Jorge Fernando é um dos nomes incontornáveis do fado, como intérprete e como compositor. É autor de canções como "Boa noite solidão", "Búzios", "Quem vai ao fado", "Chuva" ou "Umbadá". Para o Festival da Canção 2017 pretende revelar um novo talento, Beatriz Felício. Eis a entrevista ao ESCPORTUGAL especialmente para os nossos leitores.
Ao falarmos de fado, temos necessariamente que incluir o nome de Jorge Fernando como um dos compositores do fado contemporâneo. Com quatro anos de idade já acompanhava o avô a cantar fado. Mas foi com 16 anos que teve a sua primeira experiência a sério, quando trabalhou com Fernando Maurício, considerado o "rei" do fado. Com essa tenra idade compôs “Boa noite solidão” para Fernando Maurício que ainda hoje é uma referência no fado. Do seu curriculum, destaca-se os 6 anos que acompanhou Amália Rodrigues à viola. Como produtor assinou o primeiro álbum de Mariza, "Fado em mim", os mais recentes de Ana Moura, Maria da Fé e Fábia Rebordão, Patrícia Rodrigues, Ricardo Ribeiro e João Pedro, entre outros.
Recuperamos o vídeo de “Chuva”, numa interpretação acústica de Jorge Fernando com Dino D’Santiago:
O ESCPORTUGAL conversou com Jorge Fernando esta tarde, um dia depois de chegar do Brasil onde protagonizou diversos concertos com Fábia Rebordão, e no meio das gravações da versão definitiva da canção “Ao teu olhar”, com a qual vai concorrer ao Festival da Canção 2017 na voz de Beatriz Felício. “Aceitei muito bem o convite da RTP para participar no festival”, começou por afirmar. “Tudo na vida é um ciclo: o festival, que já teve como finalidade ser a grande montra da música que se faz em Portugal, fugiu desse objetivo nos últimos anos, mas agora parece que irá voltar às suas origens”. Para o compositor, a televisão tem poucos ou nenhuns programas de música, sendo o Festival da Canção a grande exceção. “Entendo que os programas que têm existido nas televisões são, sobretudo, para revelar novos talentos que cantam quase igual aos artistas originais, colam-se a versões mas com pouca interpretação própria. São programas de entretenimento e têm de ser vistos apenas como tal, na minha opinião”. O festival tem o dom “de revelar canções e intérpretes de canções originais. Por alguma coisa – completou – muitos dos jovens que saem desses programas quando depois cantam canções originais ‘falta qualquer coisa’”.
Por outro lado, o Festival da Canção “tem o dom de juntar compositores, letristas e interpretes num mesmo programa! Vemo-nos tão poucas vezes e esta é uma excelente oportunidade para tal”. Recordámos que o festival é também um concurso, mas Jorge Fernando não o vê desse prisma. “Eu e os compositores que conheço não olhamos só para o lado competitivo; o objetivo do festival será destacar novos talentos e dar espaço àqueles que, infelizmente, estão mais desaparecidos dos palcos”.
Para esta edição do Festival da Canção Jorge Fernando escolheu Beatriz Felício, a mais jovem interprete desta edição. Recorde a sua entrevista com o ESCPORTUGAL AQUI. “Reconheço à Beatriz um talento enorme”, não hesitou em afirmar. “Não chega ter uma grande voz, que a tem. Tem um timbre lindo, a interpretação é genuína, isso faz como que seja diferente. É uma menina que está a crescer. Reconheço-lhe grande qualidade”. Ao gravar hoje a versão definitiva do tema, Jorge Fernando mostrou satisfação com o resultado final. “Estou muito contente!”, exclamou.
Convidámos o nosso interlocutor a falar do tema. “Não quero dizer que seja um fado, é uma canção”, faz questão de esclarecer. “Porque estamos a falar de uma canção que poderá nos representar na Eurovisão, tem de ter algo nosso, a portugalidade para se tornar distintiva. Não é essencialmente um fado, mas tem um cheirinho de fado. A Eurovisão não é um festival de música étnica, tem de chegar a um público mais vasto, tem de ter sons mais vastos e abrangentes”.
Para Jorge Fernando, que tem viajado pelo mundo quer a solo, quer acompanhando outros fadistas, “está a abrir-se um novo ciclo, novamente, em que toda a música que é feita para consumir e deitar fora está a perder lugar”. Por isso, “músicas como o fado estão a prender a atenção das pessoas”, destacou. “Acho que será mais interessante um tema que mostre perfeitamente que é portuguesa do que ser mais um tema misturado com outros temas pop”, sublinhou.
Na nossa conversa com Jorge Fernando, houve tempo para falar de outros festivais. O músico e intérprete tem três participações no Festival da Canção no currículum: A primeira em 1983 com “Rosas brancas para o meu amor”; em 1985 regressa com “Umbadá” e em 1990 com “Via Aérea”. Mas “Umbadá” não o largou mais desde 1985. “Costuma-se dizer que o povo português tem memória curta, mas esta canção veio provar exatamente o contrário”, disse a sorrir. “Ainda hoje, adolescentes, que em 1985 nem sequer eram projeto, me pedem para cantar Umbadá”(risos).
Recordemos uma homenagem feita pela RTP em 2012 a propósito desta canção:
Por outro lado, o Festival da Canção “tem o dom de juntar compositores, letristas e interpretes num mesmo programa! Vemo-nos tão poucas vezes e esta é uma excelente oportunidade para tal”. Recordámos que o festival é também um concurso, mas Jorge Fernando não o vê desse prisma. “Eu e os compositores que conheço não olhamos só para o lado competitivo; o objetivo do festival será destacar novos talentos e dar espaço àqueles que, infelizmente, estão mais desaparecidos dos palcos”.
Para esta edição do Festival da Canção Jorge Fernando escolheu Beatriz Felício, a mais jovem interprete desta edição. Recorde a sua entrevista com o ESCPORTUGAL AQUI. “Reconheço à Beatriz um talento enorme”, não hesitou em afirmar. “Não chega ter uma grande voz, que a tem. Tem um timbre lindo, a interpretação é genuína, isso faz como que seja diferente. É uma menina que está a crescer. Reconheço-lhe grande qualidade”. Ao gravar hoje a versão definitiva do tema, Jorge Fernando mostrou satisfação com o resultado final. “Estou muito contente!”, exclamou.
Convidámos o nosso interlocutor a falar do tema. “Não quero dizer que seja um fado, é uma canção”, faz questão de esclarecer. “Porque estamos a falar de uma canção que poderá nos representar na Eurovisão, tem de ter algo nosso, a portugalidade para se tornar distintiva. Não é essencialmente um fado, mas tem um cheirinho de fado. A Eurovisão não é um festival de música étnica, tem de chegar a um público mais vasto, tem de ter sons mais vastos e abrangentes”.
Para Jorge Fernando, que tem viajado pelo mundo quer a solo, quer acompanhando outros fadistas, “está a abrir-se um novo ciclo, novamente, em que toda a música que é feita para consumir e deitar fora está a perder lugar”. Por isso, “músicas como o fado estão a prender a atenção das pessoas”, destacou. “Acho que será mais interessante um tema que mostre perfeitamente que é portuguesa do que ser mais um tema misturado com outros temas pop”, sublinhou.
Na nossa conversa com Jorge Fernando, houve tempo para falar de outros festivais. O músico e intérprete tem três participações no Festival da Canção no currículum: A primeira em 1983 com “Rosas brancas para o meu amor”; em 1985 regressa com “Umbadá” e em 1990 com “Via Aérea”. Mas “Umbadá” não o largou mais desde 1985. “Costuma-se dizer que o povo português tem memória curta, mas esta canção veio provar exatamente o contrário”, disse a sorrir. “Ainda hoje, adolescentes, que em 1985 nem sequer eram projeto, me pedem para cantar Umbadá”(risos).
Recordemos uma homenagem feita pela RTP em 2012 a propósito desta canção:
Não ganhou o Festival de 1985, mas “Umbadá” tornou-se numa das canções mais reconhecidas e populares de sempre do Festival da Canção. Pegando nesta deixa, afirmou de imediato. “Espero que as pessoas oiçam a Beatriz e que contribuam para que ela tenha a carreira que merece”, rematou.
“Ao teu olhar”, com letra e música de Jorge Fernando para a voz de Beatriz Felício, será a 3.ª canção a ser escutada na 2.ª semifinal do Festival da Canção 2017, agendada para dia 26 de fevereiro.
“Ao teu olhar”, com letra e música de Jorge Fernando para a voz de Beatriz Felício, será a 3.ª canção a ser escutada na 2.ª semifinal do Festival da Canção 2017, agendada para dia 26 de fevereiro.
O Jorge Fernando é um SENHOR. Gostei imenso da entrevista
ResponderEliminarGosto muito do Jorge Fernando. Estou com grandes expectativas
ResponderEliminarPena nao ser um fado puro e duro. EU QUERO FADO NO FC!!!!
ResponderEliminarPartilho do mesmo sentimento. Devia ser um fado tipo Gente da minha terra. Nunca levámos um fado assim.
EliminarBom, fado canção se for do bom, como "Chuva" ou "Desfado", por exemplo, já seria excelente.
EliminarSe fosse um fado do género de qualquer uma das três canções que vocês apontaram, eu já ficaria bastante contente!!
EliminarConcordo com o titulo da noticia... infelizmente, a nível geral é o que mais se tem verificado com o passar do tempo... as pessoas não querem saber do fado e mesmo quando não conhecem muito bem este estilo de música nem se dão ao trabalho em procurar e escutar este tipo de canções e ficam-se pela ignorância...
ResponderEliminarQuanto a mim, posso dizer vos que tenho à volta da idade da Beatriz Felicio, a interprete do Jorge, e gosto de fado, não canto porque nem tenho aulas nem tenho jeito, mas é um tipo de música que apesar de ter sempre conhecido aqueles fados mais conhecidos, nunca tive grande ligação com o fado, mas há menos de 5 anos comecei a ouvir e a procurar músicas... passei a gostar,e olhar para o fado de outra maneira... até ouço na boa na rádio mesmo não conhecendo as músicas e gosto... infelizmente aquilo que tem mais acontecido e principalmente nas pessoas da minha idade é o que eu expliquei logo no inicio... tenho pena, mas pronto... ainda por cima parece (pelo menos a mim) que é o estilo mais cantado com alma e ainda para mais um estilo completamente nosso, português!
e pronto, desculpem o meu testamento, mas apeteceu-me dar o meu "testemunho".
Boa sorte à Beatriz e se for uma música excelente, votarei! ;)