A RTP prometeu um regresso em grande e contra todos os prognósticos... cumpriu! Independentemente do resultado em Kiev, o Festival da Canção 2017 foi um dos melhores de que há memória para os eurofãs e já conquistou a mais importante vitória: uniu os portugueses em torno de uma canção!
Depois de duas semifinais um tanto agri-doces, a RTP levou a cabo a Grande Final do Festival da Canção 2017 em pleno Coliseu dos Recreios e incluída na gala de comemoração dos seus 60 anos. Aposta mais do que ganha! É certo que o espectáculo teve uma duração superior ao desejado (menos uma hora e teria sido perfeito), mas foi bonito de se ver todo o investimento feito pela RTP para a gala que selecionou os seus representantes para o Festival Eurovisão 2017: o local, as luzes, o palco, a acústica... até a apresentação individual das canções feita por alguns dos maiores nomes da televisão pública portuguesa.
Ah! Antes de mais: Já o havia feito anteriormente, mas nunca é demais agradecer. Parabéns (e obrigado) RTP pelos "postcards" que antecederam todas as atuações. Realmente já ninguém queria saber se os cantores preferiam praia ou montanha ou qual é o seu livro favorito! Mas deixemos de parte esses pormenores (mas importantes!) e continuemos pelas jóias da coroa da gala: as canções!
E a 'fava' da edição calhou a Jorge Benvinda... Com uma crítica social bastante atual, que em muito lembrou a figura de Carlos Paião e dos temas que esse escreveu para diversas personagens de Herman José, "Gente Bestial" foi uma das agradáveis surpresas da votação da Grande Final. Divertida, viciante e muito, mas muito, aliciante, a canção merece ter um lugar de destaque nos próximos concertos dos Virgem Suta e nas rádios portuguesas. Sobre a atuação não há muito mais a dizer: gostei, apesar de ter preferido a atuação na semifinal. Espero que esta não tenha sido a única participação da dupla Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda no Festival da Canção... porque foram realmente "bestiais".
Contra "ventos e marés", Pedro Gonçalves conseguiu ser o único dos cantores com temas em inglês a apurar-se para a Grande Final. Se na semifinal já havia louvado o compositor João Pedro Coimbra por estar a trabalhar não para uma participação no Festival da Canção mas sim para uma eventual participação no Festival Eurovisão, eis que redobro os meus louvores: as arestas a limar foram mais que limadas e Pedro mostrou-se com ganas de ir a Kiev. Um novo visual, uma nova coreografia dos bailarinos (a anterior não estava a resultar...) e uma interpretação arrepiante (uma das melhores da noite). Talvez não fosse a melhor proposta para o Festival Eurovisão, mas merecia MUITO melhor que o sexto lugar na tabela classificada. No entanto, fica na história como a primeira canção totalmente interpretada em inglês a disputar uma Final do Festival da Canção. Destaco o facto de ter sido a mais votada pelo público da semifinal 2 e a terceira mais votada pelo público na grande final. Sim, há muita gente a querer cançõs em inglês!
Todos os anos, há aquela canção que não me sai da cabeça... aquela canção que se trauteia a toda a hora... em todos os momentos. E este ano não podia ser diferente: mil salvas de palmas a Pedro da Silva Martins, compositor de "Nunca me Fui Embora". E se houve canção nesta edição que fosse "a cara" do intérprete foi este. Lena d'Água defendeu com "unhas e dentes" a canção com um travo de animação e irreverência (palavra que devia constar mesmo do seu nome), mostrando que não tinha nada para provar ou justificar: a sua longa carreira, os seus inúmeros sucessos e a sua vontade de marcar falam por si e estiveram presentes em palco,"foi uma aventura e tanto e eu aqui estou". Pelos vistos a parceria entre a cantora e o compositor irá extravasar o Festival... estou curioso com esses projetos! Obrigado Lena por nunca teres ido embora!
Se alguém ainda tinha dúvidas, essas evaporaram-se ainda antes da canção começar. «Amar pelos Dois» conseguiu (sim, porque independentemente dos resultados, a vitória já foi alcançada) algo que, a meu ver, era impossível: conseguiu unir o país em torno de uma participação no Festival Eurovisão. Depois do sucesso na primeira semifinal, muito se escreveu e comentou sobre Salvador Sobral que, no Coliseu, apenas foi o Salvador Sobral: a simplicidade da atuação, a acústica, as palavras, o tão elogiado jogo de cordas e as avalanches de aplausos tornaram a atuação numa das mais arrepiantes da história do Festival da Canção. Ao contrário da maioria, concordo com a opção da RTP em ter continuado a atuação apesar do cantor ter alegado dificuldades técnicos logo no início: a reação genuína do público aos primeiros acordes ficarão de certo na nossa memória. Não era o meu favorito na Grande Final e seria hipócrita se dissesse que o era devido à vitória... Mas, a partir de 5 de março, Salvador Sobral passou a ser o representante do meu país no concurso europeu. Como disse anteriormente, a vitória já foi alcançada, independentemente do resultado em Kiev: Luísa e Salvador Sobral conseguiram unir o país em torno de uma participação no Festival Eurovisão. Go Go Salvador!
Após o desaire na semifinal, onde a atuação ficou muito aquém das expectativas, Fernando Daniel chegou ao Coliseu dos Recreios com vontade de dizer que estava na luta por Kiev... e estava mesmo! Era unânime que o som esteve longe do ideal durante a sua atuação na primeira gala, algo que prejudicou claramente a sua performance... mas havia mais coisas a reparar. E foram reparadas! Desde a mudança de visual à mudança da atuação (perdoem-me se estou enganado, mas pareceu-me ter existido também pequenas mudanças no instrumental), Fernando Daniel fez "A" interpretação que o tema precisava. Se a atuação na semifinal tivesse corrido como esta, provavelmente a canção teria estado mais acima na classificação... Para mim, foi a atuação que mais melhorou da semifinal para a Final. (Um aparte: Que tal convidarem a Noa para uma próxima edição do concurso? Fica a dica).
Celina da Piedade (sem a sua enorme saia...) seguiu-se no alinhamento da Grande Final. Se na canção da Lena d'Água muitos tinham conseguido evitar bater o pé e trautear "há sempre alguma coisa...", aqui foi impossível. "Primavera" foi claramente o tema mais animado e ritmado da edição, conseguindo pôr todo o público a bater palmas e a acompanhar a cantora durante os três minutos. Apesar de não ter estado nos seus melhores dias, Celina defendeu muito bem a sua candidatura e, novamente, percebeu-se a razão porque foi ela a intérprete da sua composição: não havia melhor pessoa para a defender se não ela própria! Sem dúvida que foi merecedora do terceiro lugar naquele que foi um dos melhores Festival da Canção de que há memória!
Considerada por muitos como a outsider da Grande Final, Deolinda Kinzimba mostrou todo o seu potencial com uma das melhores canções da noite. Sim, leram bem: uma das melhores canções. Repito o que disse na semifinal, se fosse apenas e só um concurso de canções, "O que eu vi nos meus sonhos" merecia, sem dúvida alguma, um lugar no pódio; contudo, sendo um concurso para apurar a melhor canção para o Festival Eurovisão, o caso muda de figura... Infelizmente, apesar da atuação arrasadora, que em nada se compara com a apresentada na semifinal, Deolinda acabou por ficar no lugar mais injusto de todos. Nota mais que positiva para Rita Redshoes quer pela composição da canção, quer pela alegria demonstrada em todos os momentos! Queremos ver-te de novo no Festival (e quem sabe a defender as tuas próprias composições)!
A minha favorita! Dizem que o primeiro impacto é determinante e apaixonei-me por "Nova Glória" logo na primeira audição: na minha opinião, é mesmo uma das melhores composições de sempre da história do Festival da Canção (Obrigado Nuno Gonçalves!!!). Os três cantores estiveram no seu melhor, tendo melhorado imenso a parte final da canção: aliás eles juraram "não falhar" e cumpriram a promessa. Ouça as vezes que ouvir, o arrepio mantém-se: foram três minutos de pura magia naquele palco. Sem menosprezar todos os outros intervenientes, sinto-me obrigado a destacar a atuação do contratenor João Paulo: se a alegria tivesse nome, seria João Paulo! Chega a ser emocionante a alegria que ele emanou durante a atuação... Aliás tudo ali foi emocionante. Não posso dizer que fiquei triste com os resultados, tendo em conta que a minha favorita foi também a favorita do público e que "perdeu" para o Salvador Sobral numa das edições mais fortes do concurso. Espero ouvir falar muito dos três cantores, seja em grupo ou individualmente! Portugal quer ver-vos novamente! (PS: Quem quiser um amigo para a vida, que me ofereça um smoking igual ao do João Paulo Peças :P Brincadeiras à parte, há que realçar o trabalho do Nuno Gama nas diversas criações que foram utilizadas na edição deste ano! Parabéns!)
Findadas as canções a concurso, eis que veio à memória a célebre frase de Ary dos Santos, dita por Fernando Tordo em 1973: "e diz o inteligente que acabaram as canções". O grupo Overnight Sensation Soul Orkestra foi o responsável pelos habituais medleys com temas do Festival da Canção que, ao contrário do que havia acontecido nas semifinais, pôs todo o público a cantar e até mesmo a dançar ao som de alguns dos mais ícones temas da história do Festival da Canção. Que bom foi voltar a ver a Rita Guerra no palco do Festival da Canção!.
Claro que Festival da Canção que é Festival da Canção tem de ter as suas homenagens... ainda para mais quando se assinalam os 60 anos da RTP. Umas mais merecidas do que outras, há que retirar o chapéu à RTP em homenagear alguns dos melhores do nosso país enquanto eles estão fisicamente entre nós! Contudo, encurtava um pouco a duração dos discursos e das homenagens!
Sobre a votação não há muito mais a dizer. O lote de finalistas do Festival da Canção 2017 prometia uma díficil tarefa para todos os responsáveis pela votação, mas no final acabou por vencer a melhor candidatura para o real propósito do concurso: o Festival Eurovisão. Gostei da inclusão do Senhor Osório, personagem interpretada por Eduardo Madeira, no concurso e quem sabe se não seria um óptimo porta-voz para a votação portuguesa em Kiev?
Mas falando em Kiev, há que frisar a grande surpresa da noite: Filomena Cautela. O seu talento e desenrasque para as situações mais embaraçosas já é conhecido de todos, especialmente para aqueles que acompanham o seu programa 5 Para a Meia Noite, mas este foi o projeto em que se viu realmente o seu poder e talento como apresentadora. Sem dúvida, a melhor da noite! Animada, divertida e espontânea, acho que seria a melhor aposta possível da RTP para acompanhar a delegação portuguesa em Kiev! Deixo aqui a sugestão!
Em jeito de resumo: Obrigado RTP! Obrigado eurofãs! Obrigado Portugal! Durante três semanas, o Festival da Canção foi tema de conversa (e de polémica... mas que há em Portugal que não tenha o seu quê de polémica?) como há muito não se via e deu para perceber que, ao contrário do que muitos dizem, o Festival da Canção é um programa que faz falta a Portugal e que o espírito eurovisivo está vivo e bem vivo! Foi bonito de ver o Coliseu dos Recreios cheio de fãs que, independentemente dos seus favoritos, aplaudiram de pé aquela que será a nossa representação em Kiev! Mas acima de tudo: Obrigado RTP por terem cumprido a vossa promessa.
Agora há que juntar as vozes em prol de um só nome: Salvador Sobral!
Obrigado a todos os leitores que leram esse meu testemunho! Espero pelos vossos comentários! Um bem haja a todos!
Fonte: ESCPortugal / Imagem: RTP /Vídeo: eurovision.tv
Opiniões são opiniões! Obrigada por partilhar a sua Nuno Carrilho, apesar de não concordar! Vamos lá ver se é este ano que celebramos a vitória!!
ResponderEliminarNao apoiava o Salvador mas já consigo gostar mais da cançao...tenho ouvido todos os dias. Acham que passamos à final?
ResponderEliminarBRAVO NUNO!!
ResponderEliminar" (Um aparte: Que tal convidarem a Noa para uma próxima edição do concurso? Fica a dica)."
ResponderEliminarquem é a Noa?
A violinista da atuação do Fernando Daniel: https://www.youtube.com/watch?v=8q7zgAO7lYc
EliminarGosto da maioria só falta a vitória em Kiev 😉
ResponderEliminarConcordo com quase tudo e sim obrigado RTP
ResponderEliminar100% televoto. O povo tem sempre razão e nestes anos todos sempre votou na melhor canção.
ResponderEliminarPor isso o público elegeu os Homens da luta em 2011??? Era a melhor canção????
EliminarDeve continuar 50/50 como se faz no ESC.
E pena todas as coisas em Portugal serem feitas para favorecer quem a direccao dos programas e dos canais de televisao querem.
ResponderEliminarDe facto a cancao do Salvador Sobral, tem uma letra e melodia muito bonita, mas na minha opiniao nao e cancao para um festival. E assim que fazemos sempre figuras tristes ao pe dos outros paises. A cancao dos Viva La Vida era mais propria para nos representar.