[FINAL] Resumo dos ensaios da Semifinal 1 ou a Homenagem ao vulcão islandês

O espectáculo está quase a começar e entre o dia de ontem e o de hoje, todos os participantes da primeira semifinal ensaiaram. Chegou portanto a agora a altura, depois de todos terem pisado o palco de Oslo, de um balanço e resumo do que se passou na primeira ronda se ensaios das seguintes entradas da Semifinal 1 do ESC2010: Modávia, Rússia, Estónia, Eslováquia, Finlândia, Letónia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Polónia, Bélgica, Malta, Albânia, Grécia, Portugal, Macedónia, Bielorrússia e Islândia.
Nota de redacção: Tentarei fazer um resumo isento, mas nestas coisas é sempre complicado desligar alguns gostos pessoais de música e performance do que se escreve, por isso, se acharem que o fiz, desde já as minhas desculpas.

01. MOLDÁVIA | Sunstroke Project & Olia Tira | Run Away
É uma canção eurovisiva dos tempos pós-2000, que, como todas elas, tenta marcar a diferença com algumas coisas novas, contrariando as coreografias já muito gastas deste tipo de melodias, como por um violinista a andar á volta enquanto toca e um saxofonista a fazer um quase solo ao som do ritmo, que já se conhecia da canção, e uns bailarinos a fazer “cabriolas”, tudo num fundo de luzes que variam entre o verde e o azul, comforme o momento da música.
Vocalmente, esperava-se mais e se a voz de Olia Tira não teve ou não terá dias melhores, é mais uma daquelas cantoras que funciona bem no estúdio, mas muito mal ao vivo, embora a coisa até fica abafada pelos coros, até disfarça.
No geral não é nada do que se esperou, nem nada de maravilhoso, mas talvez passe á final. Pelo menos, segundo a maior parte das sondagens lá estarão eles no dia 29 outra vez às voltas e aos saltos no palco…

02. RÚSSIA | Peter Nalitch & Friends | Lost And Forgotten
Vento, neve artifícial e pouca luz marcam a balada russa. A actuação é serena, calma, sem grandes malabarismos ou sobressaltos, até porque a melancólica balada não se presta a esse tipo de performances; é uma Rússia diferente do que estamos habituados nas últimas participações.
A voz de Peter apresenta-se afinada e constante, sem grandes coisas a apontar, mas há algo que torna a coisa estranha; a partir de determinada altura o vocalista canta a olhar para uma fotografia que tem na mão, mas não sei se resultará muito bem, porque fica a parecer que mais uma cábula do que uma foto. Depois se vê…
Não me parece que passe á final, apesar de até ter alguma força em palco que não era esperada.

03. ESTÓNIA | Malcolm Lincoln | Siren
Um cenário tão ou mais escuro no início que o da canção anterior, mas com o crescer do tema vai ganhando iluminação. Malcom tem uma voz segura, talvez por se mexer pouco, e afinada e interage bastante com a câmara durante quase toda a actuação. É acompanhado por quatro backing vocals, que serve apenas para acompanhar algumas frases do refrão e para uma quase mórbioda coreografia de vira vira, mas num sentido muito lento. Que há mais a dizer, pouco…
Na minha opinião sincera, fica-se pela semifinal.

04. ESLOVÁQUIA | Kristina Pelakova | Horehronie
Tudo começa com uma fumarada enorme em palco, num fundo em tons de verde no negro (o negro é um dos pontos mais flagrantes do palco deste ano), com 4 bailarinos vestidos quase ao estilo Ruslana (ESC2004), mas com folhagens de árvores, como que camuflados para uma noite de campo do exército, enquanto que Kristina aparece no meio deles a cantar, mal, numa desafinação que valha-lhe Deus. Depois a coisa melhora em termos vocais, mas o tema cai nos clichés de sempre, coreografia em volta, que precisa de ser ainda afinada, a cantora dá umas voltinhas quando não canta, é elevada no ar pelos bailarinos e em determinadas alturas é salva pela cantora colocada ao canto, com uma roupa que nada tem a ver com o resto da actuação, vá-se lá saber porquê, sim, porque parece que esta actuação já foi feita com as roupas de palco.
Passa à final, parece-me que vai funcionar bem na televisão, apesar de a voz não ser maravilhosa, mas também para uma música destas não é a voz que interessa mesmo.

05. FINLÂNDIA | Kuunkuiskaajat | Työlki Ellää
Se há anos em que o vendaval faz parte de quase todas as actuações, este ano é o fumo. Mais uma fumarada no início, quando há aquele cantar quase tradional só ao som do acordeão, enquanto que a outra vocalista sai de trás da que transporta o instrumento. Depois o fumo dissipa-se com, adivinhem, um ventinho nórdico, com o arrancar da canção propriamente dita, numa performance bem-disposta, tal como este ligeiro folclore é, alegre mesmo, de sorrisos rasgados, que me parece vai funcionar muito bem e talvez tornar esta canção numa das estrelas do certame.
A finalizar o ramalhete, um violino, o segundo desta semifinal, e dois cantores de retaguarda que acompanham mais com uma coreografia ligeira, simples, mas divertida, tudo num fundo azul e negro. Também actuaram com roupas que me parece serem já quase as definitivas.
Diria que já está na final, mas não me apetece arriscar dizê-lo, posso-me surpreender.

06. LETÓNIA | Aisha | What For?
Esta canção parece demorar a arrancar, numa introdução talvez loinga demais, o que por um lado torna o início muito escuro, mas na verdade também acaba por dar destaque a Aisha, o que seria bom se ela fosse vocalmente perfeita, o que não é, e aqui sente-se muito mais. Por trás de tudo novamente o negro, comum neste palco, e outra vez o azul, nesta actuação reforçados com umas cortinas azuis escuras, quase ao nível onde os 4 backing vocals se deslocam numa coreografia simples, ligeira e lenta. A realização também precisa de afinações.
Talvez passe, acho que este ano é mesmo assim, talvez…

07. SÉRVIA | Milan Stanković | Ovo Je Balkan
Esta mistura entre folclore e música pop parece bem conseguida e em palco é-o de facto. O Milan tem energia e não é ofuscado pela coreografia efectuada pelos seus quatro acompanhantes, que começam em cima de umas plataforma cortadas em semi-circulo e que, tal como o violinista da canção da Moldávia, andam à volta, o que pode dar dissabores, uma vez que como durante a actuação sobem e descem de lá, pode provocar quedas; uma das bailarinas desiquilibrou-se várias vezes. Do tecto pendem umas bolas prateadas entre as plataformas dos bailarinos.
A voz, não é nada de extraordinário, mas é afinada e a energia geral funciona. Esta está lá de caras.

08. BÓSNIA-HERZEGOVINA | Vukašin Brajić | Thunder And Lightning
Mais uma actuação que começa com uma grandessíssima fumarada, começo a achar que todos quiseram fazer uma homenagem ao vulcão islandês Eyjafjallajokull e à sua nuvem de poeiras. Vukašin vem do fundo do palco de guitarra às costas e depois da introdução da música faz um solo, enquanto que o coro, composto por quatro elementos dança numa coreografia muito simples, mas eficaz, de costas para o público. Este pop/rock bósnio funciona muito bem e a qualidade vocal do cantor é praticamente intocável ao vivo. Curiosamente, nesta actuação, que até começa escura, o palco ganha muita luz, embora seja novamente azul. Muito boa realização.
Não gostava especialmente da canção, mas é seguramente uma das melhores actuações da primeira semifinal e arrisco-lhe a passagem.

09. POLÓNIA - Marcin Mroziński – Legenda
“Legenda” arranca com o solo do vocalista sem música forte e seguro. O fundo é, novamente, negro, com panos iluminados de, novamente, azul (Outra vez arroz!). Depois as quatro bailarinas, duas de trajes típicos, duas mais modernas, executam uma dança meio típica de maçã na boca, vá-se lá saber porquê, que quando a música cresce, com as primeiras estrofes, é como que oferecida ao cantor e depois deitada fora. As meninas mais modernas avançam para uma dança contemporânea e as mais típicas ladeiam o cantor e iniciam movimentos mais tradicionais, mais ou menos uma salganhada que não me parece funcionar como o pretendido, mas talvez ainda mude. Marcin tem boa presença, uma actuação segura e limpa, e porta-se muito bem ao vivo.
A realização está bem conseguida e ajuda a dar força à canção, mesmo com aquela estranha junção entre danças…
Também era capaz de apostar que esta também vai lá.

10. BÉLGICA | Tom Dice | Me And My Guitar
Apesar do já comum negro, finalmente uma actuação com cores quentes no palco, amarelo torrado. Tom Dice inicia a canção a tocar guitarra e a interpretar o tema com sentimento e afinação vocal, filmado de vários ângulos que favorecem bastante o tema e a actuação, embora Tom interaja mais com o público do que com as cãmaras. A balada ganha mais força no refrão com a voz do coro, que está tão bem escondido no negro do palco que ninguém dá por ele.
Pouco mais há a dizer e apesar de ser uma balada bonita e bem interpretada, não lhe vejo grande futuro depois da semifinal, mas posso-me enganar (não era a primeira vez).

11. MALTA | Thea Garrett | My Dream
Primeiros acordes, tudo negro, Thea Garrett no meio do palco apenas com um foco do cimo apontado a si, embora não lhe revelando a face; o coro é também iluminado da mesma forma. Thea começa a cantar e é totalmente revelada, tal como as luzes que vão compor o palco, outra vez azuis. Refão, mais luz, branca e… outra vez fumo. Muitos sorrisos durante a interpretação, uma voz bonita, com alguns deslizes, nada de especial, principalmente para este tipo de baladas. Um bailarino surge atrás com umas asinhas de anjo, que no final são elevadas atrás da cantora, tipo cereja no topo desta actuação leve, fraca, simples demais até. O tema é bonito, mas falta-lhe a força de uma grande intérprete. Não me parece que vá longe.

12. ALBÂNIA | Juliana Pasha | It's All About You
Ao palco votam as bolas prateadas a pender de cima, as luzes voltam a variar, desta vez entre o roxo e o branco, com flashes.
O começo da música dá destaque a Juliana, numa dança algo liberal, algo planeadam, e ao violinista que a ladeia do lado direito de quem vê. A cantora sabe agarrar a canção e a música ganha força no refrão com as cantoras de apoio colocadas ao canto esquerdo do palco, embora Juliana não necessite de grande ajuda para encher o palco.
Uma música bem festivaleira do Século XXI, que com ajudas daquelas que nós sabemos, talvez passe…

13. GRÉCIA | Giorgos Alkaios & Friends | OPA
O começo parece uma aula de aeróbica com um fundo negro, com quadrados de luz amarelos e alaranjados. Georgis começa a dança com os bailarinos, até ao primeiro “Opa”, para depois ser rodeado por eles que dançam enquanto a letra avança. Fazem lembrar os que ladearam Elena Paparizou no “My number one” no ESC2005, embora mais enérgicos. No refrão o cantor volta a juntar-se à coreografia enquanto canta e a voz ressente-se um pouco, mas nada de grave. O resto da actuação é uma repetição da mesma fórmula, até ao climax antes do último refrão, em que turdo escurece e fica num azul espectral e surgem uns tambores que ao serem tocados pelo Giorgis se iluminam, para depois voltar tudo ao mesmo.
Enfim, é uma canção mediterrânica, muito grega, muito igual ao que a Grécia tem levado á Eurovisão; tanto pode resultar, como não, mas na final estará de certeza. Não acredito, mas se eles ganham, onde vão ao dinheiro para fazer o ESC2011?

14. PORTUGAL | Filipa Azevedo | Há Dias Assim
Ora Portugal… Vamos lá ver se consigo se isento.
Para começar, somos dos poucos que conseguimos fugir ao azul de fundo, temos o normal negro, mas também os rosas e roxos, com direito a umas pequenas bolas brancas pendentes, que ao serem iluminadas ficam com os mesmos tons.
A interpretação pouco mudou desde o Festival da Canção, com a nossa representante a colocar toda a emoção que a canção pede e parece estar mais segura, desapareceram a maior parte dos deslizes vocais que foram flagrantes no FC2010. Permanecem os mesmos gestos, as mesmas expressões. O coro dá bastante força á canção. Filipa Azevedo interage bastante com a câmara e a realização foca-a bastante, mas também a sala merece especial atenção.
Esta é outra das canções que me faz ter dúvidas, talvez não, se tiver efeito o esmagamento da Grécia e da Macedónia, duas canções mexidas que nos ensanduicham em que até os cantores são parecidos, mas talvez sim pela diferença que faz entre ambas. Além disso estamos na segunda metade do espectáculo…

15. MACEDÓNIA | Gjoko Taneski | Jas Ja Imam Silata
Gjoko caminha pelo palco e as três bailarinas despertam na parte de trás do palco, em cima de umas plataformas brilhantes. O fundo é negro apenas com umas luzes rasteiras verdes a iluminar. O resto é do sempre, o cantor, que até tem uma voz forte e afinada, canta no centro e as acompanhantes rodeiam-no e executam uma coreografia entre o moderno e o clássico. No fim do segundo refrão entra o rapper e o cenário muda, as luzes passam a vermelho e as bailarinas entram no hip-hop, para depois voltar tudo ao mesmo. Não é terrível, mas também não é bom, mediocre talvez…
Como já estamos habituados, com a Albânia, a Bósnia-Herzegovina e Sérvia na Mesma semifinal, ainda é capaz de passar, tal como os outros três que referi.

16. BIELORRÚSSIA | 3+2 | Butterflies
Serenidade é o que melhor caracteriza a actuação da Bielorrúsia. os cinco cantores estão estáticos nos seus lugares, frente aos micros, enquadrados num fundo com cortinas avermelhadas e alaranjadas, casando as vozes de uma forma que alguns dizem, ao vivo, arrepia. Os solos saem perfeiros, as expressões faciais também e quase que arrisco dizer que talvez venha a passar á final.
Um pormenor que quase me esquecia, os vestidos das intérpretes femininas têm umas asas de borboleta atrás que serão levantadas nas partes mais fortes da canção.

17. ISLÂNDIA | Hera Björk | Je Ne Sais Quoi
Com o que é que começa a actuação da Islãndia? Com fumo, muito fumo… Hera encontra-se ao centro, mais atrás, e tem o coro do lado direito de quem vê e duas bailarinas do lado esquerdo, mulheres de vermelho, homens de preto (parece que serão as cores usadas na semifinal). O fundo varia entre o negro e o branco, o roxo e o azul, iluminação que vai aumentando ao longo da canção; no refrão o vermelho toma conta da luz.
A intérprete tem muita garra e força, a voz é poderosa, mas a actuação no geral não faz grande juz à canção; precisava de mais movimento.
Passa, não passa? Este ano está difícil, ou são todos bons, ou o contrário.

Agradecimento: Pierre Francis / Imagens © : Eurovision.TV