Todas as semanas no ESCPORTUGAL, a crítica aos álbuns editados por artistas que participaram no concurso Eurovisão da Canção e/ou seleções nacionais ao longo dos anos.
Esta semana, a análise recai em "Antwerpen", de Surma
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Lançamento: 13 de outubro de 2017
Nota: 8,5/10
“Antwerpen” não está conceptualmente
idealizado para um consumo desatento. Com isto não se pense que aquele que foi
considerado como um dos melhores discos nacionais 2017 - para a Blitz,
Antena 3, Comunidade Cultura e Arte, Expresso e Musik Express... - é um álbum para
uma elite. “Antewerpen” é um convite sónico a todos aqueles que aspiram a um
contacto com uma nova matriz identitária musical que irá permitir visitar desconhecidas
atmosferas e paisagens mentais. Se esta sugestão pode indiciar algo solitário,
por outro transmite bem o largo espectro de fruição estética que o primeiro
longa-duração da jovem promessa Surma permite.
Sem grande projeção nos meios de
comunicação mais conhecidos, Surma, com o seu passaporte “Antwerpen”, já voou
longe, incluindo Brasil, Estados Unidos da América, Itália, Islândia, entre
outros muitos pontos geográficos e, na semana passada, foi a vez da Eslovénia.
Apesar da dimensão espontânea e
criativa, fugindo a estruturas pré-estabelecidas, “Antwerpen”, como um primeiro
álbum, revela necessariamente influências e pontos de referência. Os islandeses
Sigur Rós e Björk poderão ser as associações mais imediatas, estando a essência
do trio do frio bem presente na abertura e fecho do álbum, “Drög” (#1) e “Upprini” (#10), e a singular Björk parece
ser a inspiração para “Plass” (#2). Estas referências não têm como intuito
minimizar um trabalho que se revela ímpar, mas sim estabelecer conexões e
fornecer possíveis orientações a quem quiser aventurar-se no mundo de Surma.
“Saag” (#5) e “Nyika” (#9)
destacam-se pela electrónica mais abrasiva, mas por serem electrónicas não se
pense que estão privadas de emoções. Aliás, emoção parece ser o guia principal
de um disco que pretende estimular a experiência estética através da música,
complementada através de um cuidado trabalho visual espelhado nos vídeos de “Hemma”
(#3) e “Plass” (#2).
“Pugna”, a canção com que Surma
vai tentar chegar a Israel, não está incluída em “Antwerpen” mas que o Festival
da Canção 2019 seja um ótimo pretexto para a descoberta de um disco que, apesar
de singular, promete ser apenas um primeiro passo de uma carreira que ainda
trará muitas surpresas.
O convite está feito, resta a cada
um de nós aceitar e decidir o quão longe vamos levar Surma nesta viagem
Eurovisiva. Uma possível chegada a Israel estaria (ou estará) carimbada com o
selo de qualidade e o geral consenso de que levamos algo nunca ouvido e visto no
mais antigo concurso de música.
Independentemente do resultado no
FCD, Surma e, para já, “Antwerpen”, irão marcar os próximos anos da produção
musical nacional.
Temas promocionais
"Hemma”
“Plass”
Temas destacados por
Carlos Carvalho: “Saag” e “Miratge”
Alinhamento
Drög
Plass
Hemma
Kismet
Saag
Miratge
Voyager
Begrenset
Nyika
Upprini
A ver: “Surma, Red Frog
e Crassh - 2ª parte | É a vida Alvim”
A ver: “SURMA //
Entrevista Porta 253”
Sem comentários
Enviar um comentário