[FINAL] Resumo do 6º dia de ensaios ou Onde há fumo, há fogo

Mais um dia de ensaios em Oslo, o sexto e mais alguns países da primeira e segunda, incluindo Portugal, voltaram a pisar o palco da Eurovisão para mais uns testes. Como se trata da segunda volta, voltamos a aconselhar a leitura dos textos sobre as primeiras aqui (Semifinal 1) e aqui (Semifinal 2).
Hoje, subiram ao palco: Albânia, Grécia, Portugal, Macedónia, Bielorrússia e Islândia, da primeira semifinal, e Lituânia, Arménia, Israel, Dinamarca, Suíça e Suécia, da segunda semifinal.
Nota de redacção: Tentarei fazer um resumo isento, mas nestas coisas é sempre complicado desligar alguns gostos pessoais de música e performance do que se escreve, por isso, se acharem que o fiz, desde já as minhas desculpas.

12. ALBÂNIA | Juliana Pasha | It's All About You
Mais umas fatiotas definidas, Juliana e as suas backing vocals envergam roupas em pretas com aplicações em dourado, sendo a da intérprete a mais extravagante, uma espécie de roupa da Guerra das Estrelas, calça e casaco, a fazer lembrar a que Rui Drumond usou no ESC2005, mas mais feminino e com apontamentos típicos.
As cores do palco também já estão definidas, roxo e branco em movimentos verticais, de cima para baixo, ganhando as bolas prateadas de vários tamanhos prateadas.
Juliana volta a segurar bem a canção, a mostrar bastante confiança na voz, algo que esta canção precisa, reforçada pela ajuda do coro de três elementos femininos.
O ponto alto da performance é quando, quase no final, o violinista assume o protagonismo, enquanto a intérprete se lança numa interacção directa ao mesmo, para depois explodir em mais dois refrões fortíssimos.
O único senão desta actuação até ao momento é mesmo as necessárias afinações a nível de realização.

13. GRÉCIA | Giorgos Alkaios & Friends | OPA
O começo muda um pouco, ao som de cada pancada de tambor que se ouve no início da canção, acende-se um foco sobre cada bailarina, seguindo-se o “Opa”, que dá início à coreografia já conhecida, em que Giorgos participa, embora pareça ser areia a mais para a sua camioneta, falta-lhe energia ao executá-la.
A actuação continua a parecer uma aula de aeróbica, talvez porque voltam a envergar roupas de quem está no ginásio, não sei se serão as que levarão à semifinal. O palco mantém exactamente as mesmas cores e as mesmas característica e depois dos segundos refrões ressurgem os tambores que se acendem a cada toque que Giorgos lhes dá, tudo numa escuridão quase total, embora surja um novo elemento, fogo de artifício quando este momento termina.
Arrancou muitos aplausos, mas eu pessoalmente esperava mais. Já estou um pouco farto desta fórmula segura que a Grécia utiliza quase todos os anos.

14. PORTUGAL | Filipa Azevedo | Há Dias Assim
A nossa actuação nesta segunda ronda de ensaios não podia ter mais perfeita. A Filipa Azevedo, já com o vestido branco/bege brilhante, apresentou-se bastante segura em palco e nota-se perfeitamente a evolução da interpretação de “Há dias assim” desde o Festival da Canção até agora. Ainda há alguns deslizes vocais, mas nada que tire o brilho e o tal ambiente de fantasia que se tentou dar à canção e se conseguiu. A realização é das mais bem conseguidas desta Eurovisão de Oslo e a Filipa sabe agarrar a câmara a cada passagem em sua volta, “olhando os espectadores nos olhos” por várias vezes e passando todo sentimento da canção.
Cenicamente, não há alterações, as mesmas bolas pequenas brancas iluminadas de roxo e rosas, a cor dominante no nosso palco, a não ser a vela que volta para cima do piano, embora não seja apagada como no Festival da Canção, e o vento que sopra quando a canção entra no desfecho.
Muito bom ensaio, com bastantes aplausos na sala de imprensa.

15. MACEDÓNIA | Gjoko Taneski | Jas Ja Imam Silata
Gjoko volta a caminhar pelo palco e a despertar as bailarinas adormecidas ao centro em cima de uma plataforma pateada, desta vez envergando capas brancas esvoaçantes e com capuzes, que perdem á medida que iniciam a coreografia, passando a reduzidas roupas de cabedal. O palco varia novamente em azul e negro, para depois, numa parte mais hip-hop, se tornar novamente vermelho, tal como já tinha acontecido na primeira ronda de ensaios. Tanto Gjioko como o Rapper que participa na música envergam calça e casaco, o principal de cor negra e o secundário de cor cinza. Quando no fim da canção, surge em palco um guitarrista que faz um solo roqueiro.
Boa voz, boa presença, mas uma salganhada de estilos que não me parece resultar muito bem.

16. BIELORRÚSSIA | 3+2 | Butterflies
Quase ninguém dava grande coisa por esta canção, mas a sua actuação é capaz de criar lastro na primeira semifinal, pois demonstra uma sensação de bem-estar e calma como há muito não se sentia na Eurovisão.
Tudo começa negro, com fumo, com um céu estrelado em tons de vermelho, cor igual à das cortinas pendentes que estão atrás dos cinco cantores. O piano, colocado no canto esquerdo do palco, dá os primeiros acordes da canção e o tema começa com um dos cantores, No primeiro refrão, ajudada pela grande qualidade de realização, o tema ganha uma força arrepiante pela harmonia entre as vozes. Nos últimos refrões, no desfecho mais forte, as cortinas sobrem, as luzes passam a amarelo e as asas de borboletas das cantoras abrem, enquanto caem papelinhos dourados e prateados sobre o palco.
Pouco mais há a dizer, a não ser, perfeito…

17. ISLÂNDIA | Hera Björk | Je Ne Sais Quoi
A única diferença neste ensaio cénica em relação ao da primeira ronda é que a Islândia dispensou o fumo, tudo o resto foi igual, os mesmo losangos horizontais em branco a crescer no fundo do palco, os mesmos tons azuis na parte de baixo, os mesmos vermelhos no refrão, as mesmas roupas, enfim, uma repetição quase exacta.
No que diz respeito á interpretação, Hera está mais participante, juntando-se às coreografias do coro de forma mais vincada, o que torna tudo mais adequado ao tema, contrariamente ao que foi dito no último texto.
De resto, é uma canção dance, forte, interpretada por uma voz segura e que tem uma boa aceitação. Será que chega?

Terminam aqui os ensaios dos participantes da primeira semifinal. A partir daqui seguem-se os da segunda.

01. LITUÂNIA | InCulto | East European Funk
Nem se sabe por onde começar… Na realidade, sabe-se, são os palhaços da Eurovisão de Oslo. As mudanças em relação aos ensaios da primeira ronda são muito poucas, as mesmas coreografias desconcertadas, os mesmos instrumentos de esferovite, as mesmas maluquices e o mesmo despir de calças no desfecho do tema.
Vocalmente não há grande coisa a apontar e a realização é bastante boa, mas de resto… No comments…

02. ARMÉNIA | Eva Rivas | Apricot Stone
A última vez que escrevi sobre esta actuação caracterizei-a de fraquinha para a canção, pois bem, já cá não está quem falou e é certamente uma das actuações mais compostas até ao momento.
Em termos de passos e interpretação, está tudo mais definido, a voz da Eva está mais segura e mais forte e as coreografias afinadas. Cenicamente, depois do azul e negro do início, volta o laranja no refrão, desta vez lançado por chamas no início e complementado com fogo-de-artifício a meio. Quase no final, no desfecho da canção, mais fogo-de-artifício, a concha colocada ao centro do palco lança uma espécie de árvore de flores e todos em palco ladeiam a cantora numa apoteose quase digna de musical. Perfeito.

03. ISRAEL | Harel Skaat | Milim
Mais um dos favoritos ensaia, Harel Skaat de Israel, aqui sem grandes diferenças em relação ao que vimos na primeira ronda. A mesma roupa, a mesma colocação no palco, as mesmas cores, a mesma segurança de voz, a mesma emoção nas expressões, enfim, mais uma excelente performance, mas que não trás nada de novo quando comparado ao que já se tinha visto nos primeiros ensaios. Grande ovação para o intérprete israelita.

04. DINAMARCA | Chanée & N'evergreen | In A Moment Like This
Ainda bem que Portugal está na primeira semifinal, pois a segunda é favorito atrás de favorito. A Dinamarca também subiu pela segunda vez ao palco hoje, desta vez já envergando as roupinhas que usarão na próxima quinta-feira, ela num vestido dourado com apontamentos azuis e ele com um fato azul escuro a fazer lembrar um majorete.
Mas isto hoje não foi perfeito, pois Thomas não tinha a voz nas melhores condições e houve momentos em que parecia que a ia perder. Veremos se recupera.
Outra alteração é no final, quando o ventinho nórdico sopra sobre os cantores, de mãos dadas na frente do palco, altura em que o refrão é cantado a olhar para o céu e há fogo de artifício.

05. SUÍÇA | Michael von der Heide | Il Pleut de L'Or
No caso da Suíça, como já tinham ensaiado com a roupa final, são mesmo as alterações cénicas que chama a atenção para este ensaio, num dia que parece marcado pelas chamas, tal como o primeiro foi marcado pelo fumo. Todos os refrões, altura em que o palco passa dos azuis para os dourados, chamas em leque são lançadas no centro do palco ao fundo. O final da canção tem direito a tanto fogo-de-artifício e chamas que eu nem sei como é que os vestidos esvoaçantes das meninas do coro não ardem.
A voz de Michael continua a não ser perfeita, mas até escapa…

06. SUÉCIA | Anna Bergendahl | This Is My Life
No caso da Suécia, a única coisa que mudou mesmo foi a roupa da Anna, um vestido em tons de dourado e escuro. De resto continuo a achá-la fraquinha demais para uma canção que é considerada por todos como favorita. Começa tudo com a viola, depois vem o coro para a passadeira ao fundo, Anna dá uns pulinhos, começa o vendaval sueco do costume, deve ter pedido conselhos à Carola, e pouco mais. Mesmo assim, muito boa realização…

Agradecimento: Pierre Francis / Imagens © : Eurovision.TV