Depois da tragédia acontecida no Chiado, Portugal recebia no dia seguinte outra trágica notícia: a morte de Carlos Paião. Com apenas trinta anos, o compositor e cantor deixou mais de 300 temas, estando alguns deles ainda na memória de todos os portugueses.
"A amizade é o que fica depois das teias da lei. Por isso, até qualquer dia que da vossa simpatia nunca mais me esquecerei" foram palavras do cantor, que em 1981 representou Portugal na Eurovisão com o tema que criticava os cantores da época que recorriam ao playback, alguns meses antes do seu desaparecimento físico. Apenas físico, porque na memória dos portugueses, o cantor que se formou em Medicina jamais desaparecerá, como provam a quantidade de covers e sucessos que os seus temas ainda fazem nos dias de hoje, inclusive nas gerações mais jovens que acabaram por não contactar diretamente com o cantor.
Assinala-se hoje o vigésimo quinto aniversário sobre a sua morte e o ESCPortugal não quis ficar de fora da onda de homenagem à vida e carreira de um cantor único. Deste modo, durante a tarde de hoje serão colocados variados êxitos de Carlos Paião que foram cantados por ele próprio, mas também por inúmeros cantores que fizeram sucesso em Portugal.
Herman José (FC1983) - "Serafim Saudade" e "Jose Estebes"
Muitos foram os cantores que deram voz às criações de Carlos Paião, sendo que Herman José foi o que mais temas interpretou, em conjunto com Cândida Branca Flor. A célebreque nos últimos tempos fez parte da banda sonora de uma telenovela, foi composta por Paião, sendo ainda hoje um dos grandes sucessos da carreira de Herman.
A personagem Serafim Saudade, personagem criada por Herman para o programa "Hermanias", teve todo o seu reportório composto por Paião. Numa das emissões, o cantor mascarou-se de Indio Nelson e interpretou o tema "Prás Sogras que Encontrei na Vida" em dueto com Serafim Saudade, mostrando o lado humorístico que tanto o caracteriza.
Carlos Paião foi ainda o compositor do hino não oficial da Seleção Nacional de Futebol para o Mundial do México, ao qual Jose Estebes, personagem de Herman José no programa "O Tal Canal", deu a voz, contando com um coro do qual faziam parte nomes como Marco Paulo, Jorge Fernando e Vitorino.
Amália Rodrigues
A eterna rainha do Fado, Amália Rodrigues, gravou em 1981 dois temas da autoria de Carlos Paião: "O Senhor ExtraTerrestre" e o "Nosso Povo". Amália, que nessa altura sofria fortes repercussões do 25 de Abril escasseando os convites para os programas nacionais, interpretou o primeiro tema no programa "Passeio dos Alegres" de Júlio Isidro mascarada, o que segundo o apresentador foi dos maiores atos de coragem da cantora no decorrer da sua carreira.
Precocemente desaparecida, Cândida Branca Flor foi a cantora que mais colaborou com Carlos Paião, sendo a sua carreira praticamente composta apenas por temas da autoria do seu amigo. O auge da sua carreira acontece em 1982, quando defende o tema "Trocas e Baldrocas" no Festival RTP da Canção, cuja autoria pertence a Carlos Paião.
No ano seguinte, Cândida volta ao Festival RTP da Canção com o tema "Vinho do Porto (Vinho de Portugal)" em dueto com Carlos Paião, que compôs o tema. Apesar do grande sucesso do tema, acabam por ficar em quarto lugar, sendo essa a última participação de ambos no certame, como intérpretes.
Lenita Gentil (FC1971/1989)
Participou por duas ocasiões no Festival RTP da Canção, mas foi em 1982 que atingiu o auge da sua carreira com o tema "Eles foram tão longe" de autoria de Carlos Paião, sendo essa apenas uma das inúmeras músicas que Paião compôs para a cantora.
José Alberto Reis (FC1989)
No ano seguinte ao desaparecimento de Carlos Paião, José Alberto Reis sobe ao palco do Festival RTP da Canção com o tema "Palavras Cruzadas", da autoria de Carlos Paião, marcando assim a última participação do compositor no certame.
No ano seguinte ao desaparecimento de Carlos Paião, José Alberto Reis sobe ao palco do Festival RTP da Canção com o tema "Palavras Cruzadas", da autoria de Carlos Paião, marcando assim a última participação do compositor no certame.
Estes são apenas alguns dos cantores que cantaram temas de Carlos Paião, sendo que também António Mourão, Joel Branco, Nuno da Câmara Pereira, Peter Petersen, Florbela Queirós, Octávio de Matos, Alexandra, Rodrigo, Ana, Carlos Quintas, Gabriel Cardoso, Pedro Couceiro, Vasco Rafael, Luis Arriaga, Florência, Norberto de Sousa, Ana Bela Alves, Mísia, António Sala e Pedro Brito deram voz a temas de autoria de Paião.
Apesar de compor muitos temas para outros cantores, Carlos Paião reuniu em poucos anos de carreira um conjunto de êxitos que faz inveja a qualquer outro trabalhador na área musical. Um dos seus primeiros grandes sucessos foi "Playback", tema com o qual venceu o Festival RTP da Canção em 1981 e representou Portugal na Irlanda, onde conquista o antepenúltimo lugar. Contudo, o desaire eurovisivo não afecta a sua carreira e no ano seguinte lança outro dos seus grandes sucessos: "Pó de Arroz". Segue-se "Marcha do Pião das Nicas" onde volta a mostrar o seu lado humorístico, que se volta a repetir em "Zero a Zero". "O Foguete", gravado com António Sala e António Arriaga, serve de genérico ao programa homónimo transmitido em 1984 pela RTP. "Versos de Amor", "Arco Iris", "Cegonha" e "Lá Longe Senhora" são lançados nos anos seguintes, sendo os últimos temas apresentados pelo cantor antes do seu desaparecimento em 1988. Postumamente é lançado o álbum "Intervalo", que o cantor tinha preparado, onde se destaca o tema "Quando as nuvens chorarem", gravado com Dina.
Carlos Paião acreditava na vida depois da morte e dizia por várias vezes que "nunca desapareceria...só se ausentaria", o que se tem demonstrado ao longo desses 25 anos! Carlos desapareceu fisicamente, mas jamais partiu da memória dos portugueses que o elegem como um dos melhores (se não o melhor) compositor e cantor da música ligeira portuguesa! E para terminar este artigo, incompleto, pois é impossível mencionar todo o seu trabalho, deixamos o tema que Carlos Paião gravou em 1984 e que mais gerações atravessou, tornando-se no maior sucesso da sua carreira: "Cinderela".
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Fonte: ESCPortugal / Imagem: ESCPortugal/Sabado
Realmente este poeta continua presente com as suas cançoes depois de ter desaparecido para sempre. E uma saudade que se tem por ele.
ResponderEliminarRealmente este poeta continua presente com as suas cançoes depois de ter desaparecido para sempre. E uma saudade que se tem por ele.
ResponderEliminarGostei do artigo. Não recorrem ao wikipedia como outros sites
ResponderEliminarNo final dos anos 70 e inicios dos anos 80 Portugal viveu a sua fase mais criativa no ESC. Para isso contribuiu Carlos Paião, José Cid, as Doce, entre outros artistas. Nunca mais vivemos essa criatividade. A partir daí e até aos dias de hoje, as nossas canções são muito datadas e secantes
ResponderEliminarSerá sempre recordado
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