Salomé: "Enquanto a RTVE não quiser, Espanha não voltará a vencer a Eurovisão"

A última vencedora espanhola do Festival da Eurovisão, Salomé, deixou duras críticas à atitude da RTVE para com o concurso musical, tendo abordado também a sua rivalidade com Massiel e a prestação de Edurne em Viena, numa entrevista hoje publicada.

"Aconteceu há tanto tempo que quase não me recordo" afirmou Salomé quando questionada sobre a sua vitória em Madrid, no Festival da Eurovisão 1969, sendo a última vez que Espanha singrou no concurso europeu. Com um vestido de cristal que pesava catorze quilos e com a força da sua juventude, a cantora recorda com carinho esse ponto fulcral da sua vida e carreira musical: "Senti imensa alegria. Quando somos tão jovens e temos uma experiência assim, o que sentimos é inexplicável... Ultimamente tenho-me recordado de imensa gente: pessoas que já não estão cá, pessoas que me apoiaram imenso e pessoas extremamente interessantes que conheci graças ao concurso".

As viagens que a vitória lhe proporcionou são outra das vertentes que mais recorda: "Depois da experiência na Eurovisão, apareceram contratos em toda a Europa. Já era uma artista consolidada em Espanha e com fama na América Latina, mas na Europa só tinha estado em França e Itália antes da Eurovisão. Depois de vencer, fiz uma tournée interminável por imensos países europeus... Fui uma época maravilhosa para mim".

Contudo, lamenta que mais nenhum representante espanhol tenha conseguido a sua proeza: "Basicamente, enquanto a RTVE não quiser, Espanha não voltará a vencer a Eurovisão. Se em 1970, recusou sediar a competição... Desde então foram recusas atrás de recusas. Quando a Betty Missiego foi segunda em 1979, onde a Espanha não ganhou porque a RTVE não quis, podíamos ter organizado e mesmo assim recusámos... A RTVE não quer ganhar novamente e enquanto isso continuar assim, não voltaremos a vencer".

Confrontada sobre as declarações de Massiel, que recentemente afirmou que é a única vencedora espanhola da Eurovisão, pois a "outra vitória não passou de um empate a 4", Salomé recusa-se a comentar, reavivando a sua rivalidade com a sua antecessora: "Diga o que disser, não vou comentar nada do que essa senhora disser, pois sinceramente, não me importa... Em tempos disseram-lhe que era a Agustina de Aragão e ela acreditou".

Contudo, admite a plenos pulmões que continua a acompanhar o concurso: "Acompanho todos os anos e continuo apaixonada pelo concurso. Cada vez está maior e isto deixa-me orgulhosa". Sobre a última entrada espanhola na competição, Salomé garante ter ficado indignada: "Gosto imenso da Edurne! Ela canta maravilhosamente! Mas o que aconteceu foi que o seu desempenho era demasiado estranho... Eu não a vi confortável em palco! Porque abria ela tanto as pernas? Parecia que ia começar a correr em palco... Mas independentemente disso, é uma artista de topo e de quem gosto muito".

No entanto, sobre o Objetivo Eurovisión, Salomé garante que só no direto conseguirá escolher o seu favorito: "Ainda não ouvi os temas a concurso, mas espero ficar surpreendida na gala da TVE. Conheço muito pouco deles. Vi uma vez o Xuso na televisão e da María Isabel lembro-me dela no Eurovision Junior quando era bastante pequena. O resto não conheço, mas desejo-lhes as maiores sorte do mundo. Estarei muito atenta ao programa".

Sobre os projetos atuais, Salomé admite "estar afastada do mundo da música por esse já não ser o que era". Depois de décadas de trabalho, a cantora achou "ter chegado a hora de dedicar-me a mim mesma e às minhas coisas", garantido que a música "está muito mudada e é muito difícil trabalhar nela. O mundo musical fechou-se a pessoas de negócios e as montras de música, arte e cultura são agora outros coisas... não é dado nenhum lugar ao artista! Então optei por cuidar da minha vida".

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Fonte/Imagem: OGAESpain/ Vídeo: Youtube