Nos últimos dias, muitas foram as personalidades que manifestaram o seu desagrado para com a não-participação da RTP na próxima edição do Eurovision Song Contest.
"Deixarem de participar é no fundo não deixar que a nossa história continue em frente e esquecer um passado. É como uma desistência de uma luta de anos e anos...". Foi com essas palavras que Nucha, representante portuguesa no Festival da Eurovisão em 1990, reagiu à notícia da desistência de Portugal do certame musical. Contudo, além da cantora de 'Sempre (Há Sempre Alguém)', muitas outras personalidades eurovisivas acederem ao convite da OGAE Portugal para darem a sua opinião sobre a retirada de Portugal do concurso.
Manuela Bravo, representante da RTP em 1979, critica duramente a estação, afirmando: "A RTP nunca quis investir a sério na Eurovisão", lamentando que "tenha investimento para algumas coisas e nunca teve a vontade de o fazer em relação a este certame", queixando-se ainda da "da falta de vontade de quem de direito deve investir na cultura". Também Suzy, representante de Portugal em 2014, revelou ter sido apanhada de surpresa com a notícia, fazendo votos para que o nosso país regresse em grande: "Faço votos que para o ano que vem Portugal regresse, com uma forte aposta, com um espírito mais competitivo, que a RTP apoie, invista realmente na canção vencedora, através da elaboração atempada de um marketing estratégico...".
Cristina Roque, participante no Festival da Canção em 1992 e 1993, descreve a desistência da RTP como uma injustiça: "Portugal é um país que participa há muitos anos, que tem muita história neste certame e, como tal, não deveria ser excluído". Por sua vez, Gerson Santos, participante no concurso da estação pública em 2012, afirma que é "uma falta de respeito para com todos os artistas portugueses" a saída de Portugal do concurso, mas lamenta a falta de visão dos responsáveis pelo evento no nosso país: "Eu pessoalmente gostaria até de ter mais oportunidades de fazer algo diferente, mas a verdade é que o FC no nosso país tornou-se algo desprezado e não vejo, quem tem poder para fazê-lo, fazer algo para mudar isso". Pedro Portas, participante em 2000 e 2012, recorda que a RTP se esqueceu da obrigação cultural que tem de "expandir a nossa música pelos portugueses na Europa e por todos os povos". A luso-francesa Madalena Trabuco recorda o "orgulho de cantar em português fora da terra dos meus parentes" e defende que sair do Festival da Eurovisão não é apenas proibir um país de participar, mas sim "proibir o resto da comunidade europeia de conhecer o nosso lindíssimo idioma". Madalena participou no festival de 2014.
Lara Afonso , participante em 2006 e 2014, recorda que "o tempo que passou, em muito prejudicou o Festival. E talvez por isso, entendo que se faça uma pausa para reflexão", manifestando o desejo que Portugal regresse em força e com tudo o que seja necessário para brilhar lá fora, porque "Portugal merece, nós os fãs merecemos e o mundo precisa de saber que aqui há música de qualidade". Participante em 2014, Ivo Lucas também lamentou a não-participação de Portugal, mas afirma que "se calhar uma paragem é benéfica para a própria RTP poder renovar a imagem do FC". Além disso, o jovem cantor defende que o público português deve "evoluir na forma como interpreta o ESC e as propostas musicais apresentadas por nós". Rui Andrade, terceiro classificado em 2011, 2012 e 2013, recebeu a notícia "com a mesma desilusão e choque como qualquer outro eurofã". Segundo o cantor e ator, não há qualquer justificação para a desistência da estação, lembrando que "quanto mais não seja, durante aqueles três minutos a Europa toda vê no seu televisor a participação do nosso país, o nosso Portugal é visto, falado, comentado e não somos esquecidos como tantas vezes acontece!". Rui defende também que haja uma mudança de estratégia em vez de "arranjarmos mil e uma desculpas para o sucedido", relembrando que "para se fazer um bom trabalho tem de se perder tempo, investigar, estudar, apostar... Portugal pode e deve alcançar muito mais".
Artur Jordão, compositor e intérprete no Festival da Canção em 2001, foi uma das vozes mais críticas para com a estação pública: "Sou fã assumido do FC e do ESC e, como é lógico, não fiquei indiferente assim que soube da notícia veiculada nas redes sociais". O compositor rejeita aceitar como justificação a ausência de fundos e falta de espaço na grelha de programação, visto que "para o futebol e compra de programas estrangeiros já há dinheiro". Além disso, exige o fim "das seleções das canções por convite direto aos compositores", tendo em conta que os temas com mais qualidade sempre foram escolhidos de forma aberta. Questiona a estação sobre a escolha dos mesmos produtores, ano após ano: "Não me digam que em Portugal inteiro só existe o Fernando Martins e o Ramon Galarza para produzir? Não acredito! Porque será que são sempre eles os escolhidos, hâ?".
Recordamos que várias iniciativas foram lançadas para fazer com que a RTP regresse à Eurovisão com outra estratégia, nomeadamente uma petição à Assembleia da República. Para saber mais e assinar leia AQUI
Fonte: OGAE PORTUGAL /Imagem: ESCPortugal
desculpem la, mas pra que que precisamos de 3 minutos num concurso europeu para divulgar a nossa lingua? que coisa mais ridicula, somos o unico pais com esse pensamento estupido.
ResponderEliminarNa hora de votar, ninguem liga a lingua e sim as musicas, os paises que cantam em ingles nao sao menos nacionalistas por o fazerem, muito pelo contrario, lutam por bons resultados, o que é ótimo para seus paises.
Nao nao somos
Eliminarainda existe iludidos que acham que em 2017 a rtp vai mudar e apostar em grande neste concurso?? em 2013 viu-se...
ResponderEliminarO Artur Jordão merece muitas (h) (h)
ResponderEliminarConfesso que não conhecia este nome mas fui pesquisar. Fiquei seu fã
"Não me digam que em Portugal inteiro só existe o Fernando Martins e o Ramon Galarza para produzir? Não acredito! Porque será que são sempre eles os escolhidos, hâ?".
ResponderEliminarAdorei!!! (h)...de facto que fazem ainda estes 2 no FC?No geral têm todos razão(E falar é fácil mas de facto pôr mãos ao trabalho...) mas alguém que avise a Madalena que o ESC já não serve para ir mostrar idiomas a lado nenhum(o objectivo do concurso não é esse embora eu até nada tenha contra cantar na própria língua se calhar devíamos tentar algo novo ).
E sim também não acredito muito nessas mudanças que querem fazer para 2017(Hello então e 2014 ñ é que ia ser??)...mas vamos ter de esperar para ver e nos queixarmos na devida altura se necessário :d
Ja antes,em 1970,2002 e 2013 a RTP voluntariamente ficou fora do ESC.Nunca antes se viu esta cadeia de reacçoes.E tempo de a RTP abdicar da atitude arrogante,que tem tido ate agora,e reconsiderar ou pelo menos reagir de alguma maneira.Ainda ha tempo para reconsiderar e participar a EBUER.
ResponderEliminarGostava de ver personalidades com carreira, discos vendidos, concertos a reagirem. Com todo o respeito por estes, mas o esc na maioria dos países é para os maiores artistas de cada país em termos de carreira e sucesso.
ResponderEliminarTem graça que no Diário de Notícias elogiam a decisão da RTP...
ResponderEliminarLamentavelmente o Diario de Noticias ja nao e o jornal serio que costumava ser,cada vez se assemelha mais ao Correio da Manha & similares.Mas e uma opiniao,como qualquer outra,com direito a exprimir-se publicamente.
Eliminarobviamente que a eurovisão serve para divulgar uma lingua. pensem, porque será que Montenegro nos últimos anos tem apostado na sua língua o montenegrino (que na realidade não é mais do que um dialecto do servo-croata), é uma forma de se afirmar internacionalmente. Na eurovisão se há uma coisa é geopolítica, mesmo em termos das línguas isso é visível, por exemplo, Israel canta, por norma, em Hebraico, e quando não canta leva musicas com cariz étnico, porque se quer diferenciar (ou afirmar como diferente) cultural, social e politicamente da Palestina/ Mundo Árabe, França canta em francês porque é uma das grandes línguas internacionais, ,,,,,,,,,,,
ResponderEliminarlevar uma língua à eurovisão é divulga-la , como é obvio.
ResponderEliminarsim sim, até parece que alguem vai querer aprender portugues porque ouviu uma porcaria de musica de portugal na eurovisao, santa paciencia para estes velhos do restelo tugas.
ResponderEliminarnão uma questão de aprender ou deixar de aprender, é uma questão de divulgação !!1
ResponderEliminarEsta eterna questao linguistica.Ha tempos um orgao internacional de cariz socio-economico(lamento nao me lembrar do nome)declarou,que as linguas que virao a ter cada vez mais importancia a nivel economico global no mundo sao o Portugues e o Russo.Claro,isto nada tem a ver com o ESC,MAS E UM FACTO!!
ResponderEliminarPessoalmente o meu interesse por linguas nordicas começou graças ao ESC.Comecei com o Noruegues,depois com o Sueco e mais tarde foi a vez do Finlandes(sendo esta a que melhor domino,apesar de nem ser lingua indo-europeia).Conheço mais casos similares,nomeadamente relacionados com o Portugues.
ResponderEliminarSerei eu o único que ao ler estas notícias sobre a saída de Portugal da Eurovisão sente isto como um sinal claro de que há interesse genuíno da RTP pelo certame em si? E servirá de alguma coisa manifestar as nossas opiniões? Vai mudar alguma coisa na mentalidade da RTP? Não me parece ... tal como todo o barulho que se faz neste pais mas que também nem move moinhos nem empurra montanhas. A nossa forma de encarar a Eurovisão não se encaixa no espírito real do concurso. Queremos promover língua e cultura, tudo muito digno, mas para que se não há interesse dos restante paises em torno disso? É uma simples questão musical ... ou a música é boa e apelativa ou não. E para isso as votações falam por si ... o que lamento é a negação em que caimos perante este cenário, como se a Eurovisão fosse a unica coca-cola do deserto. Não há outras de manifestar orgulho nacional que não envolva uma Eurovisão, que quase ninguém segue, e os pés de um jogador de futebol? Isto sim, esta falta de consciência critica cultural sobre nós mesmos, é que merece uma verdadeira reflexão. Mas imagino o trabalho que dá ... e ninguém nos paga para isso.
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