A representante portuguesa no Festival Eurovisão 2008, Vânia Fernandes, esteve recentemente à conversa com o ESCPortugal, onde falou dos seus primeiros anos na música, da experiência da Operação Triunfo e das recordações de Belgrado. Aceda à primeira parte da conversa de seguida.
7 anos depois de representar Portugal no Festival da Eurovisão (ESC2008), Vânia Fernandes continua a ser uma das representantes portuguesas mais recordadas pelos eurofãs nacionais e internacionais. A cantora madeirense esteve recentemente à conversa com o ESCPORTUGAL, juntamente com o seu companheiro e ex-participante da OT, Luís Sousa, tendo recordado os primeiros passos na música, a experiência no concurso televisivo e a participação em Belgrado.
"A música apareceu muito cedo na minha vida, mas nunca tive muitas oportunidades de cantar em público em criança" revelou a cantora, tendo frisado que o primeiro tema que interpretou ao vivo foi 'Chamar a Música', de Sara Tavares: "Aos 12 anos de idade entrei no 'Funchal a Cantar' e a partir daí começou uma sequência de oportunidades e de muita sorte... Aos poucos comecei a cantar regularmente aos fins-de-semana e as coisas aconteceram por si próprias: Fui uma sortuda!" Por sua vez, a música na vida de Luís Sousa apareceu mais cedo: "Aos quinze anos entrei no meio musical, num coro de gospel, mas desde muito cedo que a música apareceu. Era muito novo ainda quando disse à minha mãe que seria ser cantor ou professor e, ao fim desses anos, estou prestes a juntar as duas profissões".
Confrontos com o início da sua relação, os dois concordaram que não foi amor à primeira vista e tiveram de passar várias vezes um pelo outro. No entanto, Vânia recorda o momento em que se conheceram nos castings da Operação Triunfo: "Ele cantou uma música de John Legend, numa altura em que ainda ninguém o conhecia e eu pensei: 'Uau! Que música original incrível'. Pensei mesmo que ia ficar de fora do programa e o talento dele marcou-me...". Contudo, o namoro apareceu alguns meses depois: "Vivíamos juntos na casa da OT e fomos muitas vezes ao cinema juntos, mas só em dezembro é que começámos formalmente a namorar e apenas assumimos quando ficámos nomeados os dois! Nem contámos aos nossos pais...". No entanto, Luís Sousa afirma que se podiam ter conhecido mais cedo: "Antes de entrarmos na OT, estive numa gala da SIC, no coro de Gospel, onde a Vânia esteve para ir cantar... Estivemos no mesmo edifício no mesmo dia à mesma hora, mas não nos cruzámos".
Voltando à Operação Triunfo, a cantora madeirense afirmou que "a carga horária de trabalho na OT era demasiado elevada e ficávamos com muito pouco tempo para convivermos, mas o ambiente era fantástico entre nós". Além disso, Vânia deixa os maiores elogios ao formato: "A OT tinha a vertente escola o que para mim foi fantástico. Sempre procurei trabalhar para cuidar do meu instrumento, mas para continuar sempre a evoluir... não me veria a entrar num outro programa.". Segundo a cantora, a maioria das aprendizagens do programa não as aprenderia num Conservatório: "Aprender a estar na televisão, trabalhar com as câmaras, a consciência do nosso corpo em palco, o rigor, a roupa, os truques que aprendemos para dar efeito em TV: aprendizagens riquíssimas que o programa me deu, sem comentar a oportunidade de conhecer o Luís e de fazer amigos para a vida inteira, alguns dos quais foram comigo a Belgrado".
Para Luís, o programa foi um meio de crescimento para todos: "No início éramos 18 pessoas e algumas muito jovens. Por exemplo, eu tinha 18 anos e nunca tinha dormido fora de casa! A experiência de partilhar casa era algo meio abstrata. A convivência que tivemos foi das coisas mais interessantes da OT; o aprender a estar e a respeitar o outro foram outras das grandes aprendizagens de vida que a OT nos deu". Por sua vez, Vânia realça a dificuldade dessa vivência: "Algumas reações foram muito difíceis, pois cada um tinha a sua maneira de ser! Aquilo era a nossa família e as pessoas com quem vivíamos e a quem se entregávamos todos os dias! Foram coisas que mexeram bastante connosco, agravadas com a pressão dos programas, mas as coisas boas prevaleceram".
"Aprendi a valorizar a coragem que é preciso de ter para entregar num programa" afirmou Luís, acrescentando que "as pessoas não têm noção do que é um jovem estar numa sala de casting à frente de centenas de pessoas". Além disso, deixa um apelo aos telespetadores de outros formatos: "Muitas vezes os jovens são crucificados em praça pública por um erro ou por algo que não fizeram tão bem e as pessoas não têm noção de como isso mexe com o concorrente que acaba por sofrer horrores quando apenas queria mostrar o que valia". Vânia concordou com o companheiro e completou a sua intervenção: "É muito fácil criticar e rir dos outros no sofá... Mas é tão difícil abrir o coração, pois aquelas pessoas despem-se de tudo e metem-se numa posição vulnerável apenas para seguir os sonhos. Todas essas pessoas que tentam a sua sorte nesses concursos têm todo o meu respeito e força, pois ser vulnerável é muito mais difícil do que pôr uma capa e esconder-se".
Contudo, a situação dos programas musicais acentua-se em Portugal: "Num país como o nosso que deixa sempre as artes e a cultura para segundo planos, é muito mais difícil singrar na música. Ninguém vive sem música, mas essa é extremamente mal tratada e desprezada!" afirma Vânia Fernandes, relembrando que "até o silêncio faz parte da música". Além disso, lamenta que certos hábitos não tenham ainda sido adoptados pelos portugueses: "Não faz parte da nossa cultura ir a um concerto, mas faz ir a um jogo de futebol. Isto não é uma questão de crise nem de dinheiro, mas sim de prioridades. Nós, portugueses, somos bons em muitas coisas, mas não está no sangue dos portugueses ir a um concerto".
A segunda parte da entrevista de Vânia Fernandes e Luís Sousa ao ESCPORTUGAL será disponibilizada nos próximos dias. A entrada no Festival da Canção em 2008, a ida a Belgrado e a retirada de Portugal do concurso europeu são alguns dos temas da conversa, como poderá observar no seguinte excerto:
Para Luís, o programa foi um meio de crescimento para todos: "No início éramos 18 pessoas e algumas muito jovens. Por exemplo, eu tinha 18 anos e nunca tinha dormido fora de casa! A experiência de partilhar casa era algo meio abstrata. A convivência que tivemos foi das coisas mais interessantes da OT; o aprender a estar e a respeitar o outro foram outras das grandes aprendizagens de vida que a OT nos deu". Por sua vez, Vânia realça a dificuldade dessa vivência: "Algumas reações foram muito difíceis, pois cada um tinha a sua maneira de ser! Aquilo era a nossa família e as pessoas com quem vivíamos e a quem se entregávamos todos os dias! Foram coisas que mexeram bastante connosco, agravadas com a pressão dos programas, mas as coisas boas prevaleceram".
"Aprendi a valorizar a coragem que é preciso de ter para entregar num programa" afirmou Luís, acrescentando que "as pessoas não têm noção do que é um jovem estar numa sala de casting à frente de centenas de pessoas". Além disso, deixa um apelo aos telespetadores de outros formatos: "Muitas vezes os jovens são crucificados em praça pública por um erro ou por algo que não fizeram tão bem e as pessoas não têm noção de como isso mexe com o concorrente que acaba por sofrer horrores quando apenas queria mostrar o que valia". Vânia concordou com o companheiro e completou a sua intervenção: "É muito fácil criticar e rir dos outros no sofá... Mas é tão difícil abrir o coração, pois aquelas pessoas despem-se de tudo e metem-se numa posição vulnerável apenas para seguir os sonhos. Todas essas pessoas que tentam a sua sorte nesses concursos têm todo o meu respeito e força, pois ser vulnerável é muito mais difícil do que pôr uma capa e esconder-se".
Contudo, a situação dos programas musicais acentua-se em Portugal: "Num país como o nosso que deixa sempre as artes e a cultura para segundo planos, é muito mais difícil singrar na música. Ninguém vive sem música, mas essa é extremamente mal tratada e desprezada!" afirma Vânia Fernandes, relembrando que "até o silêncio faz parte da música". Além disso, lamenta que certos hábitos não tenham ainda sido adoptados pelos portugueses: "Não faz parte da nossa cultura ir a um concerto, mas faz ir a um jogo de futebol. Isto não é uma questão de crise nem de dinheiro, mas sim de prioridades. Nós, portugueses, somos bons em muitas coisas, mas não está no sangue dos portugueses ir a um concerto".
A segunda parte da entrevista de Vânia Fernandes e Luís Sousa ao ESCPORTUGAL será disponibilizada nos próximos dias. A entrada no Festival da Canção em 2008, a ida a Belgrado e a retirada de Portugal do concurso europeu são alguns dos temas da conversa, como poderá observar no seguinte excerto:
Entrevista a Vânia Fernandes
Vânia Fernandes, representante portuguesa no Eurovision Song Contest 2008, esteve à conversa com o ESCPORTUGAL. Quer saber a opinião da cantora sobre a retirada de Portugal do concurso? E as recordações de Belgrado? Saiba tudo este Natal em www.escportugal.pt
Publicado por ESC Portugal em Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2015
Fonte/Imagem: ESCPORTUGAL / Vídeos: ESCPORTUGAL/YOUTUBE
Ansioso pela continuação!! Excelente!!
ResponderEliminarMuito ousado afirmar q nao temos no nosso sangue o ir a concertos,Tratar-se-a de concretos e concertos,de artistas e artistas?Estou a lembrar-me dos concertos dos Carreiras,Pedro Abrunhosa,Mariza,Anamoura,Jorge Palma,Sergio Goginho,Boss AC,Adele,One Direction,Rihanna etc.etc.Ao futebol NUNCA fui...
ResponderEliminarNo meu comentario das 01:28,refiro-me a"...concertos e concertos...",bem como a,entre outros,"...Sergio Godinho..."Desculpem-me as gaffes.
EliminarConcretos e concertos? Ai tanta bebida rolou nessa noite de Natal LOL
EliminarEvangelico,eu nao celebro o Natal,a nao ser lembrando-me do homem bom,que nasceu ha 2015 anos atras.Mesmo que festejasse,ha uma serie de alimentos e bebidas,por ex.cafe,cacau,alcool,que nao posso consumir,por razoes de saude.Gostaria ,que fosse como sugeriste,seria muito bom sinal. :)
EliminarConcordo cim o RG. Fepende dos concertos. A concertos de arristas muito pouco conhecidos e quase sem musicas obvio que ninguem vai. Com muito respeito pela Vania pois adoro a voz dela e foi uma das minhas prestacoes favoritas mas e a verdade. Quanto ao futebol e verdade mas e bom as pessoas terem sido abituadas a ir ao estadio. Ja fui ver alguns jogos do FCPorto ao estadio e e uma experiencia muito boa. Mas nao e por isso que e bom estarem abituados a ir ao estadio: nos jogos da seleçao nacional as pessoas que enchem sempre o estadio e dao sempre o seu apoio incondicionalmente a selecao. Os espetaculares poucos segundos em que o povo todo canta o hino nacional no estadio que imociona toda a gente nao so em Portugal mas também no estrangeiro. Vao ao youtube e procurem por ver o hino nacional a ser cantado num estadio em Portugal. Em Portugal apesar de nao ganhar nenhum euro ou mundial, a seleçao é algo de muito respeito para as pessoas coisa que nao acontece por exemplo em França em que as pessoas apesar das vitorias têm raiva a seleçao ( e isto nao sou eu que o digo. Foi no outro dia que vi na televisao um Frances que dizia que nos nao nos apercebemos disso mas que la as pessoas têm raiva a seleçao francesa).
EliminarAdoro a Vânia. Incrivel como é que a uma voz tão poderosa como a dela, nunca mais lhe deram uma canção à altura
ResponderEliminarFenomenal!!!! Obrigado ESC PORTUGAL!
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