Carlos Mendes, representante português no Festival Eurovisão de 1968 e 1972, revelou, recentemente, alguns pormenores das suas participações eurovisivas: "Quando vou para a Eurovisão prendem o Adriano no avião, e eu ameacei que não atuava".
No ano em que comemora 50 anos de carreira (AQUI), Carlos Mendes, arquiteto, cantor, compositor e ator português, esteve em grande destaque no Jornal i. Desde os tempos em que recebia uma "sandes e um sumo como ordenado, dado que não tinha idade para tocar em discoteca", passando pelos tempos da descoberta da música e pelos planos para sair do país, Carlos revelou alguns detalhes sobre as suas duas participações no Festival da Eurovisão.
A música apareceu cedo na sua vida, mas houve uma altura em que sentiu a necessidade de "cortar relações" com a mesma, dedicando-se totalmente aos estudos. Contudo, em 1968, Pedro Osório é o causador do reatar: "Ele estava em Engenharia, foi lá a casa e propôs-me participar no Festival, que eu achava que era uma cedência, porque era uma coisa muito reacionária (...). Lá me deu a volta e vou" afirmou, tendo confessado que a experiência poderia ter sido mais produtiva: "Ganhei e vou a Londres, mas não participei como devia. Fui curtir, faltei a um jantar importantíssimo: o Carlos do Carmo nunca mais me perdoou isso, um jantar organizado pela BBC com o Cliff Richard. Eu andava na borga, fiz aquilo muito na curtição" revelando ter rejeitado uma tournée pela Europa.
Quatro anos depois regressa ao palco europeu, tornando-se o segundo cantor português a conseguir tal proeza, depois de Simone de Oliveira: "Em 1973 já era diferente. Eu já tinha muita atividade na escola e estava no último ano" disse, confessando que tudo aconteceu por "mero acaso": "Estava aqui sentado com o pai da Ana Maria Lucas, minha ex-mulher, que me diz «Está aqui um anúncio no jornal em que sicrano e beltrano pedem um cantor para participar»" referindo-se a José Niza e a José Calvário. A escolha foi feita por "um dó li tá" calhando-lhe José Niza. A ambição da vitória apareceu ainda antes de conhecer a música:"Telefonei para ele a dizer que estava interessado e apenas aceitei ouvir a música porque dizer que não seria arrogância a mais".
No entanto, o que pouca gente sabe é que Carlos Mendes ameaçou não subir ao palco do Festival Eurovisão de 1972: "Há uma história que é muito pouco contada que é a minha ida em 1972 ao Festival da Eurovisão, quando o Adriano Correia de Oliveira é preso no avião. E eu ameaço que então não vou cantar. E aí muitas pessoas percebem que eu tenho uma posição política." revelou, tendo confirmado que foi o próprio que o fez mudar de ideias: "Ele disse «vai cantar, pá. Eu garanto que estarei na plateia e até vou lá chegar primeiro do que tu, sempre que vou viajar eles fazem-me isto». O que é certo é que quando eu cheguei a Londres ele já lá estava".
Carlos Cruz e Dinis Abreu, integrantes da comitiva portuguesa, foram essenciais no momento: "No avião está um staff enorme com gente da editora e os jornalistas, e a certa altura o avião não sai, e entra a polícia para sacar o Adriano. E o Adriano sai, e eu disse aos gajos: “Se ele não vem comigo eu não canto”. E toda a gente a tentar acalmar-me, a dizer, “calma”. Mas eu nem medi bem o que dizia, porque nunca fui preso, nem quero ser preso, mas foi uma coisa espontânea". No entanto, além de uma das melhores classificações de Portugal no evento, Carlos Mendes garante que "passamos uns tempos geniais em Edimburgo".
A inimizade com Fernando Tordo e Ary dos Santos e a posterior amizade com o cantor da Tourada, bem como a profecia de Duarte Mendes de que o "25 de Abril estava para chegar" são outros tópicos que poderá ler na entrevista na íntegra AQUI.
Fonte: jornali / Imagem: BE / Vídeos: YOUTUBE
Adriano está no mesmo avião. Prendem-no (ou tentam prendê-lo), mas, mesmo assim ele chega a Londres antes dos restantes passageiros. O Festival, recorde-se, teve lugar em Edimburgo, mas Adriano terá mostrado interesse em bater palmas na plateia em Londres. Tem razão Carlos Mendes: poucos conhecem esta história (nem Carlos Cruz, que dedica algumas páginas do seu mais recente livro a este Festival, a refere). Realmente, é isso: poucos conhecem esta história. E assim ela deveria ficar...
ResponderEliminarObrigado Esc Portugal por trazerem ca esta entrevista pois nunca leio o.jornal i. O Carlos Mendes tem uma das melhores canções de pt de sempre, Verão. O próprio prefere a festa da vida.
ResponderEliminarRespect.
ResponderEliminarEntrevista um bocado exaustiva a nivel de detalhes e tambem de linguagem(muitos "gajos",tipos"."malta")Cronologicamente tambem pouco clara.OK,Acreditemos ,que foi assim...Curiosamente do periodo anglofono,que se estendeu muito para dentro da decada de 70,NADA.Porque?Ate teve qualidade!!!
ResponderEliminarEu já ouvi na RTP o Carlos Mendes dizer que quando foi ao ESC quem ganhou foram os ABBA , enfim .
ResponderEliminar