Júlio Resende apresentou ao final de tarde de domingo um concerto com algumas das obras do seu vasto reportório, na Fundação do pintor que tem o mesmo nome do compositor. O ESCPORTUGAL esteve em Gondomar. Um concerto emotivo e emocionado.
O piano é capaz de provocar paixões e é essa capacidade de emocionar que Júlio Resende consegue com a sua obra. Tivemos, uma vez mais, prova disso no concerto que protagonizou em Gondomar no passado domingo, ante um auditório lotado para ouvir uma ínfima parte da sua obra gravada em 4 álbuns.
O concerto integrou as comemorações do centenário do nascimento de um outro Júlio Resende, o pintor, nascido em Gondomar. A coincidência do nome é apenas isso mesmo, uma coincidência, aproveitada e bem pela Fundação para associar pintura e música no leque de eventos que está, este ano, a levar a cabo.
“Esta é a minha primeira vez nesta Fundação”, começou por dizer o músico quando entrou na sala e depois de receber uma grande salva de palmas. “Quando me perguntam se eu tenho alguma coisa a ver com o Júlio Resende pintor, eu digo apenas que eu sou um pintor da música!” E neste concerto, o músico pretendeu como que “improvisar ao piano, tentando desenhar música numa tela em branco”.
Agarrado o público, o concerto a solo com duração superior a uma hora não teve um alinhamento definido. De temas originais, como “Da alma” extraído do seu primeiro álbum de 2007 e “Silêncio for the fado” de 2011, passando por temas primitivamente interpretados por Amália Rodrigues e que mereceram uma homenagem de Júlio Resende no seu último álbum como “Gaivota”, “Barco negro”, “Vou Dar de Beber à Dor” ou “A Casa da Mariquinhas”.
Júlio Resende brilhou como solista, tão fulgurante como já nos habituou a solo, ou a acompanhar os projetos que já defendeu no palco com Salvador Sobral, Sofia Vitória, entre outros. Do vasto curriculum de Júlio Resende, podemos destacar que começou a tocar aos 4 anos de idade. Tem um background na Música Clássica, mas o fado também é uma paixão. É disso exemplo o álbum editado em 2013 - “Amália por Júlio Resende”. Cantar as melodias com o piano, em vez de as acompanhar apenas. Acompanha Salvador Sobral nos seus concertos a solo e é o criador do grupo Alexander Search, também com Salvador na voz.
No final do concerto, e depois de uma concorrida sessão de autógrafos, Júlio Resende falou com o ESCPORTUGAL sobre esta experiência. “Estar cá foi uma alegria! Resultou de um convite da Fundação, que eu acedi prontamente. Já conhecia a arte do Júlio Resende, mas nunca tinha tido oportunidade de conhecer a Fundação e este espaço de exposição”. Neste concerto, Júlio foi igual a si mesmo: “Pego nas canções e volto a dize-las de um outro modo”.
Ao falar com o ESCPORTUGAL seria inevitável abordarmos o Festival da Canção de 2018, para o qual Júlio Resende é um dos compositores convidados pela RTP. “Honrou-me o convite da RTP para compor uma canção e é com muito gosto que estou a participar”, começou por nos dizer. Resende recebeu o convite “com um misto de apreensão e alegria (risos)”. E explica porquê: “Foi tanto o buzz sobre este último festival que será impossível rivalizar ou sequer sonhar com alguma coisa melhor do que aquilo!", referindo-se à vitória da canção ‘Amar pelos dois’ no Festival da Canção e na Eurovisão 2017. “Essa é a apreensão! Mas de resto, aceitei o desafio e parto com o objetivo de levar ao festival uma canção bonita feita”.
Na próxima quinta-feira decorrerá a conferência de imprensa de apresentação do Festival da Canção em Lisboa. Júlio Resende não poderá estar presente, por estar de viagem na Holanda, mas estará a intérprete da sua canção. Apesar de não poder revelar o nome da artista nem o título da canção, Resende confessou-nos que a composição do tema é de sua autoria, sendo a letra em português de Camila Ferraro.
Fonte: ESCPORTUGAL / Imagem: ESCPORTUGAL
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