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[AO VIVO] Ana Moura com Póvoa de Varzim a seus pés


O Casino da Póvoa acolheu um concerto de Ana Moura, no qual a fadista apresentou uma viagem por alguns aos mais significativos êxitos da sua carreira. O ESCPORTUGAL esteve na Póvoa de Varzim.

Ana Moura chega ao palco em penumbra a fazer lembrar as velhas casas de fado da Mouraria. Mas mesmo na sombra, o público reconhece o vulto ao entrar em cena e depressa reage com uma enorme salva de palmas. É assim que iniciamos a viagem pela carreira de Ana Moura, que se apresentou ao seu melhor nível neste espetáculo no Casino da Póvoa. Uma viagem guiada por uma voz inconfundível e por cinco músicos.

Ana Moura soube transmitir cada palavra dos poemas que cantou, na dose certa. Foi provavelmente dos concertos onde menos falou, mas mais emocionou com o seu canto, a sua linguagem corporal e o olhar que disse tanto em tantas ocasiões. “Moura encantada” tem honras de abertura. Apenas a voz de Ana Moura faz calar a sala cheia do Casino da Póvoa. Envergando um vestido longo negro, Ana Moura dirige-se ao centro do palco e começa a soltar a voz. “Ai eu” e “O meu amor foi para o Brasil” seguem-se no alinhamento. Só depois, as luzes acendem-se e outras cores enchem o palco.

Ao longo de quase duas horas, a fadista revisita, então, alguns dos temas dos seus seis álbuns de estúdio, sobretudo dos dois mais recentes “Moura” e “Desfado” - este último um verdadeiro ‘case study’ dos sucessos discográficos de Portugal, tendo em conta que está há 292 semanas no top dos álbuns mais vendidos em Portugal, representando seis discos de platina. 



Em “Fado dançado”, Ana Moura pôs literalmente todo o público a dançar e a bater palmas. Foi o primeiro aplauso efusivo. A artista faz parte de uma geração de fadistas que tem mostrado uma vertente mais dançada do fado e, gostos e preferências à parte, fá-lo muito bem. Mas eis que o silêncio se apodera novamente da sala com “Ninharia”. Depois, o clássico “Fado Magala”, celebrizado por Maria Teresa de Noronha, foi um animado passeio para a guitarra do talentoso Ângelo Freire, dono de uma excelente técnica.

"Eu tenho os melhores músicos do país!" Antes de sair de palco durante alguns minutos, a fadista deixou o público entregue ao talento dos músicos que a acompanhavam, numa performance inspirada na música tradicional Portuguesa. Pedro Soares na viola, Ângelo Freire na guitarra portuguesa, André Moreira no baixo, João Gomes nas teclas e Mário Costa na bateria, proporcionaram quase dez minutos de instrumental com direito a ovação em pé no fim. 

Ana Moura volta ao palco, com novo vestido branco, para interpretar "Manto de água", tema que originalmente é cantado em dueto com Agir. Uma entrega absoluta da fadista que mereceu outra grande salva de palmas. "Tens os Olhos de Deus", “Vou dar de beber à dor” e "Leva-me aos fados" trouxeram de volta o fado mais tradicional ao Casino e foram muito aplaudidos pela plateia. O concerto terminou em modo de festa com “Valentim” e fechou com chave de ouro com “Dia de folga”.



O público queria mais e Ana Moura regressa ao palco. Aos primeiros acordes de “Loucura” e o silêncio voltou a apoderar-se da sala. Ana Moura conseguiu, de novo, apenas com voz e guitarra, criar um clima de magia e de grande cumplicidade entre toda a equipa. Mas do silêncio para a alegria esfuziante foi um ápice: "Desfado", de autoria de Pedro da Silva Martins, encerrou o encore. A canção de 2012 fez as delícias do público nortenho que a cantaram e mostraram sabe-la de cor. 

As capacidades vocais continuam irrepreensíveis, o seu contacto com o público está melhor e mais sedutor que nunca e o reportório que esta noite apresentou na Póvoa de Varzim, é o melhor de sempre. Perante isto, o público rendeu-se por completo à voz sobrenatural e à presença magnetizante de Ana Moura.

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Fonte: ESCPORTUGAL /Imagem: ESCPORTUGAL
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