Dulce Pontes sobe ao palco do Teatro Aveirense e, numa chuva de aplausos, logo exclama “obrigada por terem vindo!” A cantora aparece descalça, como sempre, e da voz surge “Nu”. Um tema que faz jus à magnífica voz da cantora, que conseguiu pôr um teatro lotado em silêncio absoluto. O ESCPORTUGAL acompanhou mais este concerto da nossa Dulce.
Dulce Pontes surpreendeu tudo e todos ao fazer a sua entrada pela ala esquerda do palco, sozinha, quase que “pedindo licença” no caminho para o piano. E enquanto cantava e tocava Nu, o silêncio encheu a sala lotada do Teatro Aveirense. Assim que se apoderou do palco, onde a esperavam os seus músicos com instrumentos de percussão e de cordas, a artista viajou com esta magnífica canção que marcou o seu álbum Momentos de 2009. Seguiu-se, também ao piano, Há festa na Mouraria, tema tradicional de Alfredo Marceneiro e Gabriel de Oliveira, imortalizado por Amália Rodrigues, aqui com uma roupagem totalmente nova e erudita de autoria da própria Dulce.
Deixa o piano e dirige-se para o centro do palco, recebendo fervorosos aplausos e retribui com sopros de beijos. Aos primeiros acordes de Senhora do Almortão, o público logo a acompanha com palmas. Soam as guitarras em Nevoeiro, logo de seguida ouve-se Bailados do Minho, Fado das Horas, Meu Amor Sem Aranjuez e Júlia Galdéria.
A meio do concerto, a fadista canta Yesterday dos Beatles, aqui intitulado Anteontem, num "cover" muito seu “já que estão tanto na moda”, disse a brincar, arrancando várias gargalhadas do público, contagiado por esta interpretação bem-disposta.
Dulce Pontes não parou de dançar, visivelmente muito animada. Em Martin Codax, jogral e compositor galaico-português, traz as sonoridades das cantigas de amigo tão presentes na Idade Média em Portugal. Do gaélico, canta-se em espanhol Soy un circo, uma mescla de tradicional e popular e, depois, encurta-se a saia para cantar e sobretudo dançar Folclore. Entre canções, o público foi-lhe gritando elogios, elogios esses que serviam de mote às curiosidades que a artista ia lançando no intervalo das músicas. Mas o maior aplauso da noite foi todo para Índios da meia praia, original de Zeca Afonso, aqui cantado com todo o fulgor na terra que o viu nascer. José Afonso nasceu em 1929 em Aveiro, mais precisamente no Largo das Cinco Bicas na freguesia da Glória.
Antes do final, a esperada Canção do Mar, cantada tanto no palco como na plateia; novos e menos novos sabiam de cor uma das canções mais marcantes de toda a música portuguesa de sempre.
O concerto chegava ao fim mas o público, durante largos minutos, “obrigaram” a artista a um regresso. E, com todos em pé, cantou-se e dançou-se Laurindinha.
O ESCPORTUGAL gravou um pequeno vídeo desse momento, vídeo este que nas primeiras 24 horas foi visto mais de 25.000 vezes. Veja ou reveja o vídeo:
Depois de um longo interregno dos palcos nacionais, 2015 tem sido um ano excelente para a mais internacional das cantoras portuguesas. O próximo concerto está agendado para 11 de outubro em Havana, Cuba, mas a 17 de outubro regressa a território nacional com um concerto no Multiusos de Guimarães.
Nota de rodapé para a presença, neste concerto em Aveiro, do maestro Armindo Neves, assíduo nos anos 80 e 90 em diversos festivais da canção e que aqui esteve inseparável da sua guitarra. Um grande entre os grandes!
Fonte: ESCPORTUGAL / Imagem: ESCPORTUGAL/ Video: ESCPORTUGAL
Sem tirar meritos a Dulce Pontes,creio que a mais internacional das cantoras portuguesas e ,de longe,Mariza,seguida muito de perto por Ana Moura.Depois,sim Dulce Pontes e Sara Tavares.Mas e uma questao ,que so com dados estatisticos temporalmente extensos se poderia avaliar.
ResponderEliminarMuito antes da Mariza, já a Dulce Pontes cá e lá andava
ResponderEliminarDulce Pontes descolou para a carreira internacional em 99,Mariza em 2001 - 2002. Nao ha em termos temporais uma grande diferença a nivel de carreira internacional.Em classificaçoes em tabelas de venda de discos no estrangeiro,vai a wiki e compara estas 2 senhoras entre si e logo ves a diferença.
EliminarSabe quanto custa(quem paga?) o marketing que "fez" a Mariza? Ah, pois é...Não compare o incomparável. A Dulce é de longe a artista mais considerada internacionalmente, Quanto a quantificação as majors têm o poder na mão. nas pernas nos pés e na carteira, põem os seus "artistas" onde e quando querem. É tão visível que basta ter um olho ou ser perspicaz para ver/saber.
EliminarRG, tenho pena de ver uma pessoa que, pelos comentários que faz até parece ser inteligente e informada, agredires de uma forma brutal muitos artistas. Devias ter mais respeito e consideração, até porque sabes que eles consideram muito o escportugal. Este meu post serve para este artigo, e para muitos outros (como os comentarios que fazes no artigo da Leonor Andrade). O anonimato não pode servir para tudo.
EliminarAdmito,que para mim nao existem"intocaveis".Se fui brutal,peço desculpa por ter magoado a sensibilidade de alguem.Pessoalmente,acho que so referi factos concretos,nada mais.Cada um e livre de interpretar como quiser. :)
EliminarA partir do momento que usas o anonimato para atacar outros, isso é muito discutível e moralmente condenável.
EliminarRui,sou tao anonimo como tu.O"ataque"talvez esteja so na tua mente,ou seja como interpretas.Nao encontras uma unica palavra desrespeitosa no que escrevi.Condena moralmente,se achas que sim.Temos de volta a Santa Inquisiçao?Espero que nao...
EliminarNão se pode comparar Dulce Pontes a Mariza! Ambas diferentes. Pessoalmente sou grande apreciador da Dulce Pontes pois não faz usufruto de artifícios, marketing e interpretações sem emoção. A Dulce despe-se por completo na partilha que faz com o público. Sendo profundo conhecedor da sua carreira é necessário fazer uma correção: a sua carreira internacional começou em 1995 quando já nesse ano começou a trabalhar com o grande Maestro Ennio Morricone ( gravou num álbum ao vivo A Brisa do Coração). Logo de seguida faz parte da banda sonora denúncia filme que tem como protagonista Richard Gere (Primal Fear) e continua a ir por esse mundo fora. No álbum Caminhos de 1996 já existem muitas participações de Musicos internacionais (nomeadamente Leonardo Amuedo, músico esse que viria a ser um dos músicos base na criação do álbum O Primeiro Canto em 1999). Em 1995 já a Dulce fazia touneés pelo Japão. Efetivamente, a seguir a Amália Rodrigues é a nossa artista musical mais reconhecida e assídua internacionalmente. E já lá vão 20 anos a cantar lá fora! ;)
EliminarPessoalmente,considero o estilo de Mariza frio,calculista,mas tecnicamente perfeito a todos os niveis.Prefiro contudo por ex.Ana Moura e Sara Tavares.Internacionalmente a mais conhecida de todas estas excelentes cantoras,incluindo Dulce,e Mariza.Amalia ja nao e conhecida d quase ninguem abaixo dos 60 anos
EliminarRG, sou tão anónimo como tu, mas não uso esse "anonimato" para atacar ninguém. Uso as minhas palavras sempre pela positiva, porque ter-se o dom de cantar ou tocar um instrumento é algo de muito sublime (dom que eu infelizmente não tenho). Estes meu reparos servem até mais para comentários que faz noutros artigos
EliminarRui Ramos,aponta uma unica palavra ofensiva/insultuosa/desrespeitosa no que eu escrevi!A partir dai,e so dai,podes falar de"ataques".Posso garantir,que os "ataques" estao dentro de ti proprio,ves agressoes onde as nao ha.Mas,se te incomodo,nao leias o que escrevo,passa ao lado e segue em frente!
EliminarNo artigo da Leonor: " Este 1º CD de Leonor Andrade vai sair para quando? Bem,ela cantou no ESC em Maio,estamos em Outubro,passaram-se quase 5 meses...ja agora ,deixem passar um ano,para que o esquecimento seja TOTAL! Que ausencia de sentido da oportunidade! " Isto denota ofensa para quem está a trabalhar e, não sabes, com que apoio, sacrificio. Possivelmente nao sabes quantos artistas lançam CD's neste país.
EliminarNo artigo da Maria Lisboa: "Sera possivel alguem desejar que Portugal fosse representado no ESC por um/a artista com aquele tipo de imagem e performance?!" "Tipo" de imagem não é ofensivo??!!
Sobre a Catarina Pereira: "Concordo,na medida em que o desempenho vocal de Catarina Pereira nao passa de mediocre... "
Podia citar outros. O anonimato não devia servir para tudo
Rui,eu nao vejo nada de ofensivo ao dizer que o tipo de imagem de Maria Lisboa e o que e sempre foi,ou que Catarina Pereira tem voz mediocre.No caso de Leonor acho que estao a deixar passar o tempo sem aproveitar o momento.O sentido de ofensa esta na tua mente negativa e muito,muito melindrosa.
EliminarLOL
EliminarRui,eu retiro-me deste debate algo kafkiano,entre 2 tipos de mentalidade totalmente diferentes.Fica bem,caro amigo!
EliminarExcelente artigo. Muito elucidativo e profissional.
ResponderEliminarO video já tem mais de 27000 visualizações!!!! vocês são mesmo muito lidos (e vistos) :d
ResponderEliminarVi a Dulce Pontes no Coliseu de Lisboa no inicio deste ano e fiquei tão surpreendido que voltei a ve-la em Madrid em maio. Muitos espanhois a aplaudirem de pé a nossa Dulce. Parabéns e muitas felicidades. Gostei de ler neste artigo a presença do Armindo Neves. Adoro recordar festivais antigos onde o Armindo, a sua guitarra e as "caretas" eram fantasticas
ResponderEliminarDulce Pontes é igual a excelente (h) (h) (h)
ResponderEliminarO video é elucidativo da alegria que sao os seus concertos