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[OPINIÃO] Nuno Carrilho comenta o Festival Eurovisão Júnior 2018


A Bielorrússia "abriu as suas portas" à Europa para receber o Festival Eurovisão Júnior 2018, a maior edição da história do concurso infanto-juvenil! Recorde connosco a gala do passado domingo!


Recorde absoluto para o Festival Eurovisão Júnior 2018: 20 países na corrida, número totalmente inimaginável há alguns anos. Escolhida internamente, a cidade de Minsk, na Bielorrússia, abriu as portas para receber esta Grande Eurovisão dos pequeninos que, pela quarta vez, contou com a presença de Portugal... que continuou a falhar os bons resultados. A vitória rumou à Polónia numa gala que, não fossem a avalanche de aplausos à candidatura bielorrussa, parecia ter sido organizada noutro país qualquer... começando pela atuação de abertura. Mas analisemos o mais importante: as 20 canções a concurso, de forma ascendente a nível de classificação:

Se a classificação do Festival Eurovisão Júnior fosse baseada na fofice, o País de Gales era candidato à vitória. Contudo, a classificação é baseada em canções... Será mesmo? "Perta" foi uma das melhores canções da edição: doce, ternurenta e muito bem interpretada por Manw. Arrisco-me mesmo a dizer que, a nível de palco, a canção galesa foi uma das mais bem conseguidas... Mas tal não se traduziu em votos: a fraca adesão do voto online era esperada, mas ter ficado de fora dos 10 primeiros classificados em TODOS os painéis de jurados é algo que não tem qualquer explicação lógica! Alguém tinha de ficar em último e, infelizmente, a fava saiu a uma das melhores canções. Espero que não tenha sido uma participação isolada na Eurovisão Júnior para o País de Gales...

Num ano recheado de baladas, a baladona da Sérvia acabou por se perder no alinhamento. Nem mesmo a mensagem de "Svet", a irrepreensível prestação vocal de Bojana Radovanović ou, até mesmo, o momento à la Ira Losco 2002 conseguiram fazer jus à boa classificação que a canção merecia. Porém: 2 pontos para a Sérvia oriundos (apenas e só) do júri da ARJ Macedónia... O-K! Merecia melhor! Pena o erro da produção no plano final da canção...


Sempre o disse e volto a repetir: é muito difícil (até mesmo impossível) falar da canção de Portugal sem ser suspeito. "Gosto de Tudo (Já Não Gosto de Nada)" não era uma obra-prima (longe disso até...), mas era uma canção cativante e (pensava eu) adequada para o formato. Porém, teve um grande problema: não deixou brilhar Rita Laranjeira que, apesar dos nervos, deu o seu melhor numa canção que não era à sua medida... De destacar o trabalho envolvido na atuação portuguesa: apesar do boomerang não ter resultado na perfeição, a ideia dos filtros e da "simulação" de um ecrã de um smartphone foi bem conseguida e, provavelmente, traduziu-se no 13.º lugar na votação do público. Sobre a classificação? A Rita Laranjeira merecia melhor... muito melhor...


Provavelmente, a Albânia foi o país que mais perdeu no palco do Festival Eurovisão Júnior 2018. "Barbie" é um tema bastante animado e com grande potencial para se destacar no alinhamento...mas cuja atuação foi "um pouco mais do que nada". Para a frente, para trás, olha para ali, olha para acolá... Não houve nenhum momento em que captasse a atenção do espectador e acabou por perder-se entre canções com muito menos potencial. Tive pena... mas não merecia uma melhor classificação do que o 17.º lugar que obteve.

Com uma versão reciclada da atuação azeri no palco do Altice Arena, Aisel Fidan Huseynova foi a responsável por dar voz ao regresso do Festival Eurovisão Júnior. "I Wanna Be Like You" tinha potencial para muito mais do que aquilo que foi apresentado em palco: tanto a nível cénico... como a nível vocal. Apesar do refrão viciante, a canção acabou por ser apenas mais uma no alinhamento e foi facilmente esquecível na hora da votação. Mereceu a classificação que teve...


O meu guilty pleasure da edição. A canção da Irlanda deste ano é um exemplo de "primeiro estranha-se, depois entranha-se"... mas estava convencido que ficaria em último na classificação. Irritante e cativante, desadequada e animada... "IOU" é um claro misto de sentimentos que peca por acabar da mesma forma como começou. A nível de atuação esperava algo mais. Surpreendeu-me a sua classificação...

Apesar de lhe reconhecer o grande valor étnico, nunca fui grande fã de "Children Like These"... até à atuação de domingo passado. Com uma atuação bastante simples, mas muito bem conseguida, Noam Dadon fez uma das melhores prestações vocais do direto, fazendo-me olhar de outra forma para o tema que, para mim, continua a parecer um rascunho de "The Fire In Your Eyes". Uma das surpresas...



"Samen" era, de longe, a canção mais fraca da edição... mas uma daquelas que melhor poderiam resultar no direto. Não resultou tanto quanto podia, felizmente. Max & Anne deu algum potencial à interpretação... mas insuficiente para a salvar. Cinco minutos depois, já não conseguia tratuear a canção. Por mim tinha ficado nos últimos lugares...



Não é surpresa nenhuma que a ARJ Macedónia aposte melhor na Eurovisão Júnior do que concurso dos grandes. Mas também não é surpresa nenhuma que fique em 12.º lugar: este é o terceiro consecutivo e o oitavo em catorze participações. A canção deste ano, "Doma", tinha (aparentemente) tudo para um grande resultado, mas em palco ficou muito aquém do esperado, tornando-se apenas mais uma canção a concurso. Contudo, merecia mais do que um mero 12.º lugar.

Outra das canções que, em momento algum, me conseguir convencer veio da Bielorrússia... "Time" é uma canção moderna, mas que não traz nada (nada nada nada) de novo. Por outro lado, a atuação foi muito bem conseguida, mas mesmo assim não conseguiu captar a minha atenção: aliás, nem a minha, nem a da maioria dos telespectadores. O fastio foi atenuado... mas não mesmo. 11.º lugar foi muito acima do que colocaria a nível pessoal, mas muito abaixo daquilo que previa.


Nunca me chamou à atenção, mas devo admitir que, no domingo, foi das canções que mais me marcou... Bem defendida (apesar de um inglês um tanto duvidoso), "Unbreakable" só quebrou mesmo na hora da votação. Com uma atuação sem grandes clichés e apostando na simplicidade (começando pelas roupas), na minha opinião teria colocado a Rússia um pouco acima... Gostei!


Não gosto, não gostei e duvido muito que um dia venha a gostar... Além de "L.E.V.O.N" ser uma das piores canções do ano, a interpretação de LEVON irritou-me profundamente. Dos gestos aos olhares, passando pela colocação de voz... não! O rapazinho estava claramente convencido que ia conquistar um grande resultado mas, felizmente, tal não aconteceu. Merecia muito abaixo do que realmente conquistou. Se fosse outro país, o desfecho seria outro, mas tratando-se da Arménia... 



A Geórgia é a Irlanda da Eurovisão dos pequenos... e é fácil entender a razão. Com uma grande canção e uma grande intérprete, a Geórgia apostou forte na candidatura... mas perdeu o impacto em palco. A nível de interpretação, Tamar Edilashvili roçou o perfeito, mas a atuação ficou a saber a pouco. Nota máxima para a canção, nota média para a atuação... e nota negativa para o guarda-roupa e styling. Pena que a Geórgia não aposte tão forte também no Festival Eurovisão.

Há grandes canções que chegam a palco e afundam... e depois há 'cançõezinhas' que chegam a palco e crescem de uma forma incrível: Itália foi assim! "What Is Love" é uma canção que não consegue captar a atenção na versão estúdio, mas cuja prestação foi uma das mais bem conseguidas da edição. Do cenário ao guarda-roupa, passando pela junção das vozes, pelos planos e pela doçura transmitida pelos cantores: tudo ali resultou. Admito que, depois das atuações, vi aqui uma possível vencedora. A surpresa da edição!


"Ózine Sen", a canção do Cazaquistão, era, desde a sua escolha, a minha favorita para vencer o Festival Eurovisão Júnior 2018. Contudo, sabia que tal não iria acontecer... infelizmente. Daneliya Tuleshova é uma grande cantora e, apesar de não ter estado no seu melhor, mostrou muito do seu potencial. Admito que a canção não seja fácil de agradar a todos, mas ter ficado a zeros em 7 dos 19 painéis de jurados? Enfim... Por mim tinha disputado a vitória! Foi a injustiçada da edição e espero que o Cazaquistão continue nas lides eurovisivas!

Pior do que o Cazaquistão em sexto lugar... só mesmo Malta em quinto lugar. "Marchin'On" era, para mim, uma das piores canções da edição. Tinha uma mensagem fortíssima e foi extremamente bem interpretada, mas era mais uma no alinhamento... pelo menos pensava eu. Não gostei e, minutos depois, tinha dificuldades em lembrar-me da canção. Por mim tinha ficado nos últimos lugar, escapando aos últimos pela grande interpretação. Às vezes é muito complicado entender certas votações...

Estava reticente a "Say Love" desde o seu anúncio... havia algo que me provocava comichão na canção. Contudo, tudo se desvaneceu aos primeiros segundos! Que atuação! Darina Krasnovetska deu tudo o que tinha (e o que não tinha) em palco, apregoando à Paz... vinda de um país em guerra. Em certos momentos da atuação lembrei-me de Alyosha em Oslo. Uma das mais bem conseguidas e merecedora da classificação! Bravo Ucrânia!



A lembrar algumas das grandes estrelas internacionais, Jael, a representante da Austrália, foi uma verdadeira campeã do concurso. Sozinha em palco e em defesa de uma potente canção (apesar de ser a típica power ballad), a cantora mostrou o seu vozeirão para toda a Europa, voltando a ameaçar uma vitória australiana que, infelizmente, não aconteceu. O público assim não quis, mas se tivesse ganho não me teria chocado... Teremos uma vitória australiana em 2019?


Adoro! Adoro! Adoro! Tudo ali foi perfeito! A canção, a atuação, a interpretação... Mon Dieu! Angelina, como o seu ar e voz angelicais, conseguiu captar toda a minha atenção e tornou a canção de França na que melhor resultou em televisão! "Jamais Sans Toi" tinha um dos refrões mais fortes e acredito que tenha ficado na cabeça de milhares... O que faltou para vencer? Apenas e só 12 pontos, mas Angelina conquistou um lugar cativo nos nossos corações! Parabéns França! Parabéns Angelina!


Afastada dos meus favoritos, vi, desde cedo, na canção da Polónia, uma das canções que poderia vir a surpreender na votação... não me enganei. Por mim não teria vencido, mas não a afastaria dos lugares cimeiros. Bem produzida, "Anyone I Want To Be" era uma das canções adultas que melhor resultaram quando ajustadas ao concurso infantil, mas o que mais me surpreendeu foi a interpretação segura por parte da intérprete... Quando um país escolhe uma estrela em ascenção e aposta forte na canção, os resultados aparecem! Parabéns Polónia!

Terminadas as atuações, eis a minha classificação final:

1.º França
2.º Cazaquistão
3.º Austrália
4.º Polónia
5.º Ucrânia
6.º Geórgia
7.º Gales
8.º ARJ Macedónia
9.º Rússia
10.º Itália
11.º Portugal
12.º Sérvia
13.º Israel
14.º Azerbaijão
15.º Irlanda
16.º Malta
17.º Albânia
18.º Arménia
19.º Bielorrússia
20.º Holanda

À semelhança da última edição, o Festival Eurovisão Júnior voltou a ter lugar numa sala longe da sua capacidade máxima, ao contrário do que se viu em anos anteriores: contudo, a sensação de estar numa mini-Eurovisão é muito melhor do que uma transmissão num teatro, penso eu. Por outro lado, a votação voltou a repetir os minutos de suspense do Festival Eurovisão... E que nervos provocou! O sistema de votação online parece que, desta vez, não provocou grandes problemas, com os resultados a surgirem dentro do espectável... ao contrário da votação do júri, mas isto são contas de outro rosário.


Apesar da vitória polaca, a próxima sede do Festival Eurovisão Júnior ainda não está definida. Contudo, a fasquia deixada por Minsk está alta... a todos os níveis. Teremos um novo recorde de países? Haverá regressos à competição? Quem sairá? Estará Portugal a concurso pelo terceiro ano consecutivo, algo inédito na história? Estas perguntas só terão respostas dentro de vários meses, mas uma coisa é certa: o Festival Eurovisão Júnior está mais vivo que nunca!

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Fonte: OPINIÃO / Imagem/Vídeo: Junior Eurovision
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  1. Anónimo22:50

    Senti vergonha alheia quando vi uma foto da RTP com a quantidade de gente que foi passear a Minsk.

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    1. Anónimo00:30

      Verdade
      Gostava de saber a função de cada um, e a avaliação do seu trabalho

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    2. Anónimo07:46

      Realmente. Em vez de levarem bailarinos, levam pessoas da RTP que em nada faziam falta.

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  2. Eu gostei da Holanda, mas gostos são gostos. Parabéns Nuno pelo artigo mas no próximo Esc se puder faça estes posts das semifinais do ESC .

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