Todas as semanas no ESCPORTUGAL, a crítica aos álbuns editados por artistas que participaram no concurso Eurovisão da Canção e/ou seleções nacionais ao longo dos anos. Hoje, o destaque vai para o novo álbum de Márcia, "Vai e Vem".
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Lançamento: 12 de outubro de 2018
Nota: 9,5/10
Numa época em que o formato single (digital) tem mais
força do que o conceito de álbum, “Vai e Vem” de Márcia rema contra a maré e
demonstra que a ideia de longa-duração é ainda indispensável para a condução
plena de uma verdadeira experiência musical, e enquanto consolida uma artista
que ainda está em ascenção, mostra-nos uma Márcia mais confiante e sonicamente
distinta em relação aos seus trabalhos anteriores.
Nas
várias entrevistas dadas para a demanda promocional do disco, Márcia tem
frisado que a mudança não foi intencional, talvez nem consciente, e talvez por
causa disso o ar confessional, ainda algo sussurrado e intimista, mantém-se,
mas agora as várias vertentes da produção e execução – com Filipe Moteiro e Kid
Gomez no comando - estão bem limadas e alinhadas a um conjunto de melodias
quase todas elas bastante curtas mas emocionalmente fortes e criativamente bem
distintas entre si, despertando em quem ouve a rara sensação de querer voltar ao
início do álbum quando o último acorde é pressionado.
A
heterogeneidade das melodias inteligentemente interligadas a uma produção coesa
oferece-nos vários momentos musicais verdadeiramente aprazíveis e interessantes, desde os temas promocionais, “Agora”, “Tempo
de aventura” e “Tempestadade”, a “Corredor” que, apesar de ter apenas 2m22 de
duração, consegue ser o tema mais eléctrico e relativamente barulhento que
Márcia já agravou até hoje, mas que oferece um contraste delicioso com a voz
segura sem exuberâncias desnecessárias.
Falar
de “Vai e Vem” é também falar necessariamente dos três duetos que indubitavelmente
oferecem uma adição qualitativa a este novo disco. “Vai e Vem”, com António
Zambujo; “Emudeci”, com Samuel Úria; e
“Pega em mim”, com Salvador Sobral são as colaborações vocais, gravadas à moda
antiga e que comungam do espírito artístico de Márcia.
Desde
2009 já se passaram praticamente 10 anos, uma década durante a qual Márcia
aguardou o seu momento com paciência num trabalho constante que paulatinamente
foi subindo degrau a degrau, pedindo timidamente permissão para entrar para a primeira
linha dos nomes mais sonantes da atual música portuguesa.
Quanto
a nós, dizemos, sem qualquer dúvida, que este é o melhor disco nacional de 2018
- esperamos ainda, no entanto, pelo que vai ser editado em novembro e dezembro.
De certo modo, o público está entusiasmado com esta nova fase de Márcia e em
apenas uma semana, “Vai e Vem” conseguiu o que Márcia ainda não tinha tido numa
década discográfica, um disco no top 5 dos álbuns mais vendidos em Portugal.
Mas isto é só o princípio e mesmo que não venha a ser um sucesso imediato de
vendas, será com toda a certeza um disco que vai permanecer na memória e numa
renovada descoberta nos anos que se seguem…. É apenas um pressentimento mas…
Temas promocionais
Tempestade
Tempo de aventura
Agora
Alinhamento
Tempestade
Vai
e vem (com António Zambujo)
Corredor
Manilha
Emeduci
(com Samuel Úria)
Mil
anos
Agora
Pega
em mim (com Salvador Sobral)
Tempo
de aventura
Do
que eu sou capaz
Amor
conforme
Ao
chegar
A ver
Márcia - Vai e Vem | Ao Vivo Na Antena 3 | Antena 3
Márcia - Tempestade | Ao Vivo Na Antena 3 |
Antena 3
Pode ouvir o disco AQUI
Nestas crónicas os discos são sempre perfeitos!
ResponderEliminar