O cantautor João Afonso celebrou, no palco do Teatro Diogo Bernardes, "20 anos de Missangas", numa recordação em jeito de festa do seu primeiro disco que marcou a música portuguesa e, com o qual, afirmou a sua criatividade a par do legado musical do seu tio José Afonso. O ESCPORTUGAL esteve em Ponte de Lima, onde também conversou com o músico a propósito do convite para participar no Festival da Canção 2018.
“Confesso que estou emocionado por estar na terra da minha avó”, afirmou João Afonso quando entrou em palco, palavras que mereceram como resposta uma enorme salva de palmas. Na plateia lotada do belíssimo teatro de Ponte de Lima, estavam presentes alguns familiares do cantautor, o que tornou este concerto ainda mais especial.
Animação foi a palavra de ordem deste concerto, no qual João Afonso contou com a companhia de quatro músicos, André Sousa Machado na bateria, Miguel Amado no baixo, António Pinto e Miguel Fevereiro nas guitarras.
O que assistimos na noite do passado sábado, dia 25, foi uma revisita ao álbum “Missangas”, editado há 20 anos e agora reeditado com uma nova roupagem. Mas também algumas memórias dos seus outros álbuns “Barco Voador” (de 1999), “Zanzibar” (2002) e “Outra Vida” (2006). Juntamente com a sua banda, João Afonso foi, assim, o protagonista de um espectáculo comemorativo de duas décadas de música, que o confirmam como uma voz e um autor ímpar na canção da lusofonia. Logo no tema de abertura “Carteiro em bicicleta”, talvez o mais conhecido da sua carreira, vem-nos logo à memória a voz do seu tio, Zeca Afonso. Fazendo jus a essa semelhança, que o deve orgulhar, João cantou também dois dos seus temas mais marcantes.
Ao longo de 90 minutos, João Afonso foi passeando pelas suas raízes africanas, bem espelhadas em temas como “Morrer em Zamzibar” ou “Segredos da Cozinha”, uma “relação direta com as minhas memórias da infância e a forma como passei a fazer canções”, justificou ao público. Na plateia, estavam presentes alguns fãs e simpatizantes do cantor da vizinha Galiza. Em “Paz de Santiago”, os aplausos foram especialmente calorosos por parte de “nuestros hermanos”.
Ao longo de 90 minutos, João Afonso foi passeando pelas suas raízes africanas, bem espelhadas em temas como “Morrer em Zamzibar” ou “Segredos da Cozinha”, uma “relação direta com as minhas memórias da infância e a forma como passei a fazer canções”, justificou ao público. Na plateia, estavam presentes alguns fãs e simpatizantes do cantor da vizinha Galiza. Em “Paz de Santiago”, os aplausos foram especialmente calorosos por parte de “nuestros hermanos”.
“20 Anos de Missangas” foi, pois, um concerto de festa que pôs em palco um grupo de excelentes músicos num espectáculo especial, cheio de cumplicidades e histórias musicais de múltiplas sonoridades. E apesar dos sons africanos terem estado presentes de uma forma transversal durante toda a noite, também ficou patente o lado mais “interventivo” de algumas das suas letras. Em “Sangue bom”, por exemplo, o autor lançou um grito contra todas as descriminações. “Senti que devia assumir uma posição nessa questão”, afirmou ao ESCPORTUGAL depois do fecho do concerto. Convidado a fazer-nos um balanço desta série de concertos onde revisita o seu primeiro álbum a solo, João Afonso destaca sobretudo o “pretexto que é poder estar em palco com um conjunto de amigos para mostrar ao público os meus trabalhos, e com visitas pontuais a obra do meu tio”.
“Missangas” reuniu um conjunto “de histórias, de textos, de poemas e de memórias, fala da minha infância feliz passada em Moçambique. E depois comecei a tocar e a cantar muito influenciado por aquele lado híbrido luso-africano e que durante muito tempo me acompanhou com muitas saudades”. João destaca o trabalho de produção de Júlio Pereira. “O Júlio Pereira fez um magnífico trabalho de produção e de arranjos a partir da base que lhe levei com as canções, bastante cozinhada com guitarra e com o trabalho de vozes gravado numa bobine de fita magnética Fostex (risos)”.
Ao falar com o ESCPORTUGAL seria inevitável abordarmos o Festival da Canção de 2018, para o qual João Afonso é um dos compositores convidados pela RTP. “O convite partiu do Nuno Galopim no passado mês de setembro. Não hesitei e aceitei de imediato”. Para o músico, “o festival deu um salto em 2017 com os irmão Sobral. Foi fantástico”.
Tendo sido esta a primeira vez que foi convidado para o mítico programa da RTP, João Afonso está neste momento a estudar a voz para a canção que compôs, que tem letra de José Mós Carrapa . “A maqueta foi enviada para a RTP com a minha voz. Inicialmente, pensei numa voz feminina, mas várias pessoas pediram para ser eu mesmo o intérprete! Não sei… ainda estamos a decidir”.
O título da canção é “Anda daí”. “É um tema muito ‘a abrir’, muito ritmado, de festa”, afirma sem hesitar. “Sugere uma motivação da vida, uma pessoa não baixar os braços, não se resignar, sempre disponível para aprender e a viver! Pode ser interpretada por uma mulher ou por um homem, um ser humano que apele aos outros para que não vá ‘com a manada’, com o pensamento das unanimidades, que pense por si, que seja criativo! Um pouco um apelo à liberdade de pensamento”. A este propósito confessa: “Unanimidades a mim irritam-me solenemente”. Na equipa de autoria e produção está também o nome do arranjador Miguel Fevereiro.
‘Com que expectativas entra para o festival?’, perguntámos. “A expectativa de aceitar um desafio de participar num festival que ganhou dignidade no ultimo ano. Vi o festival o ano passado, foi brutal… não me passou pela cabeça ser convidado... mas quando o foi lembrei-me logo desse momento. É também por isso uma emoção!”.
O título da canção é “Anda daí”. “É um tema muito ‘a abrir’, muito ritmado, de festa”, afirma sem hesitar. “Sugere uma motivação da vida, uma pessoa não baixar os braços, não se resignar, sempre disponível para aprender e a viver! Pode ser interpretada por uma mulher ou por um homem, um ser humano que apele aos outros para que não vá ‘com a manada’, com o pensamento das unanimidades, que pense por si, que seja criativo! Um pouco um apelo à liberdade de pensamento”. A este propósito confessa: “Unanimidades a mim irritam-me solenemente”. Na equipa de autoria e produção está também o nome do arranjador Miguel Fevereiro.
‘Com que expectativas entra para o festival?’, perguntámos. “A expectativa de aceitar um desafio de participar num festival que ganhou dignidade no ultimo ano. Vi o festival o ano passado, foi brutal… não me passou pela cabeça ser convidado... mas quando o foi lembrei-me logo desse momento. É também por isso uma emoção!”.
Alinhamento do concerto em Ponte de Lima:
1. Carteiro em bicicleta
2. Sodoma e Gomorra
3. Estrada de Sumbe
4. Morrer em Zamzibar
5. Redondo vocábulo
6. Paz de Santiago
7. Cheiro a café
8. Canção Pitanga
9. Sangue bom
10. A sesta
11. Fugir com o cientista
12. Segredos da cozinha
13. Miguel D’je D’je
14. A grande casa branca
15. Poema Pial
16. Mariana
17. Comboio descendente
18. Canção da despedida
"Anda daí"? Hmmm, vamos ver o que sai "daí". Daquilo que li desta entrevista, fiquei com um "feeling" que poderá ser algo como a "Gente Bestial". Vamos ver... se assim for, irei gostar :)
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