, mas dura quatro ou cinco anos e depois desaparece, penso eu. Não me parece muito abrangente e sinceramente temo que não consiga um bom resultado."
José Cid:
"Quando o Saramago ganhou o Prémio Nobel em 1998, fiquei todo contente por ser português, mas claro que nunca consegui ler o Memorial do Convento até ao fim. Na mesma época, havia outros escritores portugueses tão bons ou melhores do que ele. Isto para dizer que o Conan Osíris não tem grandes hipóteses de ganhar a Eurovisão. Como artista, não faz o meu estilo, mas ficaria muito contente se ganhasse, claro, porque sou português. Quando o vi no festival em Portugal, achei que ele ainda teria dois meses até à Eurovisão para conseguir corrigir a dicção, que é fraquinha, e a afinação, que às vezes está fora. Espero que tenha trabalhado estes aspetos. De qualquer forma, como artista, não faz o meu género. Nunca gravaria aquela canção num álbum meu, muito obrigado, dispenso. Mas também sou um velho e se calhar estou errado."
Adelaide Ferreira:
"A RTP resolveu chamar-lhe artista do futuro. Só posso estar de acordo. O que ele tenta veicular remete, de facto, para o futuro, é muito à frente. Só encontro um senão: a afinação dele, que não faz jus ao criativo que ele é. Há artistas grandiosos, desde logo o Bob Dylan, que também não têm uma afinação que eu aprecie, mas há que respeitar. Não diria que o Conan é desafinado, há muitas formas de afinação, na voz como nos instrumentos, e haverá pessoas a quem aquilo toca. Não é o suficiente para não o aceitar. Cantores afinados há muitos, mas artistas com ideias desconcertantes nem tanto. Também na área da moda tenho visto alguns desfiles desconcertantes. Penso que está a chegar uma nova vaga de artistas, com coisas novas para dizer. Toda a criação é uma forma de liberdade. A arte não tem de ser padronizada, não pode ser aprisionada, tem de ser desconcertante. A minha geração deveria ter sido mais vigilante, para não deixar o país e o mundo chegarem a este ponto, e acredito que a nova geração está preparada para fazer a mudança. Por isso, tenho de acrescentar: penso também que o Conan poderia ter tido ouvidos para o que lhe pediu o Roger Waters. Tenho imensa pena que a equipa dele não tenha tido esta visão."
Rui Bandeira:
"Recordo que estive em Israel há 20 anos e que há 40 anos foi a Manuela Bravo. Parece que Israel ganha ciclicamente de duas em duas décadas, é curioso. Espero que o Conan Osíris tenha uma grande participação. Como português, ficaria muito satisfeito se ele tivesse um bom resultado. Acho que a canção é um pouco irreverente, até pela maneira como ele a interpreta, e o festival da Eurovisão é cada vez mais isto mesmo: um grande espetáculo. A letra é muito importante e se a ouvirmos com atenção há ali uma mensagem especial. Musicalmente, não é o género que mais aprecio, mas vejo nele uma grande potencialidade. O Conan canta ao jeito dele, parece ter umas raízes celtas ou ciganas, e é claramente uma pessoa de criatividade. Há quem o compare ao António Variações, que também não era especialmente afinado, mas tinha um carisma muito forte. Às vezes, para sermos artistas, temos de ser um pouco loucos e acho que ele tem a dose de loucura que o torna uma personagem interessante."
Cláudia Pascoal:
"Acho que estamos muito bem representados, porque o Conan é uma pessoa única, muito especial. Sinto-me orgulhosa, admiro muito o estilo e a criatividade dele. Nenhuma outra canção este ano se assemelha à dele. Sei que alguns portugueses não apreciam, mas a criatividade dele é única e inspiradora."
os típicos velhos do restelo, portanto
ResponderEliminarGostei do comentario do Rui Bandeira.
ResponderEliminarEu também e, curiosamente, era talvez a pessoa de quem eu esperasse um comentário menos interessante. E (17:01) de "velho do Restelo" o comentário nada tem.
EliminarAcho engraçado darem tanta importância a Simone, uma cantora que só teve os piores resultados no festival.
ResponderEliminarTambém nunca percebi porquê darem tanta importância à Simone de Oliveira. Quando por vezes podiam ir buscar a Tonicha ou a Manuela Bravo...
Eliminareu ia jurar que tinha lido algo sobre o rui bandeira a falar muito mal de "telemóveis" Mas aqui pareceu-me o mas razoavel. A Adelaide Ferreira ia muito bem até ao boicote político.
ResponderEliminarA Simone coitada, já nos habitou a desconsiderar vários representantes de Portugal na Eurovisão.