A Batalha de Waterloo, travada entre a França e a coligação Reino Unido-Prússia-Holanda e que deu mote a um dos maiores sucessos do Eurovision Song Contest, aconteceu há precisamente 200 anos.
A 18 de junho de 1815, o exército de Napoleão era dizimado nos campos de Waterloo, hoje território belga, sendo muito mais que uma mera vitória de uma coligação alargada, liderada pela Prússia e pelo Reino Unido sobre a França: ela representou o fim de Napoleão e da sua era. Em Waterloo, Napoleão tentou reverter a favor de França - e também do seu ego - as perdas da batalha da Rússia e à sua decisão de partir para a ofensiva não foi alheio, bem pelo contrário, o facto de as grandes potências estarem reunidas em Viena, numa conferência que procurava redesenhar as fronteiras internas da Europa. As decisões da reunião da capital austríaca, tomadas já sem que Napoleão "contasse", acabariam por vigorar quase um século, até à eclosão da I Guerra Mundial. Diz-se que 'Waterloo foi a morte de Napoleão' mas o imperador vivera mais seis anos, exilado em Santa Helena, um quase rochedo a meio do Atlântico.
O que levou à batalha de Waterloo?
A batalha de Waterloo resulta de vários factores. Em primeiro lugar, do facto de Napoleão Bonaparte ter fugido da ilha de Elba. Napoleão estava lá desde que os aliados - Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria - o exilaram, na sequência da derrota francesa na Rússia, em 1812. Ele tinha sido colocado num sistema de quase prisão, mas conseguiu organizar umas centenas de soldados e reentrar em França, destronando o rei Luís XVIII. Deu-se, então, início ao período posteriormente designado por "governo dos 100 dias", o período em que Napoleão recuperou o poder e o título de imperador, entre os inícios de Abril e os dias da Batalha de Waterloo.
Quem é que estava de cada um dos lados?
De um lado, claro, estava o exército francês, liderado pelo próprio Napoleão Bonaparte, uma força que incorporou muitos veteranos das batalhas que tinha vencido enquanto imperador, desde o início do século até à derrota na campanha da Rússia. Do lado oposto, estava uma coligação, constituída por ingleses, prussianos, russos, belgas, holandeses, austríacos, no fundo, quase que o resto da Europa. Estavam coligados e acabaram por derrotá-lo.
O que pretendia Napoleão com esse confronto?
Pretendia, de alguma maneira, vingar-se da derrota sofrida na Rússia e, numa altura em que, no chamado Congresso de Viena, o mapa da Europa estava a ser redesenhado, recuperar território perdido pela França. No fundo, o que Napoleão pretendia era derrotar todos aqueles que eram os adversários de longa data, adversários de França, a começar pela Inglaterra, que era uma potência marítima e também já industrial. Por outro lado, no alvo de Napoleão estavam alemães, austríacos e russos, as grandes potências da Europa central. Napoleão tinha um propósito: atacar de forma muito rápida, nos meados do mês de Junho. Planeou ataques separados às forças prussianas e inglesas. Visou, primeiramente, o exército da Prússia, a sul da localidade de Waterloo, a 16 de Junho, conseguindo um aparente êxito. A para ele fatídica batalha de Waterloo dá-se dois dias depois, a 18, frente a um contingente liderado pelo Duque de Wellington.
Porque perdeu essa segunda batalha, depois de ter feito recuar as forças lideradas pelos prussianos?
A derrota de Napoleão deve-se, essencialmente, a dois factores. O primeiro é que ele não conseguiu derrotar, efectivamente, os tais dois exércitos separados. Ele consegue, num primeiro momento, afastar os prussianos, mas a 18, em Waterloo, além de enfrentar os ingleses, enfrenta também as forças da Prússia que regressam ao campo de batalha. Assim, o exército francês luta contra um exército muito maior - mais poderoso, muito mais numeroso. Por outro lado, o terreno. Naquela região da Europa, chove muito e assim aconteceu, dificultando a movimentação das tropas napoleónicas. A dado momento, Napoleão esperou que o terreno secasse, para poder investir em força, mas essa espera fez com que as tropas aliadas respondessem de uma forma maciça. Este erro de análise do Napoleão conduziu à sua derrota. Permitiu que os aliados se concentrassem e que resistissem, num primeiro momento, para, depois, derrotarem de forma concludente o exército francês.
O que mudou na Europa com este desfecho?
Esta derrota francesa representou, desde logo, o fim de Napoleão e do seu império. Foi o fim do período napoleónico. A força do exército francês já tinha sido profundamente diluída com a derrota na Rússia e Waterloo acabou por ser fatal. Mas temos de ter em consideração que esta batalha ocorre durante o Congresso de Viena, onde as várias potências europeias estavam a definir o novo quadro da Europa. A posição de fraqueza da França nessa negociação motiva a acção de Napoleão, mas a derrota em Waterloo representa a sua morte política. Ele abdica, é preso e acaba, de novo, exilado, desta vez, bem longe, a meio do Oceano Atlântico, a mais de 20 mil quilómetros de França, na ilha de Santa Helena. É uma espécie de rochedo, onde Napoleão fica, com uns poucos de criados e pessoas que cuidavam da sua subsistência, até à sua morte, em 1821. Julga-se que foi assassinado, lentamente envenenado. Com Waterloo, a França napoleónica acabou. Em Viena, as delegações presentes continuam a discutir a nova política de relacionamentos dentro da Europa e o quadro político que definem vai, no essencial, manter-se durante mais um século, até à I Guerra Mundial.
Waterloo? É uma canção dos ABBA.
Em 1974, o mundo ficou a conhecer uma banda sueca chamada ABBA, cuja vitória no certame com 'Waterloo', fez com que 'o festival da Eurovisão nunca mais fosse como dantes', como diz Tozé Brito. Não é propriamente da hecatombe napoleónica que fala a letra, que constituiu "um entre vários factores desiquilibradores a favor da canção dos Abba", diz o músico letrista e produtor. "Foi inteligente a forma como eles transpuseram a batalha de Waterloo para o campo de uma batalha pessoal, das relações pessoais, afectivas, amorosas. Foi muito inteligente", sentencia Tozé Brito."O próprio recurso ao termo 'Waterloo', que é uma referência universal, funcionou como a favor dos Abba. Se eles falassem de uma batalha sueca – ou nós de Aljubarrota – ninguém saberia de que se estava a falar. O mesmo aconteceu, uns anos depois, com uma canção de Israel, o 'Hallelujah', que é uma palavra que funciona do mesmo modo em todo o mundo", recorda o músico, que também pisou palcos - e bastidores - festivaleiros.
Se a letra foi importante para a vitória, também o foram outros factores. "Havia um modelo tradicional de canção no festival da Eurovisão e a canção dos Abba fura completamente esse modelo, não só em termos musicais, mas também pela forma como se apresentaram em placo. Ritmicamente, é uma canção bastante avançada para época", diz o ex-Quarteto 1111, reforçando: "É uma canção que veio abanar toda a estética que prevalecia nos festivais, a todos os níveis: musical, temático e a nível de apresentação em palco". "Lembro-me de que, quando ouvi a canção, achei logo que ia ganhar o festival. Estava a viver em Londres e, quando ouvi, pensei: 'É tão diferente que das duas uma: ou ganha ou é logo posta de lado'. Ganhou e ganhou bem, abrindo uma nova era: revolucionou o festival da Eurovisão, que se tornou mais alegre, visualmente mais atractivo, menos institucional", aponta. "Não é por acaso que 'Waterloo' se torna num êxito mundial, tal como os próprios Abba. Até no top dos Estados Unidos entraram, chegando a lugares destacadíssimos". Também para os próprios Abba, nada ficou igual após Brigthon 1974. "Os Abba são um caso único de uma carreira de projecção internacional lançada a partir do festival da Eurovisão", afirma Tozé Brito.
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Fonte: RadioRenascença / Imagem: eurovision.tv
Artigo tão giro!!!!
ResponderEliminarParabens Nuno,por este artigo tao extenso,mas tao bem escrito! Excelente!
ResponderEliminardesculpem, mas para mim em 1974 tinha ganho Portugal, paulo carvalho tinha a melhor musica daquele ano, portugal foi tão roubado naquele ano, aliás o ultimo lugar foi vergonhoso! mereciamos muito mais.
ResponderEliminarAliás em letra a nossa musica dava 10-0 à musica dos abba mas não cantamos em ingles, logo ninguem se importou.
concordo
Eliminarkredo, que barbaridade! Só não vê quem não quer: Waterloo é uma das grandes canções da Eurovisão. Dizer que "E depois do Adeus" foi injustamente mal classificada, tudo bem, mas dizer que é melhor que Waterloo e dava 10-0 aos ABBA, por favor...
EliminarConcordo com a Anabela. Em 74 Waterloo foi INSUPERAVEL,foi uma pedrada no charco! Para mim,Portugal devia ter sido representado em 1974 pelos Green Windows com"No dia em que o rei fez anos" ou "Imagens",nunca por Paulo de Carvalho e o chatissimo"E depois do adeus".
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