O mundo eurovisivo acordou, esta manhã, com uma das maiores mudanças da história na votação do Festival da Eurovisão. Recuemos alguns anos e tentemos perceber qual seria o efeito do novo sistema nas anteriores participações portuguesas no concurso.
Implementado em 2009, o sistema de votação 50/50 tem sofrido alguns ajustes ao longo dos últimos anos. Contudo, esta manhã, a emissora sueca SVT e o organismo máximo do evento, a EBU, anunciaram uma das maiores mudanças da história do evento, com uma nova disposição dos votos na gala e que provocará um maior suspense no decorrer da votação.
Apesar de estar também em vigor nas semifinais, iremos tomar o primeiro impacto com o novo sistema na Grande Final de 14 de maio. Deste modo, depois de todas as atuações e de encerrada a votação iremos assistir à votação dos 43 países participantes, sendo que nessas votações serão atribuídos os pontos (12, 10, 8-1 pontos) de todos os jurados nacionais. No final dessa votação, os apresentadores da edição terão a missão de anunciar os pontos do televoto, isto é, será revelado o somatório de todas as votações do televoto de cada país, sendo a soma de todos os pontos dados por cada país exclusivamente pelo televoto.
Saiba mais pormenores sobre o sistema de votação AQUI.
Contudo, qual seria o impacto desse sistema nas anteriores participações de Portugal na Eurovisão?
2009: Flor de Lis seriam os candidatos mais prejudicados com a mudança do sistema
Naquele que foi o primeiro ano com o sistema de votação 50/50, sendo que o mesmo apenas foi utilizado na Grande Final, Portugal perderia com o novo sistema de votação. Com 109 pontos, 45 oriundos do televoto e 64 do júri, o grupo Flor-de-Lis conquistaria a 17.ª posição da classificação, dois lugares abaixo do resultado obtido. Israel e Croácia, 16.º e 18.º classificados no ESC2009, respetivamente, ultrapassariam o nosso país, ocupando o 15.º e o 16.º posto, respetivamente.
Em termos gerais, Malta seria o país que melhor aproveitaria a mudança de sistema, ao subir três posições, enquanto Ucrânia e Portugal seriam os mais prejudicados, ao perderem duas posições.
2010: Filipa Azevedo apurar-se-ia em 4.º lugar, mas perdia um lugar na Grande Final
Naquele que foi o último ano em que conquistámos o apuramento para a Grande Final, analisemos quais seriam as mudanças na classificação da semifinal com a alteração do sistema de votação. A nossa representante, Filipa Azevedo, terminaria a semifinal na mesma posição, 4.º lugar, com um total de 165 pontos (58 do televoto e 107 do júri). A única grande mudança no quadro da semifinal com o novo sistema de votação seria o apuramento da Finlândia em detrimento da Moldávia.
Contudo, o mesmo não aconteceria na Grande Final. Com o novo sistema de votação, Filipa Azevedo terminaria a votação com um total de 93 pontos (24 do público e 69 do júri), descendo para a 19.ª posição da geral, sendo ultrapassada pela Islândia, que alcançou o 19.º posto em Oslo.
O grande destaque com a mudança do sistema seria a subida da Roménia ao segundo lugar da tabela, bem como a subida de quatro posições pela Geórgia, terminando em 5.º lugar. Por outro lado, a Turquia desceria para a 3.ª posição, enquanto que a Bélgica seria o país mais prejudicado da mudança, ao perder o 6.º lugar e descer para a 9.ª posição.
2011: Homens da Luta continuariam na penúltima posição da semifinal
Aplicando o novo modelo de votação à primeira semifinal do Festival da Eurovisão, os representantes portugueses, os Homens da Luta, não iriam sentir qualquer alteração na sua classificação. Em vez dos 22 pontos reais obtidos, o grupo alcançaria 45 pontos (39 do público e 6 do júri), sendo insuficientes para subir na classificação, visto que o 17.º classificado conquistaria 81 pontos, mantendo o 18.º (e penúltimo) lugar, apenas à frente da candidatura polaca.
De realçar que, com o novo modelo, o Azerbaijão, vencedor da edição, venceria a semifinal, enquanto a Croácia seria o país mais prejudicado da gala ao descer duas posições.
2012: Filipa Sousa seria ultrapassada pela banda Litesound
Em Baku, Filipa Sousa, com o tema Vida Minha, alcançara para Portugal a 13.ª posição na semifinal, com 39 pontos, insuficientes para o apuramento para a Grande Final, algo que aconteceria também com o novo sistema de votação. No final de contas, a candidatura portuguesa perderia com a mudança: apesar de conquistar 86 pontos (37 do público e 49 do júri), Filipa Sousa seria ultrapassada pela candidatura bielorrussa e terminaria empata com a Bulgária, descendo então para a 14.ª posição.
A Bielorrússia seria mesmo o país mais beneficiado com a mudança, ao subir quatro posições na classificações, além de que a Croácia ocuparia o último lugar que dava acesso à Grande Final, colocando a Noruega fora do lote de finalistas.
2014: Suzy conquistaria o último lugar de acesso à Grande Final
Depois de falhar o apuramento para a Grande Final do Festival da Eurovisão 2014, Portugal ficaria a ganhar com a mudança do sistema: se a transição tivesse acontecido antes dessa edição, Suzy seria 10.ª classificada na semifinal, alcançando o apuramento para a Final. Com 89 pontos (72 do público e 17 do júri), a candidatura portuguesa ultrapassaria o tema de Valentina Monetta, alcançando o tão desejado apuramento.
São Marino, país ultrapassado por Portugal, seria o mais prejudicado com a mudança, sendo que além de perder o lugar de apuramento, desceria para a 12.ª posição. Por sua vez, a Albânia subiria para a 11.ª posição com 87 pontos (23 do televoto e 64 do júri), ficando a apenas 2 pontos do apuramento.
2015: Leonor Andrade continuaria na 15.ª posição da semifinal
A segunda semifinal do Festival da Eurovisão 2015 é o evento em que uma eventual mudança no sistema teria provocado menos alterações. Leonor Andrade, representante portuguesa em Viena, terminaria a semifinal na mesma posição, 15.º lugar, com 47 pontos (24 do público e 23 do júri). Contudo, o apuramento ficaria mais próximo para a jovem portuguesa: com a mudança do sistema, Portugal precisaria de aumentar a sua pontuação em 121% para alcançar o apuramento, enquanto que nos resultados oficiais ficara a 178%.
Azerbaijão seria o país mais prejudicado da mudança, falhando pela primeira vez o apuramento para a Grande Final, enquanto que Malta ascenderia à 9.ª posição, ultrapassando também Montenegro.
Excelente artigo. Claro e correto
ResponderEliminarEntao só perdiamos com este novo sistema :O o mesmo deve acontecer agora onde vamos ter mais dificuldades em passar para a final :O :(
ResponderEliminarCom a suzy teríamos ido à final...nem tudo era mau...
ResponderEliminarEu ontem percebi isto. As nossas canções apesar de tudo tem agradado mais ao júri que ao televoto, com exceção da Suzy, a única q verdadeiramente os fas gostaram.
ResponderEliminarMas uma coisa é certa: Sem uma boa canção e bom marketing, nao vamos la.
Um artigo obrigatório num site de Portugal. (h)
ResponderEliminarExcelente artigo. Mas, em suma (guiando-nos por estes dados), o novo sistema não vem alterar grande coisa, a não ser uma ligeira subida ou descida de dois lugares.
ResponderEliminarEu continuo sem entender la muito bem este novo sistema...
ResponderEliminarIsto nao continua a ser 50/50?? Entao supostamente nao haveria estas alterações nos resultados!
O que eu entendi é que é tudo o mesmo, mas apresentam o televoto e o juri em separado, de modo a que se saiba que e o vencedor so mesmo no fim!!
Alguem pode esclarecer me??
Não, antes a pontuação de cada país eram um combinado do júri e do televoto. Agora cada país atribuirá duas votações: uma do júri e uma do televoto, que depois se somará (ao invés de se combinar numa só pontuação).
EliminarIsto só serve para beneficiar os suecos só não vê quem não quer
ResponderEliminarOdiar a Suécia não é solução para nada ...
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