A Bósnia-Herzegovina e a Croácia são, atualmente, os únicos dois países balcânicos ocidentais fora do Eurovision Song Contest. Disfrute deste ESPECIAL e recorde connosco alguns dos momentos mais marcantes destes dois países na competição europeia.
Com uma grande parte da sua história em comum, a Bósnia-Herzegovina e a Croácia são dois paises cuja história no Eurovision Song Contest nem sempre foi idêntica. Apesar de ambos se terem estreado em 1993 e estarem atualmente de fora da competição, os rumos dos dois países desviaram-se após as primeiras participações. A Bósnia-Herzegovina contempla 18 participações no certame, com 18 presenças na Grande Final, onde o melhor resultado é o 3.º posto de 2006 e o pior é o 22.º alcançado em 1996. Por outro lado, a Croácia conta com 21 participações, mas apenas 16 presenças na Grande Final, onde o melhor resultado é o 4.º lugar conquistado em 1996 e 1999, enquanto que o pior remonta a 2007, onde alcançou o 16.º posto na semifinal.
Fique connosco e disfrute do primeiro ESPECIAL ESCPORTUGAL de 2015 conhecendo um pouco mais da história eurovisiva destes dois países:
1993 - 'Arriscámos as nossas vidas para vir mostrar ao mundo que somos pessoas normais'
Em 1993, em pleno auge da Guerra nos Balcãs, a Bósnia e Herzegovina e a Croácia, juntamente com a Eslovénia, que não estava envolvida nos conflitos armados, estreavam-se no Festival Eurovisão da Canção (ESC). Numa conferência de imprensa, um membro da delegação bósnia destacou a importância do evento para o país, revelando os riscos a que os membros da comitiva se expuseram para estar na Irlanda: 'Tivemos inúmeros problemas para vir até aqui (à Eurovisão). Nós saímos de nossas casas a meio da noite e atravessámos a pista no aeroporto a pé, receando pisar alguma mina ou sermos alvejados... Arriscámos as nossas vidas para poder vir mostrar ao mundo que somos apenas pessoas normais... Pessoas pacíficas da Bósnia-Herzegovina que só queremos viver em paz e fazer o nosso trabalho'. As declarações da comitiva da Bósnia e Herzegovina fizeram com que o interesse da imprensa internacional aumentasse, ainda mais, em torno da sua participação. No entanto, todos os membros tentaram retratar o seu país como um 'vulgar' estado europeu.
Na sua estreia, a Bósnia e Herzegovina e a Croácia levaram temas que retratavam a enorme turbulência em que estavam mergulhados. 'Sva Bol Svijeta', em português 'Dor no Mundo', era o título da entrada da Bósnia e Herzegovina, retratando a dor vivida pelos seus civis. No mesmo jeito, a Croácia levou 'Don't Ever Cry', em português 'Nunca mais chores', interpretada em inglês e croata, que contava a história de um jovem, Ivan, que havia falecido na guerra. O tema croata terminava com uma frase que ficou para a história do país: 'Don't ever cry, my Croatian Sky/Nunca mais chores, meu céu croata'.
1994 - O sentimento de luto transmitido a toda a Europa
Em 1994, a Bósnia e Herzegovina fez-se representar por Alma & Dejan com o tema 'Ostani kraj mene' que, apesar do 15.º posto alcançado, receberam a maior ovação da noite, sendo considerada por muitos uma das maiores ovações da história da competição. Tal aconteceu aquando do anúncio da comitiva do país, momentos antes do início da canção, obrigando a orquestra a esperar pelo terminus do aplauso para começar a tocar. Uma reação idêntica aconteceu durante a votação: quando a apresentadora anunciou a ligação a Sarajevo, o público reagiu de uma forma fervorosa com uma onda de aplausos, à qual a própria apresentadora se juntou, deixando a porta-voz do país, que envergava um traje negro com o intuito de transmitir o sentimento vivido pelos cidadãos bósnios, bastante emocionada e obrigando a um recomeço da apresentação dos votos do país.
1995 - Bósnia-Herzegovina marcada a sangue
1995 - Bósnia-Herzegovina marcada a sangue
Em 1995, tal como no ano anterior, aconteceu uma recepção semelhante para com a porta-voz da Bósnia e Herzegovina, que se fez representar pelo tema 'Dvadeset prvi vijek/21st Century'. O cenário contava com uma cortina que ostentava um 'XXI', escrito com o que parecia ser sangue, sendo esse símbolo visto como um lembrete do país para o Mundo para que tomasse consciência que a guerra e o derramamento de sangue continuava em território bósnio.
1996 - Oslo louva a entrada em clima de paz da Bósnia-Herzegovina
Em 1996, altura em que o país entrava num clima de paz, uma menção especial à situação do país foi feita no programa: 'Quando o presidente da Bósnia e Herzegovina diz «Boa Noite Oslo» da sua cidade desvastada pela guerra e é recebido por uma salva de palmas espontânea na sala, realmente entendemos que o Festival Eurovisão da Canção é algo mais do que um dos programas de televisão mais antigos do mundo'.
1996 - Oslo louva a entrada em clima de paz da Bósnia-Herzegovina
Em 1996, altura em que o país entrava num clima de paz, uma menção especial à situação do país foi feita no programa: 'Quando o presidente da Bósnia e Herzegovina diz «Boa Noite Oslo» da sua cidade desvastada pela guerra e é recebido por uma salva de palmas espontânea na sala, realmente entendemos que o Festival Eurovisão da Canção é algo mais do que um dos programas de televisão mais antigos do mundo'.
1999 - Croácia penalizada pela infracção das regras do concurso
Representada por Doris Dragovic e 'Marija Madgdalena', tema de amor onde a cantora promete 'pertencer' a alguém, fazendo referência aos nomes bíblicos de Maria Madalena e Deus, a Croácia conseguiu em Jerusalém a melhor classificação da sua história: 4.º posto com 118 pontos. Porém, minutos depois do final da competição, a EBU/UER recebeu uma queixa, que afirmava que a Croácia tinha infringido as regras com o uso de vozes masculinas previamente gravadas, enquanto que em palco o coro era singular e constituído por uma mulher. Apesar de dar razão aos queixosos, a organização resolveu não penalizar a participação croata na tabela classificativa oficial: o país viu reduzida a sua pontuação para 79 pontos no cálculo da média dos últimos cinco anos, cujo valor era usado para efeitos seletivos dos países a participar, devido ao fluxo de países com o intuito de participar no certame. Porém, esta redução não teve qualquer efeito nas contas croatas.
2006 - Com o favoritismo de todos os balcãs ocidentais, a Bósnia-Herzegovina conquista a sua melhor classificação
Escolhido internamente pela BHRT, Hari Mata Hari, grupo com enorme sucesso nos países balcãs, conquistou em Atenas o melhor resultado do país: 3.º posto com 229 pontos. O tema Lejla, composto por Željko Joksimović, conquistou a pontuação máxima de todos os balcãs ocidentais a concurso, mas insuficientes para alcançar as pontuações da Finlândia (292) e da Rússia (248). Na Croácia, o tema liderou as vendas durante largas semanas.
2012 - Nina Bradic anuncia uma proibição de sexo para se preparar para Baku
Devido ao baixo interesse dos cantores em participar no Dora, a emissora croata escolheu Nina Badric como representante do país, internamente. A cantora, com 39 anos na altura, que já tinha disputado o direito de representar o país por quatro ocasiões sem sucesso, anunciou uma proibição de sexo ao marido, de modo a preparar-se para a competição. 'Desta vez decidi preparar-me da melhor forma possível, como um atleta olímpico ou um boxista para a disputa de um título mundial' anunciou Nina, culminando com 'Não terei sexo nos próximos 4 meses'. As afirmações tornaram-se virais nos balcãs, tendo muitos amigos do casal vindo a público comentar a situação: 'O Bernard está com a esposa nessa luta. Ele entende o quanto isto é importante para Nina. Todos os duches frios vão valer a pena quando ela ganhar a competição'. No entanto, a participação revelou-se um fracasso: Nina Badric e o tema Nebo não conseguiram mais do que 42 pontos na segunda semifinal, o equivalente ao 12.º posto.
2012 - A crise financeira empurra a Bósnia-Herzegovina para fora do ESC
Apesar de ser um dos seis países semifinalistas que nunca falharam o apuramento, a Bósnia-Herzegovina anunciou a retirada da competição em dezembro de 2012, alegando razões financeiras. No entanto, o país mostrou interesse em regressar nas edições de 2014 e 2015, mas retirando a pré-candidatura antes do fecho das inscrições, alegando falta de patrocínios e dificuldades económicas. Maya Star e Korake Ti Znam são, até ao momento, os últimos representantes bósnios na Eurovisão, onde conquistaram a 18.ª posição com 55 pontos.
2013 - Croácia aposta no seu Património Imaterial da Humanidade: a klapa
Após falhar o apuramento para a Grande Final nas três edições anteriores, a emissora croata decidiu levar a a Malmö. Música tradicional cantada a cappella na região de Dalmácia, a klapa foi inscrita em 2012 na lista da UNESCO do Património Imaterial da Humanidade. A melodia e a harmonia são os principais elementos da música, sendo o ritmo frequentemente desprezado, enquanto que os motivos são o amor, as uvas, a sua terra natal e o mar. O grupo Klapa s Mora, formado propositadamente para a competição, foram os responsáveis por levar o estilo musical à competição europeia, defendendo o tema Mizerja, mas falhando o apuramento para a Grande Final, ao apenas conquistar o 13.º posto com 38 pontos, apesar de ser um dos dez temas mais votados pelo televoto.
klapa
klapa
2014/2015 - Croácia de fora pela crise financeira e pelos maus resultados obtidos
Após o fracasso em Malmö, a emissora HRT anunciou a 19 de setembro de 2013 que ficaria de fora da edição de 2014 do Eurovision Song Contest, justificando a retirada pela crise financeira que o país enfrentava mas afirmando que os maus resultados obtidos entre 2010 e 2013 tinham influenciado na decisão. A ausência prolonga-se atualmente, tendo a emissora anunciado que não marcará presença em Viena, mas rumores apontam para um possível regresso em 2016, representada pelo vencedor do The Voice.
Na votação, a Croácia é o país favorito da Bósnia-Herzegovina (e vice-versa)
Na hora da votação, os dois países vizinhos não se evitam na partilha de votos, tendo partilhado largas dezenas de pontos nas edições em que ambos participaram. Se tivermos em conta apenas as votações da Grande Final, a Bósnia-Herzegovina atribuiu 101 pontos à Croácia e a Croácia atribuiu 144 à Bósnia-Herzegovina, sendo os países favoritos um do outro. Em caso de incluirmos as semifinais, os números partilhados sobem: a Croácia atribuiu 178 pontos à Bósnia-Herzegovina e a Bósnia-Herzegovina atribuiu 145 pontos à Croácia, sendo que neste caso a Eslovénia torna-se o país que mais pontos deu à Croácia, com 164 pontos atribuídos.
Portugal prefere a Croácia na hora da votação
Se analisarmos as votações feitas por Portugal nas edições em que participaram os dois países, vemos que a Croácia é a preferida dos portugueses em detrimento da Bósnia-Herzegovina. A Croácia recebeu 40 pontos dos portugueses, com destaque para os 10 pontos atribuídos em 1996, sendo os restantes: 5 (1993),4 (1995), 2 (1998), 6 (1999), 1 (SF2004), 3 (SF2005), 6 (SF2008) e 3 (2008), enquanto que a Bósnia-Herzegovina apenas foi pontuado pelos portugueses em três ocasiões: 2 pontos na final de 2006 e 7 e 5 pontos nas semifinais de 2009 e 2012, respetivamente.
No sentido contrário, isto é, na hora de votar em Portugal, a Croácia também supera a Bósnia-Herzegovina, tendo-nos atribuído um total de 24 pontos, com destaque para os 10 pontos na final de 1996 e os 8 na semifinal de 2008, enquanto que os restantes são 3 pontos na final de 2008 e na semifinal de 2012. A Bósnia-Herzegovina, por sua vez, apenas nos pontuou por duas ocasiões em finais (2009 e 1996) e com a pontuação mínima, enquanto que nas semifinais nos atribuiu 3 pontos em 2009 e 2010 e 4 pontos em 2012.
Recorde, de seguida, todas as participações da Bósnia-Herzegovina e da Croácia no Eurovision Song Contest:
Esta e outras informações também no nosso Facebook. Visite já!
Fonte e Imagem: ESCPortugal/Escinsight
OMG! Não sabia dessas curiosidades sobre a Guerra na Bosnia e na Croacia... Estou parvo! :o
ResponderEliminarainda mais?!?! =))
EliminarGosto mais das canções da Bosnia. As minhas preferidas são de 2003 "Ne Brini" e de 2012 "Korake Ti Znam".
ResponderEliminarEu tambem prefiro as cançoes da Bosnia.1993, 1995, 1999, 2001 e 2012 sao as minhas favoritas, 2001 Hano -Nino Prses a nº 1.
EliminarNuno Carrilho, obrigado e parabens por MAIS UM EXCELENTE artigo feito por si!
ResponderEliminarSubscrevo o que o RG disse
EliminarPorque e que em 94 estavam de luto???
ResponderEliminarEsta um erro na noticia. A Bósnia e a Croácia não são países bálticos, mas sim países dos Balcãs. Os países bálticos são a Estónia, Letónia e Lituânia.
ResponderEliminarCaro Anónimo,
EliminarDeve estar equivocado visto que no artigo está escrito que são países balcânicos ou balcãs ocidentais e nunca bálticos!
Cumprimentos, NC
Boa resposta Nuno!
EliminarExcelente artigo!
ResponderEliminar