Todas as semanas no ESCPORTUGAL, a crítica aos álbuns editados por artistas que participaram no concurso Eurovisão da Canção e/ou seleções nacionais ao longo dos anos.
Esta semana, a análise recai em "Adoro Bolos" de Conan Osiris.
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Esta semana, a análise recai em "Adoro Bolos" de Conan Osiris.
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Lançamento: 30 de dezembro de 2017
Nota: 7/10
É o novo protegido pela crítica e
o apoio popular está a crescer de tal modo que o próximo Festival da Canção
ameaça ser apenas uma mera formalidade para enviar Conan Osiris a Israel – e acredito
que assim será!
Toda a euforia popular /
eurovisiva em torno de “Telemóveis”
deixa pouco espaço receptivo à crítica, sendo quase proibido e blasfemo
qualquer comentário menos efusivo acerca da canção, merecendo o autor (do tal comentário)
a excomunhão do círculo eurovisivo.
Reconhecimento merecido, ou redenção
de eurofã que desta vez quer ficar bem na fotografia e apoiar o “salvador”
desde o início -, a verdade é que este “novo festival” está no caminho certo
rumo à essência que nunca devia ter perdido, ser uma montra da moderna música
portuguesa. E este ano não é exceção.
“Quero bolos” foi enaltecido pela crítica,
sendo considerado, por exemplo, como o segundo melhor álbum nacional 2018 para
a Blitz, ou até mesmo como o número um para a “Comunidade, Cultura e Arte”.
O álbum de Conan Osíris é uma
sumptuosa receita sónica, assente numa estratégia de puro delírio artístico e
singularidade expressiva, rejeitando qualquer sinal de timidez na hora de
assumir as suas influências, tentando sempre ir um pouco mais longe do que
aquilo que já foi feito. A voz de Osiris, também aclamada e comparada aos
grandes da música portuguesa, é a cereja no topo do…. Bolo!
Por certo não é fácil categorizar
a música de Conan Osiris, mas o vasto espectro alternativo poderá ser um bom ponto
de partida para uma oferta musical que tem asas para voar longe a agradar, numa
primeira instância, apreciadores do venezuelano Arca ou até mesmo Björk.
Mas será “Adoro Bolos” assim tão
imaculado? Não! Se “Borrego”, o tema inicial, intriga-nos instantaneamente, quando
chegamos a “100 paciência”, “Barcos (barcos)” e “Nasce nas Acucenas”,
instala-se a sensação de “mais do mesmo” e homogeneidade excessiva.
Ainda do lado menos positivo, as
letras são, sem dúvida, o ponto fraco. Sim, as letras são parte integrante da
mensagem de um artista! E se muitos já apelidam Conan Osiris de génio, então o
termo génio terá cedido no grau de exigência. Por mais sentidos forçados que
queiram atribuir, “Eu 'tou me a cagar 'Pa celulite // Pede sanita infinita Que o teu
cu não tem limite yaya” muito dificilmente será obra de génio, ou então génios
há muitos. Passagens como “Eu vou-me
amandar do titanique (Se tu não vieres)” facilmente consegue converter letristas
crucificados pelos pseudo-intelectuais em autênticos Saramagos.
Como Conan está em modo de adoração, tudo o que ele faz é sinal de génio e parece que se perde qualquer sentido crítico. Como um todo, estamos perante um produto sólido – e que tem potencial para fazer mossa internacional - mas que tal admitirmos uma genialidade em ascensão e, como tal, a precisar ainda de algum trabalho, em vez de embarcarmos em fanatismos?
Como Conan está em modo de adoração, tudo o que ele faz é sinal de génio e parece que se perde qualquer sentido crítico. Como um todo, estamos perante um produto sólido – e que tem potencial para fazer mossa internacional - mas que tal admitirmos uma genialidade em ascensão e, como tal, a precisar ainda de algum trabalho, em vez de embarcarmos em fanatismos?
Temas promocionais (Não
por ordem de lançamento)
"Borrego”
“100 paciência”
Tema destacado por
Carlos Carvalho: “Ave Lagrima” e “Obrigado”
Alinhamento
Borrego
Celulite
Adoro
bolos
EIN
ENGEL
100
paciência
Barcos
(barcos)
Nasce
nas açucenas
Ou
não escangalhas
Nada
Nada Nada
Titanique
Ave
lagrima
Obrigado
A ver: Conan Osiris |
Ao vivo na Antena 3 | Antena 3
A ver: RBTV: Entrevista
com Conan Osiris
Pode ouvir o álbum aqui:
10/10 <3
ResponderEliminarConcordo totalmente com o último ponto, o Conan têm uma genialidade, mas precisa de maturação.
ResponderEliminarEle é muito comparado a António Variações, por partilhar com ele a característica de misturar música popular com música erudita, porém o Conan ainda não é o António Variações que vive no imaginário português com a "Música do engate" ou "É para amanhã", ele é mais o António Variações de "Toma o comprimido", um artista irreverente mas com um grande potencial.
No entanto eu já vejo uma certa maturidade a surgir nas letras de "Adoro Bolos", "Barcos" e "Ein Engel", sendo que esta última têm sido alterada nos concertos ao vivo. O Conan abandonou o instrumental original, para algo mais suave, a favor da mensagem da música, dando força ao sentimento de solidão que se oculta por trás das palavras. Mesmo assim penso que o Conan vai ser um artista que irá sempre dividir o público, enquanto que uns vão ouvir "Ein Engel" e pensar na frase "À espera dum beijo até que a terra acabe", outros vão pensar na frase "À espera dum anjo pa me levar ao kebab" e isso não é mau, ele próprio não imputa um único significado à sua música e defende que faz música para rir, chorar, tomar banho, dançar, etc, e no fundo ambas as frases significam a mesma coisa.
Queria corrigir-me: em vez de dizer ambas as grases significam a mesma coisa, queria dizer-me ambas as frases podem significar a mesma coisa.
Eliminar11/10 e Celulite é a melhor sem dúvida!
ResponderEliminarUma coisa é certa ele procura ser ele mesmo, sabendo que ele tem imensas inspirações e consegue ser único! As letras para mim não são problema, mas gostava de ver o trabalho dele ainda a evoluir até à genialidade. A canção Amália dele é linda! Apesar de não estar nesse álbum. Independentemente do resultado do FdC ou quem sabe também o ESC GO CONAN!
ResponderEliminarPara tudo!!! O-M-G!!!
ResponderEliminarO Iran Costa gosta da música "Telemóveis" do Conan Osiris!!! XD
Parabéns pela independência com que escreveu a sua crítica. Uma canção é um conjunto de letra e música, que chegam ao público com uma interpretação sentida (e por "sentimento" tanto pode entender-se a melancolia como a alegria, a raiva ou a ironia). Infelizmente há temas e interpretações deste artista que são quase um "copy paste" (a par, sem dúvida, de outras mais originais e "arriscadas") - omitir isso não seria idóneo e a sua análise - há que louvá-lo - é séria.
ResponderEliminarGostei mto da análise, obg. Acabou por me ajudar a definir aquilo q eu acho disto td... desta onda toda à volta do Conan q desde o verão ando a tentar perceber/inferir. A ver vamos a maturidade q ganha e como a aproveita. Naturalmente espero q a aproveite bem, em prol da sua carreira e da música portuguesa. Por fim, acho "Telemóveis" uma evolução positiva e, para mim, a melhor canção de todas para nos representar no Festival da Eurovisão.
ResponderEliminarBoa análise, mas discordo plenamente do ponto sobre os eurofãs. Basta olhar para os comentários deste site para ver que o apoio ao Conan é tudo menos unânime. Aliás, ao contrário do que diz, não vejo grande diferença de como foi com o Salvador.
ResponderEliminarO álbum foi nitidamente incompreendido pelo autor da crítica. As letras, com frases banais e contemporâneas, são no fundo metáforas de um desgosto de amor. Isso está implícito em todo o álbum. É pouco falam da mistura de estilos m<sicais e da utilização dos samples.
ResponderEliminarQuanto à crítica nada a dizer. É a opinião pessoal do autor e defendida enquanto tal.
ResponderEliminarDispensava as constantes boquinhas a quem defende a música a concurso no FdC. Acho dispensável e manipulador.