Finda a edição de 2017 do Festival Eurovisão da Canção, de onde nos orgulhamos de ter saído vencedores, o nosso leitor André Moreira traz à mesa uma questão que sempre lhe despertou curiosidade, sobretudo desde que o Júri + Televoto entrou em vigor: de que forma é limitante cada país ter apenas 10 vagas para atribuir pontos em cada vertente Júri e Televoto?
Assim sendo, à semelhança de 2015, partiu à descoberta de como mudariam os resultados com este sistema de votação: reveja esse mesmo estudo AQUI .
Celebrate Diversity foi o grande lema escolhido para este ano e, de facto, com a diversidade e arrojo de Salvador Sobral e de tantos outros intérpretes que lutaram por uma boa posição, prevalece agora o dissabor de esperar mais um ano para que um novo mote entre em vigor. Até ao momento, vários sistemas de votação têm vindo a ser adotados e, com eles, diversas questões levantadas: polémicas de voto estratégico, polémicas de parcialidade dos jurados e, obviamente o típico e, infelizmente incontornável block-voting. Presencia-se anualmente aquilo que são surpresas negativas do voto e um constante aumento de contestação pelos fãs já impacientes com este desvio ao real objetivo do programa.
Face aos resultados de 2017 e face à disparidade dos votos da final, considerei interessante investigar mais uma vez como seria se o método todos votam em todos estivesse em vigor. E por que razão seria este método interessante?
1.º Porque nos permite equilibrar situações de block voting - ou seja, uma canção que tem muitos pontos dos países vizinhos, mas em que nos restantes não se verifique apreciação.
2.º Dado que evita os zero pontos, que são desmotivantes tanto para os fãs como para os artistas (mais ou menos bons), dado que todos se esforçam em prol de dar o melhor possível em palco.
Celebrate Diversity foi o grande lema escolhido para este ano e, de facto, com a diversidade e arrojo de Salvador Sobral e de tantos outros intérpretes que lutaram por uma boa posição, prevalece agora o dissabor de esperar mais um ano para que um novo mote entre em vigor. Até ao momento, vários sistemas de votação têm vindo a ser adotados e, com eles, diversas questões levantadas: polémicas de voto estratégico, polémicas de parcialidade dos jurados e, obviamente o típico e, infelizmente incontornável block-voting. Presencia-se anualmente aquilo que são surpresas negativas do voto e um constante aumento de contestação pelos fãs já impacientes com este desvio ao real objetivo do programa.
Face aos resultados de 2017 e face à disparidade dos votos da final, considerei interessante investigar mais uma vez como seria se o método todos votam em todos estivesse em vigor. E por que razão seria este método interessante?
1.º Porque nos permite equilibrar situações de block voting - ou seja, uma canção que tem muitos pontos dos países vizinhos, mas em que nos restantes não se verifique apreciação.
2.º Dado que evita os zero pontos, que são desmotivantes tanto para os fãs como para os artistas (mais ou menos bons), dado que todos se esforçam em prol de dar o melhor possível em palco.
3.º Uma vez que aproxima os participantes, na medida em que todos terão uma apreciação de todos os outros e não de apenas um ou outro pela Europa, o que nos permite em tempo real observar em que países a canção proposta não foi tão bem aceite.
4.º Aumenta a rastreabilidade ao voto do juri - isto é, havendo a atribuição de pontos para todos e não somente para 10 países, não existe ocultação de tudo o que ficou entre o 11º-26º lugar no direto que, tal como sabemos, é uma justificação para muitos países tentarem um golpe ou se exprimirem politicamente.
5.º Aumenta a sensibilidade ao resultado final - isto é, o resultado final resulta de um ranking TOTAL dos países e não de um TOP 10.
6.º Estimula o voto – se o meu país vai votar em todos os outros, então o meu voto poderá fazer diferença nem que seja para um 24.º e um 20.º lugar. Considero que este é até o ponto mais interessante a focar. Muitas vezes o facto de se votar em apenas 10 países desencoraja a votação num país que, previamente, pareça ser candidato às últimas pontuações.
Perante todas estas situações, este novo método de votação seria realizado da seguinte forma (adaptado para 2017 e para os países concorrentes):
1. Cada país permaneceria com igual número de elementos do júri que, individualmente, efetuam o seu TOP 25 ou 26 de países.
1.1. Pela média de todos os rankings individuais de cada jurado, um top 25 (para países votantes finalistas) ou 26 (para países votantes não finalistas) é criado, o qual consistirá na votação do júri desse mesmo país.
2. Ao país que fica na 1.ª posição seriam atribuídos um total de 25 pontos; ao que fica na 2.ª posição um total de 24 pontos, e assim sucessivamente até ao 25.º classificado, ao qual seria atribuído apenas 1 ponto.
2.1. No caso de o país ser finalista, todos os restantes 25 países serão pontuados entre 1-25 pontos.
2.2. No caso de o país votante ser não finalista, apenas os países alocados nas 25 primeiras posições são pontuados entre 1-25 pontos, sendo que o 26.º lugar não obtém qualquer pontuação.
3. O mesmo se aplica para a votação do televoto. Após o ranking das votações por país ser obtido, atribuem-se as pontuações desta mesma forma.
4. Vence quem tiver o maior número de pontos do Júri + Televoto.
Quais seriam, deste modo, as diferenças nos resultados do Festival da Eurovisão da Canção 2017? Continuaria Portugal a vencer ambas as votações?
Vamos por partes:
No que concerne à votação do júri o cenário seria este:
Interpretação da tabela: à esquerda as pontuações pelo método por mim criado e à direita as votações do Júri pelo atual modelo.
Denote-se que o TOP 5 pelo atual modelo e pelo modelo por mim sugerido (Todos por todos – TxT) se mantém intacto. Portugal manteria a 1ª posição, seguido de Bulgária, Suécia, Austrália e Holanda. Porém, Moldávia e Áustria ascenderiam à 6.ª e 7.ª posições, respetivamente, ultrapassando a Itália que cairia para a 8.ª posição.
Denote-se que a Áustria seria o país que mais beneficiaria nos lugares cimeiros, consistindo numa subida de 11.º para o 7.º lugar. Em contrapartida a Bélgica cairia para a 11.ª posição.
Sobre as restantes posições, de denotar que na última posição permaneceria Espanha com uma larga margem de diferença para a penúltima posição que deixaria de ser da Alemanha e passaria, curiosamente, a pertencer à Ucrânia. Grécia perderia 4 posições (que ganhou, em grande parte pela diáspora), à semelhança da Roménia que decresceria da 15.ª posição para a 19.ª. A Polónia seria outro dos países que mais beneficiaria, subindo 4 posições nas preferências do júri. ´
Denote-se que a Áustria seria o país que mais beneficiaria nos lugares cimeiros, consistindo numa subida de 11.º para o 7.º lugar. Em contrapartida a Bélgica cairia para a 11.ª posição.
Sobre as restantes posições, de denotar que na última posição permaneceria Espanha com uma larga margem de diferença para a penúltima posição que deixaria de ser da Alemanha e passaria, curiosamente, a pertencer à Ucrânia. Grécia perderia 4 posições (que ganhou, em grande parte pela diáspora), à semelhança da Roménia que decresceria da 15.ª posição para a 19.ª. A Polónia seria outro dos países que mais beneficiaria, subindo 4 posições nas preferências do júri. ´
Televoto
É ao nível do televoto que encontramos os resultados mais interessantes comparando o atual sistema com o TxT. A margem que separa Portugal e Bulgária reduziria ligeiramente sendo que estes, juntamente com a Moldávia, constituiriam o TOP 3 desta edição. Verifique-se ainda que o TOP 8 não sofreria qualquer alteração a não ser na redução da margem entre Bélgica e Moldávia. França e Croácia trocariam posições, Polónia perderia 4 lugares e Israel ascenderia da 22.ª para a 15.ª posição. Também a Austrália ascenderia 8 posições, comprovando que foi das mais prejudicadas pela existência de apenas 10 vagas na atribuição de pontos por país. Áustria deixaria de ser a última classificada e ficaria bem próxima do 22.º lugar do televoto. Azerbaijão seria quem mais perderia com este modelo (11.º para 19.º lugar).
Resultados Finais
Portugal, com mais de 100 pontos de vantagem, seria o grande vencedor da edição, seguido de Bulgária e Moldávia. Suécia ficaria muito próxima da 3.ª posição e ultrapassaria a Bélgica no resultado final. Noruega iria ceder o seu top 10 para a Holanda. França recuperaria algumas posições atingindo a 11.ª posição. Chipre entraria no TOP 20 para a 18.ª posição, assim como a Polónia para a 20.ª, roubando o lugar à Dinamarca (20.º-22.ª posição) e Grécia (19.ª-23.ª posição). O bottom 3 permaneceria o mesmo.
Celebrar a diversidade na totalidade.
Até à próxima!
Por: André Moreira
Parece-me bem. Envia isto à EBU. (o)
ResponderEliminarAcho este método muito mais justo, e já tinha comentado aqui em casa enquanto via a Eurovisão este ano.. Parabéns pelo trabalho!
ResponderEliminarApoiava sem dúvida este sistema de votação.
ResponderEliminarSempre é mais justo, porque todos ficavam a ganhar, especialmente os 11° classificados (que perante o sistema real ficariam sem qualquer pontuação, e por vezes por pouco fora do top 10). Muito boa análise André Moreira! (h)
Muito bom artigo! Bravo ao André Moreira pelo trabalho irrepreensível!
ResponderEliminarExcelente artigo!
ResponderEliminarAndré, pena escreveres tão poucas vezes :)
ResponderEliminarPenso que seria extremamente interessante propor este sistema à UER... é mais justo e democrático... incentivando todos a exprimir-se pois nenhum voto é desconsiderado...
ResponderEliminarE o ESC 2018 ficaria para a história...
Outra proposta interessante seria de reintroduzir a orquestra para os países que a desejassem usar... bem como os instrumentos poderem ser tocados ao vivo... para atrair mais as bandas de qualidade... afinal o facto de tudo ser pré-gravado, exceto a voz... e chegar ao cúmulo de se esconderem os coros por uma questão estética... acho que se empobrece o espetáculo musical em proveito do espetáculo visual... e cada país poderia optar...
Deviamos enviar esta proposta à ebu/uer num cd tendo por música de fundo o Paulo de Carvalho a cantar uma versao de "10 anos é muito tempo", neste caso seria "10 vagas é pouca vaga"
ResponderEliminarHá um problema não considerado aqui, julgo. E acredito que é um dos problemas que a EBU tem tentado suavizar com cada novo sistema anunciado. Desde que foi implementado o televoto, houve sempre alguma desconfiança relativamente à veracidade do mesmo. E, hoje, é ainda mais evidente, com países como San Marino a participar. O televoto de San Marino foi posto em questão este ano, por exemplo. Em países com populações tão pequenas (e incluiria aqui, também, países como Portugal e até a Suécia, que tem uma população ainda menor que a de Portugal), já é complicado entender como é que a população, ano após ano, tem favoritos tão diferentes a fim de ser capaz de votar em 10 países distintos, para que se possa apresentar, no final, pontuações de 1 a 12. Gerar-se-ia ainda mais desconfiança se se exigisse a todos os países que apresentassem uma lista de 26 países ordenados pela preferência do seu televoto - significaria que, numa população tão pequena como a de San Marino, as pessoas teriam votado em 26 países diferentes, o que seria, no mínimo, insólito. O que isto geraria (mais do que o que já gera, muito provavelmente) era que, pelo menos, parte da lista do televoto apresentada fosse inventada pela estação de televisão. Tornar-se-ia, possivelmente, na nova polémica eurovisiva. Poderia ser, eventualmente, aplicado apenas à votação do júri, mas aí haveria outro problema - o júri passaria a ter mais peso na pontuação do que o televoto e seria outra polémica.
ResponderEliminarIsto não passa de uma treta, uma perda de tempo. A votação de 1 a 12 é a mais adequada. Onde é que haveria espaço para tantos pontos (no ecrã)?? Esquecem-se que a votação é pensada para ser anunciada em direto e não para ser lida na internet meia hora depois do espectáculo! Quem perde o ESC não são só os que ficam em último lugar com 0 pontos, mas todos os que não ganham (do 2º ao 26º).
ResponderEliminarClaro que sim. Como se perde tanto tempo com coisas insignificantes.Eu até sou a favor de uma votação mais simples e menos monótona.As pessoas poderiam votar em todas as composições, o que seria um absurdo, mas só seriam transmitidas as votações até ao 5º lugar.
EliminarPermita-me estar totalmente em desacordo com o argumento do espaço quando atualmente já há números de três algarismos no ecrã. Não seria mais um em certos países que iriam inviabilizar este método.
EliminarSobre a questão dos resultados, relembro que logo no final da edição todos os resultados são disponibilizados o que pressupõe que no seu decurso todos os votos estejam já contabilizados e nesses contemplados os TOP 26 de todos os países.
Podem perder os do 2º ao 26º lugar (VIVAMENTE DE ACORDO), mas não é igual perder em 2º ou em 26º lugar. Este método asseguraria outra dimensão no panorama do voto.
A questão monetária também não deve ser esquecida e o televoto aqui seria muito estimulado.
Em relação à ordem de revelação dos resultados, a mesma poderá ser primariamente do TOP 10 (como atualmente), no sistema de pontos que proponho, porém, após o anúncio do país mais votado, apareceriam as restantes pontuações atribuídas aos restantes países pelo país votante.
Espero ter respondido a tudo :)
Ressalvando ainda que, não considero isto uma falta de tempo, pois se o considerasse não o havia feito. É somente e só uma opinião que tentei fundamentar. Não é exatamente uma proposta ou algo que eu considere de obrigatoriedade de aplicação. De qualquer das formas, há que questionar as coisas e enquanto eu tiver essa oportunidade, fá-lo-ei.