Todas as semanas no ESCPORTUGAL, a crítica aos álbuns editados por artistas que participaram no concurso Eurovisão da Canção e/ou seleções nacionais ao longo dos anos. Hoje o destaque vai para novo álbum de Jorge Fernando, "De mim para mim".
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
O responsável da rubrica é Carlos Carvalho.
Lançamento: 04 de maio de 2018
Nota: 9/10
Jorge Fernando é um figura
incontornável da música portuguesa, do Novo Fado, do Fado, mas que,
injustamente é ainda muitas vezes reduzido ao homem do “Umbadá” ou ao “viola da
Amália”. A responsabilidade e o contributo de Jorge Fernando vão desde a oferta
de canções intemporais à história da música portuguesa, à descoberta de muitos
dos novos nomes da nova geração de fadistas. Como podem ver abaixo, na
entrevista concedida ao “Inferno”, o próprio brinca com a situação, o que, por
um lado demonstra agradecimento pela sua rampa de lançamento e, por outro, a
humildade comum aos grandes artistas, mesmo quando esses artistas atingem
patamares artísticos supostamente superiores aos do começo. Este
reconhecimento, em nome da nostalgia, deu direito a uma revistada versão de
“Umbadá” no novo álbum intitulado “De mim para mim”. Mas este é apenas um
momento de um disco que promete (e deve) marcar o ano de 2018.
“De mim para mim” é o primeiro
trabalho discográfico desde “Chamam-lhe Fado” (2012), representando, assim, a
maior pausa discográfica de Jorge Fernando em nome próprio desde o lançamento
do seu primeiro single, no final dos anos 70, “Trigueirinha”. Apesar das letras
e músicas serem da autoria de Jorge Fernando (à exceção das músicas “Traço” e
“O Pobre” da autoria de Guilherme Banza”), “De mim para mim” é um trabalho de
equipa. Uma equipa da qual se destacam os nomes de Dino D’ Santiago nos
arranjos vocais e vozes, Fred Ferreira na programação electrónica e de Fábia
Rebordão na produção executiva. Um álbum que ainda é enriquecido com as
participações de Agir em “Lobisomem” (voz e programação electrónica), António
Zambujo em “Sr. Doutor” e Jorge Nunes (seu filho) em “Menino Triste”.
Ou seja, em “De mim para mim” temos Jorge Fernando na
incessante nova abordagem do fado, na procura de sons mais atuais, mas sem
nunca colocar em causa a essência artística da sua marca. “De
mim para mim” continua, assim, ao fim de 40 anos de edições discográficas, o
trabalho ímpar de Jorge Fernando, trabalho este que tem no seu catálogo álbuns
representativos do que melhor se fez na década de 90 – destaco, de modo
particular, o subvalorizado “Terra d’Água”, 1997.
No novo álbum, para além da
frescura vocal de Jorge Fernando, temos a intuição imediata de que Jorge
Fernando conseguiu uma vez mais a proeza de compor futuros clássicos da música
portuguesa, destacando-se “Lobisomem” e “O Pobre”. Como escutas recomendadas
(apetecia-me escrever “obrigatórias”), “Menino Triste” e principalmente
“Estranhamente” são imperdíveis.
Na semana de lançamento, “De mim
para mim” entrou diretamente para o #10 dos álbuns mais vendidos em Portugal,
permanecendo no top 40 durante mais 3 semanas. Bom desempenho, mas merece mais
e cremos que assim vai acontecer….
Em 2004, a Universal, inserida na
coleção “A arte e a música”, lançou uma compilação de Jorge Fernando, na qual é
possível ler o seguinte:
“Jorge Fernando é um artista de
corpo inteiro, que recusa quaisquer catalogações na música que faz: é possível
ser clássico e ligeiro, moderno e popular ao mesmo tempo, e é isso que Jorge
Fernando insiste em ser, como poucos outros entre nós o conseguem”.
“De mim para mim” comprova o que
acima foi transcrito e é de escuta obrigatória. Um álbum moderno com travo a
intemporalidade.
Atuações televisivas
De mim para mim
Bola P'ra Frente
Temas destacados por
Carlos Carvalho: “O Pobre” e “Estranhamente”
Alinhamento
De
mim para mim
Sr.
Doutor (com António Zambujo)
Bola
p’ra frente
Traço
Lobisomem
(voz, Agir)
O
Pobre
Desalento
Menino
Triste (com Jorge Nunes)
Estranhamente
A
minha história
Umbadá
Barquito
corcel
Pode
ouvir o disco AQUI
A ver
"De Mim Para Mim", de
Jorge Fernando | Inferno
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