Todas as semanas no ESCPORTUGAL, a crítica aos álbuns editados por artistas que participaram no concurso Eurovisão da Canção e/ou seleções nacionais ao longo dos anos.
Esta semana, a análise recai em "Paris, Lisboa", de Salvador Sobral
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Lançamento: 29 de março de 2019
Nota: 8/10
É o primeiro disco após o conturbado
frenesim eurovisivo e depois de ter sido elevado à categoria dos grandes
intérpretes nacionais. Dois anos que ainda parecem ter sido ontem mas que em
simultâneo já testemunharam acontecimentos vários, incluindo a inevitável
invasão dos média no campo pessoal de Salvador Sobral. Histórias e estórias que
estão reflectidas neste “Paris, Lisboa”, álbum aguardado não em só em
território nacional, bem como internacional. Expectativas essas que para além
das várias visitas internacionais de Salvador Sobral ficaram bem espelhadas no
#1 no top nacional de vendas e #11 na vizinha Espanha.
Cerca del mar
“Paris, Lisboa” é jazz, como
requinte pop, e apesar da excelência dos músicos e de apresentar um naipe
interessante de canções, vive, quase sem surpresa, do modo interpretativo de
Salvador Sobral. Aliás são as suas interpretações que, quase sem surpresa, furtam quase todo o impulso
do disco.
Embora novo, este álbum foi
paulatinamente sendo dado a conhecer, primeiramente com “Mano a mano” - embora
a versão de “Paris, Lisboa” conte com a participação de António Zambujo – e “Cerca
del mar”. O primeiro single oficial é curiosamente uma excelente nova vida de
um tema repescado do Festival da Canção 2018, “Anda estragar-me os planos” que,
apesar de verdadeiramente aprazível ao ouvido, não consegue encobrir todos os
detalhes que tornam este disco tão artisticamente colorido.
O tema de abertura, “180, 181
(catarse)” é deveras explícito no título e funciona como uma verdadeira
catarse, quer na letra, quer na interpretação, de uma fase má que felizmente
terminou e precisa de ser devidamente arrumada. De seguida, avançamos para a
praia musical de Salvador Sobral que acaba por ser a tónica dominante de todo o
disco, o jazz. “Presságio” faz as hostes estéticas, dando lugar ao embalo vocal
em “Cerca del mar”, substituído pelo suporte omnipresente do piano em “Ela
disse-me assim”. A bateria reclama protagonismo em “Playing with the wind”, até
que “Prometo não prometer” é o momento que poderá suscitar maior curiosidade e
que ao mesmo tempo não esperávamos que acontecesse tão depressa, uma nova
composição de Luísa Sobral, que desta vez para além dos créditos de autoria é
também voz convidada.
Enquanto álbum, não temos a
certeza do impacto de “Paris, Lisboa” a
longo prazo, mas seguramente que este disco irá consolidar Salvador Sobral como
um importante intérprete da atualidade.
Videos promocionais
Mano a mano (não é esta a versão incluída
no álbum)
Cerca del mar
Anda estragar-me os planos
Temas destacados por Carlos Carvalho:
“Ela disse-me assim” e “La Souffleuse”
Alinhamento
180,
181
Presságio
Cerca
del mar
Ela
disse-me assim
Playing
with the wind
Prometo
não prometer
Benjamim
Grandes
ilusiones
Mano
a mano
La
Souffleuse
Paris,
Tokyo II
Anda
estragar-me os planos
A ver: Salvador Sobral en Al Cotxe
(TV3, 8 de abril de 2019,English/Spanish/Portuguese subs)
Pode ouvir o
disco AQUI.
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